Casal do Amapá cria empresa de tijolos feitos de fibra de açaí, areia de vidro e resíduos da construção civil

Casal do Amapá cria empresa de tijolos feitos de fibra de açaí, areia de vidro e resíduos da construção civil

 Fundadores da REM Tijolo Eco, Monica Rabelo e Romulo Pereira começaram a fabricar tijolos pensando na construção da própria casa


Romulo Pereira e Monica Rabelo, fundadores da REM Tijolo Eco — Foto: Arquivo pessoal

Porto Velho, RO - Oferecer um tijolo mais sustentável é o objetivo do casal Monica Rabelo, 45 anos, e Romulo Pereira, 38, fundadores da REM Tijolo Eco, com sede em Macapá (AP). Para isso, os empreendedores reaproveitam materiais que seriam descartados, como fibra de açaí, areia de vidro e resíduos da construção civil.

No momento, a empresa produz tijolos especialmente para a fabricação de churrasqueiras, que chegam a custar R$ 1,5 mil. As vendas são feitas por mensagens na página do Instagram e no WhatsApp.

O casal se conheceu em 2016, quando Rabelo, que trabalhava vendendo salgados na rua, se mudou para a Guiana Francesa. “Foi lá que conhecemos uma fábrica que produz tijolos ecológicos de outros resíduos, especialmente argila”, diz a empreendedora em entrevista a PEGN.

Em 2019, o casal viajou para Macapá para passar as férias, mas decidiu comprar um terreno para morar permanentemente no Brasil. “Tivemos a ideia de construir uma casa de tijolos ecológicos e procuramos uma, mas só encontramos uma empresa em Manaus (AM). O custo para trazer os tijolos para cá era altíssimo. Então, compramos uma prensa manual para que nós mesmos fizéssemos os tijolos”, diz a empreendedora.

Inicialmente, os produtos eram feitos por meio de uma mistura de cimento e resíduos de um aterro sanitário.

Assim que iniciou os testes, o casal passou a ser procurado por pessoas interessadas nos tijolos para construir churrasqueiras. “Não paramos mais. Começamos a nos dedicar tanto às churrasqueiras que nem conseguimos parar para construir a nossa casa”, diz Rabelo.

Produtos da REM Tijolo Eco são utilizados para fabricar churrasqueiras — Foto: Arquivo pessoal

Em 2021, os empreendedores começaram a pensar em maneiras de agregar valor ao negócio, e passaram a fazer pesquisas para identificar formas mais naturais de produzir os tijolos. “O estado do Amapá tem muito resíduo de caroço de açaí. Quase toda quadra tem uma batedeira de açaí, e eles não têm destino — ficam a céu aberto”, afirma a empreendedora, que passou a utilizar a matéria-prima para realizar testes.

“Inicialmente triturávamos o caroço. Mas, desta maneira, o cimento não dava liga, e os tijolos ficavam com alguns furos depois de um tempo”, conta Rabelo. Então, fizeram mais testes para começar a usar a fibra do açaí.

Os empreendedores também se inscreveram em programas de capacitação do Sebrae e da Embrapa, onde conheceram fornecedores de areia de vidro e resíduos da construção civil.

Rabelo explica que os tijolos são fabricados em um sistema de hidrocura, em que o material é triturado, misturado e prensado em uma máquina. Durante sete dias, os tijolos são borrifados com água de manhã e à noite, e ficam cobertos durante o dia para não receber luz solar diretamente. Devido ao tempo de fabricação, os tijolos não são vendidos a pronta-entrega, diz a empreendedora.

Apesar de a motivação inicial do casal ter sido a construção da casa própria, a residência só começará a ser construída em abril. “Acredito que esse tenha sido um dos nossos erros, já que a nossa casa funcionaria como um showroom, que passaria muita mais credibilidade para vender os tijolos”, afirma. Até o momento, os produtos foram utilizados em pequenas obras — por exemplo, uma nova parede em uma construção já feita.

O foco da empreendedora hoje é se posicionar como uma fábrica de tijolos para construção de residências. “Quero que as pessoas conheçam pessoalmente o espaço e o negócio decole”, afirma. “Já tenho maquinário para produzir 5 mil tijolos por dia, com três pessoas trabalhando.”

Fonte: Revistapegn

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