Mesmo em queda nas pesquisas, apresentador não pede voto nas ruas
Porto Velho, Rondônia - "Escolhe quem você acha que é melhor e vota", costuma dizer José Luiz Datena (PSDB) aos fãs que encontra nos atos de campanha, mesmo após a queda nas pesquisas de intenção de voto. Na último pesquisa Quaest, divulgada na quarta (11), o candidato foi de 12% para 8% das intenções de voto e ficou empatado de Tabata Amaral (PSB), de quem quase foi vice. A estratégia da campanha do jornalista, no entanto, aparentemente não vai mudar por enquanto.
Candidato do PSDB à prefeitura de São Paulo, ele divulgou na segunda-feira (9), durante caminhada na região da Vila Mariana, outra proposta voltada para a população mais vulnerável, a tarifa gratuita no transporte público para as famílias inscritas no Bolsa Família.
O plano é parte da fórmula quem vem sendo adotada pela equipe de Datena: propostas de fácil compreensão voltadas para o público de baixa renda. Outros exemplos são a ampliação do horário de funcionamento das Unidades Básicas de Saúde e das creches em duas horas, os mercadinhos solidários, com alimentos com preços mais acessíveis para famílias em situação de vulnerabilidade e a mais recente, da tarifa zero no transporte público paulistano para os inscritos no Bolsa Família.
O time do candidato afirma que as ideias mencionadas cabem no orçamento da prefeitura e, se todas fossem adotadas, teriam um custo estimado de R$ 4,6 bilhões de reais, o que seria equivalente a cerca de 4,2% do orçamento anual do poder municipal.
As décadas na televisão conferiram ao jornalista a atenção esperada quando caminha pela cidade. Os idosos, em especial, parecem reconhecer mais o apresentador, que atende aos pedidos de fotos enquanto grita pelo coordenador das agendas de rua da campanha tucana, Marcelo Missa, que organiza as filas de retratos com os fãs. “Missa, ô Missa!”, chama diversas vezes o apresentador, frase que já é quase um bordão entre quem está todos os dias com o candidato. Ele, por sinal, é católico e tem na foto do WhatsApp uma imagem de Nossa Senhora.
Os admiradores que o candidato encontra, no entanto, podem nem sempre ser convertidos em eleitores. Nas ruas os militantes tucanos correm para distribuir panfletos ou oferecer os adesivos com o número 45, que o candidato raramente cola na roupa durante as aparições.
— Vota em você quem quer votar, quem confia em você — diz Datena, que afirma que recebeu pedidos para adotar mais a postura de candidato ‘tradicional’ e pedir votos pelas ruas, o que foi ignorado. — Não vou mudar nada — responde.
No dia a dia da corrida eleitoral, quem não conhecia o apresentador pessoalmente anteriormente descreve que, no privado, ele se porta da mesma forma como agia na frente das câmeras da Band, sem papas na língua e dono de uma "personalidade forte".
Em uma agenda no Mercado de Pinheiros no fim de agosto, por exemplo, não escondeu o descontentamento ao descer do carro e encontrar o local praticamente vazio. “Vocês estão de brincadeira?”, disse ele irritado para os membros da campanha.
Na terça-feira (10), outro compromisso não saiu como esperado. Pela manhã o comunicador foi ao jornal Folha de S.Paulo, que fica na região central e, depois da visita, emendou uma caminhada pela Rua General Osório, também no Centro, conhecida como 'Rua das Motos', em um compromisso que divulgaria o programa Remédio em Casa, voltado para a entrega de medicações no domicílio da população vulnerável.
A ideia era associar o público que frequenta a região, os motoqueiros, com o programa, já que as entregas dos remédios seriam feitas em duas rodas. A proposta foi mencionada, mas o tucano acabou hostilizado por um lojista por conta de reportagens que fez sobre as suspeitas de venda de peças roubadas naquela área. Houve discussão e o compromisso terminou com Datena no meio de um bate-boca. Sem papas na língua, como dizem.
— Você me chamou de ladrão na televisão! — disse o comerciante.
— E você não é? — questionou o candidato, já entrando no carro. — Quando você combate uma doença, sempre aparece alguém — comentou Datena em seguida. Xingado, entrou no carro devolvendo as ofensas.
— Vai se f…. você seu filho da p… — disse o apresentador, antes de ir embora.
Os compromissos públicos da campanha tem sido idealizados e organizados em um trabalho conjunto dos membros do PSDB e dos marqueteiros da candidatura.
Apesar de comunicador, Datena enfrenta dificuldades para explicar de forma clara as propostas do plano de governo. Mesmo assim os tucanos têm deixado o candidato livre para conduzir o discurso da maneira que achar mais adequada, ainda que com os eventuais deslizes, como a performance no primeiro debate televisivo, em que o candidato reconheceu que teve uma participação aquém do esperado e chegou a pedir desculpas internamente.
A candidatura, ultimamente, tem lidado também boatos de integrantes que já deixaram o ninho do PSDB. O ex-dirigente municipal da sigla, Fernando Alfredo, espalhou na semana passada um vídeo em que afirmava que “Dapena”, como ele tem se referido ao jornalista de forma pejorativa, iria desistir da candidatura.
Alfredo foi quem organizou um protesto durante a convenção partidária realizada na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), no fim de julho, que oficializou a candidatura de Datena pelo PSDB. Apoiador de Ricardo Nunes (MDB), o ex-dirigente defendeu o apoio dos tucanos ao atual mandatário. Ele atua no momento na candidatura a vereador do ex-secretário municipal de Urbanismo das gestões Bruno Covas e Nunes, Cesar Azevedo, do União Brasil, e acabou expulso do PSDB.
No dia que Alfredo espalhou o vídeo que ventilava uma suposta desistência da candidatura o apresentador passou o dia realizando exames no Hospital Sírio-Libanês, cancelou agenda no centro da cidade e uma sabatina que faria para o jornal Folha de S.Paulo. A direção do PSDB negou que Datena estivesse em tratativas para abandonar a candidatura.
Ao sair do hospital, conversou com a imprensa e disse que deve passar por uma nova cirurgia no coração após as eleições. Ele já passou por seis cateterismos no coração e também enfrenta diabetes, tema que gosta de mencionar nas interações com o eleitorado.
— O ritmo de campanha é muito pesado — disse ao sair do hospital. Um dia depois voltou com a agenda pelas ruas. O ritmo, no entanto, tem sido reduzido se comparado com a agenda dos adversários. Os compromissos públicos aos finais de semana são raros.
Nos dias úteis, quase sempre entre 10h e 11h, o candidato chega ao local combinado de óculos escuros. Gosta de grifes de luxo, com destaque para Louis Vuitton. Deseja bom dia, caminha por alguns minutos e, ao final, fala com a imprensa, com quem parece se sentir nostálgico e relembra os tempos em que era repórter de rua. A televisão também parece fazer falta. Durante agenda no Hospital São Paulo, na Zona Sul, mencionou que considera injusto que teve que deixar as telinhas para lançar a campanha enquanto Marçal não foi obrigado a abrir mão das redes sociais.
Cúpula tucana ainda está esperançosa
A queda nas intenções de voto nas pesquisas recentes também não parece ter desanimado o comando do PSDB com a candidatura de Datena. Durante reunião online que ocorreu na terça (10) o jornalista conversou com o presidente do partido, Marconi Perillo, e o deputado federal Aécio Neves.
O trio avalia que ainda há condição de virada e que a eleição paulistana ainda está em aberto. Datena se mostrou animado para seguir até o fim da disputa e os dois caciques, que mantêm canal aberto com o jornalista, disseram acreditar que o PSDB ainda tem chance no páreo que, até o momento, está com a liderança embolada entre Guilherme Boulos (PSOL), Ricardo Nunes e Pablo Marçal (PRTB).
— Já estive em primeiro (nas pesquisas) e posso voltar pra esta posição — diz o apresentador, após a última pesquisa Quaest voltar a mostrar queda nas intenções de voto.
Fonte: O GLOBO
Datena na TV Gazeta antes de debate que foi realizado em setembro — Foto: Edilson Dantas/ O Globo
Candidato do PSDB à prefeitura de São Paulo, ele divulgou na segunda-feira (9), durante caminhada na região da Vila Mariana, outra proposta voltada para a população mais vulnerável, a tarifa gratuita no transporte público para as famílias inscritas no Bolsa Família.
O plano é parte da fórmula quem vem sendo adotada pela equipe de Datena: propostas de fácil compreensão voltadas para o público de baixa renda. Outros exemplos são a ampliação do horário de funcionamento das Unidades Básicas de Saúde e das creches em duas horas, os mercadinhos solidários, com alimentos com preços mais acessíveis para famílias em situação de vulnerabilidade e a mais recente, da tarifa zero no transporte público paulistano para os inscritos no Bolsa Família.
O time do candidato afirma que as ideias mencionadas cabem no orçamento da prefeitura e, se todas fossem adotadas, teriam um custo estimado de R$ 4,6 bilhões de reais, o que seria equivalente a cerca de 4,2% do orçamento anual do poder municipal.
As décadas na televisão conferiram ao jornalista a atenção esperada quando caminha pela cidade. Os idosos, em especial, parecem reconhecer mais o apresentador, que atende aos pedidos de fotos enquanto grita pelo coordenador das agendas de rua da campanha tucana, Marcelo Missa, que organiza as filas de retratos com os fãs. “Missa, ô Missa!”, chama diversas vezes o apresentador, frase que já é quase um bordão entre quem está todos os dias com o candidato. Ele, por sinal, é católico e tem na foto do WhatsApp uma imagem de Nossa Senhora.
Os admiradores que o candidato encontra, no entanto, podem nem sempre ser convertidos em eleitores. Nas ruas os militantes tucanos correm para distribuir panfletos ou oferecer os adesivos com o número 45, que o candidato raramente cola na roupa durante as aparições.
— Vota em você quem quer votar, quem confia em você — diz Datena, que afirma que recebeu pedidos para adotar mais a postura de candidato ‘tradicional’ e pedir votos pelas ruas, o que foi ignorado. — Não vou mudar nada — responde.
No dia a dia da corrida eleitoral, quem não conhecia o apresentador pessoalmente anteriormente descreve que, no privado, ele se porta da mesma forma como agia na frente das câmeras da Band, sem papas na língua e dono de uma "personalidade forte".
Em uma agenda no Mercado de Pinheiros no fim de agosto, por exemplo, não escondeu o descontentamento ao descer do carro e encontrar o local praticamente vazio. “Vocês estão de brincadeira?”, disse ele irritado para os membros da campanha.
Na terça-feira (10), outro compromisso não saiu como esperado. Pela manhã o comunicador foi ao jornal Folha de S.Paulo, que fica na região central e, depois da visita, emendou uma caminhada pela Rua General Osório, também no Centro, conhecida como 'Rua das Motos', em um compromisso que divulgaria o programa Remédio em Casa, voltado para a entrega de medicações no domicílio da população vulnerável.
A ideia era associar o público que frequenta a região, os motoqueiros, com o programa, já que as entregas dos remédios seriam feitas em duas rodas. A proposta foi mencionada, mas o tucano acabou hostilizado por um lojista por conta de reportagens que fez sobre as suspeitas de venda de peças roubadas naquela área. Houve discussão e o compromisso terminou com Datena no meio de um bate-boca. Sem papas na língua, como dizem.
— Você me chamou de ladrão na televisão! — disse o comerciante.
— E você não é? — questionou o candidato, já entrando no carro. — Quando você combate uma doença, sempre aparece alguém — comentou Datena em seguida. Xingado, entrou no carro devolvendo as ofensas.
— Vai se f…. você seu filho da p… — disse o apresentador, antes de ir embora.
Os compromissos públicos da campanha tem sido idealizados e organizados em um trabalho conjunto dos membros do PSDB e dos marqueteiros da candidatura.
Apesar de comunicador, Datena enfrenta dificuldades para explicar de forma clara as propostas do plano de governo. Mesmo assim os tucanos têm deixado o candidato livre para conduzir o discurso da maneira que achar mais adequada, ainda que com os eventuais deslizes, como a performance no primeiro debate televisivo, em que o candidato reconheceu que teve uma participação aquém do esperado e chegou a pedir desculpas internamente.
A candidatura, ultimamente, tem lidado também boatos de integrantes que já deixaram o ninho do PSDB. O ex-dirigente municipal da sigla, Fernando Alfredo, espalhou na semana passada um vídeo em que afirmava que “Dapena”, como ele tem se referido ao jornalista de forma pejorativa, iria desistir da candidatura.
Alfredo foi quem organizou um protesto durante a convenção partidária realizada na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), no fim de julho, que oficializou a candidatura de Datena pelo PSDB. Apoiador de Ricardo Nunes (MDB), o ex-dirigente defendeu o apoio dos tucanos ao atual mandatário. Ele atua no momento na candidatura a vereador do ex-secretário municipal de Urbanismo das gestões Bruno Covas e Nunes, Cesar Azevedo, do União Brasil, e acabou expulso do PSDB.
No dia que Alfredo espalhou o vídeo que ventilava uma suposta desistência da candidatura o apresentador passou o dia realizando exames no Hospital Sírio-Libanês, cancelou agenda no centro da cidade e uma sabatina que faria para o jornal Folha de S.Paulo. A direção do PSDB negou que Datena estivesse em tratativas para abandonar a candidatura.
Ao sair do hospital, conversou com a imprensa e disse que deve passar por uma nova cirurgia no coração após as eleições. Ele já passou por seis cateterismos no coração e também enfrenta diabetes, tema que gosta de mencionar nas interações com o eleitorado.
— O ritmo de campanha é muito pesado — disse ao sair do hospital. Um dia depois voltou com a agenda pelas ruas. O ritmo, no entanto, tem sido reduzido se comparado com a agenda dos adversários. Os compromissos públicos aos finais de semana são raros.
Nos dias úteis, quase sempre entre 10h e 11h, o candidato chega ao local combinado de óculos escuros. Gosta de grifes de luxo, com destaque para Louis Vuitton. Deseja bom dia, caminha por alguns minutos e, ao final, fala com a imprensa, com quem parece se sentir nostálgico e relembra os tempos em que era repórter de rua. A televisão também parece fazer falta. Durante agenda no Hospital São Paulo, na Zona Sul, mencionou que considera injusto que teve que deixar as telinhas para lançar a campanha enquanto Marçal não foi obrigado a abrir mão das redes sociais.
Cúpula tucana ainda está esperançosa
A queda nas intenções de voto nas pesquisas recentes também não parece ter desanimado o comando do PSDB com a candidatura de Datena. Durante reunião online que ocorreu na terça (10) o jornalista conversou com o presidente do partido, Marconi Perillo, e o deputado federal Aécio Neves.
O trio avalia que ainda há condição de virada e que a eleição paulistana ainda está em aberto. Datena se mostrou animado para seguir até o fim da disputa e os dois caciques, que mantêm canal aberto com o jornalista, disseram acreditar que o PSDB ainda tem chance no páreo que, até o momento, está com a liderança embolada entre Guilherme Boulos (PSOL), Ricardo Nunes e Pablo Marçal (PRTB).
— Já estive em primeiro (nas pesquisas) e posso voltar pra esta posição — diz o apresentador, após a última pesquisa Quaest voltar a mostrar queda nas intenções de voto.
Fonte: O GLOBO
Tags:
POLÍTICA