De 'durona' a 'apaixonada', Tabata constrói personagem para agradar nas redes sociais, mas campanha planeja mudanças

De 'durona' a 'apaixonada', Tabata constrói personagem para agradar nas redes sociais, mas campanha planeja mudanças

Candidata viralizou após acusar Pablo Marçal de elo com PCC em vídeo no estilo 'true crime'

A candidata do PSB em São Paulo, Tabata Amaral: deputada vê desconhecimento como obstáculo — Foto: Maria Isabel Oliveira

Porto Velho, Rondônia - A candidata do PSB à prefeitura de São Paulo, Tabata Amaral, tem construído ao longo da campanha uma personagem que mescla as imagens de combatente durona do crime, ativista política "certinha" da periferia e mulher apaixonada. Não é um perfil traçado ao acaso, mas arquitetado por marqueteiros que identificam as preferências do público digital. A análise é de que a receita que mistura “rebeldia e responsabilidade” funciona.

A campanha de Tabata passou a usar vídeos no estilo "true crime", que se assemelha a séries policiais de investigação, no dia 23 de agosto. No primeiro, a candidata está sentada com roupa preta em frente a uma mesa cheia de recortes de jornais, papéis e relatórios que expõe imagens de integrantes do PCC e aliados de Pablo Marçal. “Eu não vou permitir que a nossa cidade caia na mão dessa gente”, afirma.

Integrantes da campanha afirmam que o estereótipo mais difícil de derrubar na Tabata é de mulher “certinha” ou “jovem demais”. Antes do primeiro ‘true crime’, os vídeos de Tabata alcançavam entre 100 mil e 500 mil visualizações. Já os que trouxeram menção a Marçal ultrapassaram a casa dos milhões, ficando entre 1,2 milhão e 4,2 milhões. Vídeos com outros temas permaneceram na faixa de visualizações anterior.

A viralização dos vídeos true crime colaborou para derrubar parte dos preconceitos, deixando o eleitor unir diferentes imagens de Tabata, em uma só. Em outro vídeo, a candidata aparece em frente a uma mesa de pôquer para “explicar” o jogo político de Pablo Marçal e outros adversários, como Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL). “Com bandido, a gente não faz conchavo, nem coração, a gente faz valer a lei, a gente denuncia e bate de frente. Eu não vou deixar eles jogarem com o nosso futuro”, disse no vídeo com trilha sonora e fotografia que também se assemelham a um filme policial.

A outra face de Tabata, mais antiga, é a de cria da periferia: uma boa filha dedicada que cresceu pelos estudos. Os vídeos sobre o tema mostram Tabata andando em ruas de bairros mais pobres, ou em lajes, prometendo mudanças para educação, saúde e transporte público. A candidata foi criada na Vila Missionária, zona sul de São Paulo.

Mais recentemente, a campanha também decidiu abordar um assunto pouco mencionado pela candidata até então: o namoro com o prefeito de Recife, João Campos (PSB). Em vídeo publicado na semana passada, Tabata conta como os dois se apaixonaram e começaram o relacionamento em Brasília. O material foi gravado na casa da família de Tabata, na periferia, com elementos que levam a ideia de conforto e simplicidade, como um café sendo passado na hora.

O prefeito é herdeiro político de Eduardo Campos, de uma família rica e tradicional nordestina. A união é avaliada pela campanha como um ativo para fortalecer a imagem de candidata amorosa, que valoriza e se ocupa da vida pessoal.

Cortes de 15 segundos

Depois dos virais policialescos sobre Marçal terem tornado a candidata mais conhecida, a campanha avalia que é momento de trocar a estratégia de rede e transformar o interesse por Tabata em voto. Para isso, o modelo ‘true crime’ deve ser deixado de lado para dar lugar a uma série de vídeos curtos, de 15 segundos, com as principais propostas da candidata, além de outras denúncias contra o rival do PRTB.

As acusações não deixarão de ser feitas, já que geram engajamento. Mas o marketing da campanha avalia que são necessárias novas denúncias contra Marçal, ou ao menos que se encontre uma nova forma de contar o que já se sabe. Uma avaliação é certa na equipe da candidata, modelos virais se esgotam rápido, o sucesso da série policial chegará ao fim em breve e as redes vão pedir por novos formatos.

Para os cortes de 15 de segundos com as propostas da candidata, a ideia da campanha é direcionar parte dos conteúdos por meio de ‘dark posts’, publicações impulsionadas para públicos específicos que não aparecem na página principal do perfil. Com isso, Tabata conseguiria atingir nichos compatíveis com o tema da proposta, sem precisar encher o feed com diferentes posts.

A avaliação da campanha é que o compartilhamento posterior desses vídeos, entre usuários, tem um potencial maior do que apenas a mensagem saindo do perfil da candidata. Os vídeos de Tabata têm atingido um número de até 50 mil repasses por usuário, número considerado elevado pelos marqueteiros.


Fonte: O GLOBO

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