Desmentido da ANP vira processo contra executivo da Raízen na CVM

Desmentido da ANP vira processo contra executivo da Raízen na CVM

Unidade da Raízen para produção de etanol de segunda geração — Foto: Paulo Altafin/Divulgação

Porto Velho, Rondônia - A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) está processando um diretor da Raízen depois que a Agência Nacional do Petróleo (ANP) desmentiu uma informação divulgada ao mercado pela companhia.

O acusado é Carlos Alberto Bezerra de Moura, diretor de finanças e relações com investidores da empresa. Em casos de infrações originadas por informações divulgadas pela companhia, é praxe que o acusado pela área técnica seja o diretor de RI, responsável por assinar os fatos relevantes.

O processo começou após a Raízen anunciar ao mercado, em 5 de outubro de 2023, que "iniciou as operações da nova planta de etanol de segunda geração (E2G) no Parque de Bioenergia Bonfim, na cidade de Guariba (SP)". A planta era descrita como "a maior planta de etanol celulósico do mundo" e havia recebido um investimento total de R$ 1,2 bilhão.

O problema surgiu quando, imediatamente após o anúncio, a ANP entrou em contato com a CVM para informar que "a empresa ainda não estava autorizada a produzir etanol de segunda geração e que, no momento da assinatura deste ofício, ainda se encontrava em processo de atendimento às exigências prévias da ANP necessárias ao início da produção."

Explicações

Diante da negativa, a CVM solicitou explicações à Raízen, que respondeu afirmando que "informou, de forma simples e concisa, o início da operação da nova planta de E2G, tendo em vista a conclusão das obras de construção e o início do processo de comissionamento, em que os equipamentos já se encontram em disponibilidade operacional para essa fase do processo."

"O Comunicado ao Mercado não informou o início da fase de produção, que depende de autorização da ANP, nos termos da legislação aplicável", ponderou Bezerra de Moura na ocasião.

No entanto, a abertura do processo indica que a área técnica entendeu que a explicação não foi suficiente.

O processo é do tipo sancionador — ou seja, contém uma acusação formal e será levado a julgamento, a menos que o réu proponha um acordo para encerrá-lo.

Bezerra de Moura acaba de ser formalmente citado pelo órgão e terá um prazo para apresentar sua defesa.


Fonte: O GLOBO

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