Obtidas pelo GLOBO, imagens da câmera de segurança do museu mostram um jovem furtando e fumando a peça de valor inestimável
Porto Velho, Rondônia - Desde o dia 25 de julho, quando um cachimbo indígena pré-colonial foi furtado do museu SESI Lab, em Brasília, que a Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol) e a Polícia Civil do Distrito Federal investigam o caso. Na última quarta-feira, a polícia identificou o autor do crime. Obtidas pelo GLOBO, imagens da câmera de segurança do local mostram Natanael da Silva, de 19 anos, furtando e fumando o artefato de valor inestimável. No entanto, assim como a peça, o jovem ainda não foi localizado.
A fornalha de cachimbo estava dentro de uma vitrine de vidro, na exposição “BioOCAnomia Amazônica”, que é monitorada por câmeras. O artefato da etnia Tapajó tem valor inestimável e integrava o acervo da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal (Secec-DF) desde janeiro de 1999.
Nas imagens da câmera daquele dia 25, é possível ver Natanael — que tem duas anotações criminais por furto — abrindo o escaninho de vidro e pegando o artefato. Após o crime, o jovem sai do SESI Lab fumando a própria fornalha de cachimbo da etnia Tapajó, que foi localizada pelo antropólogo Eduardo Galvão há décadas. No entanto, assim como o objeto, o homem ainda não foi localizado.
— Fizemos diligências na casa do investigado, que fica em Santo Antônio do Descoberto, em Goiás, e rodamos na Asa Sul, na Asa Norte e na Central, mas não o achamos. Ele anda pelo Plano Piloto. Por isso, pedimos para quem tiver informações sobre o paradeiro dele que entre em contato com a polícia do Distrito Federal. A gente pretende recuperar o cachimbo — explicou Barros, em entrevista ao GLOBO.
Naquele 25 de julho, o SESI Lab alegou que “o museu estava recebendo um alto volume de público, por conta da gratuidade e período de férias escolares”.
Assim que foi dada a falta do objeto, tanto a Subsecretaria de Patrimônio Cultural, quanto o SESI Lab informaram o caso à Polícia Civil do DF. Em seguida, como de praxe em casos de furto de itens do patrimônio cultural, a Interpol foi acionada. Esta medida visa o acionamento das autoridades aeroportuárias para evitar que a peça saia do país e seja ofertada em leilões ou exposta em outro museu.
Artefato de valor inestimável na exposição
Até então, a peça nunca havia sido emprestada a nenhuma instituição. Por isso, para a fornalha de cachimbo ser cedida à exposição, o SESI Lab foi submetido a um processo de segurança padrão, como pagamento de seguro e exigência de câmera e segurança no local.
Fornalha de cachimbo indígena estava exposta no museu interativo SESI Lab — Foto: Reprodução
— Qualquer bem cultural só é emprestado para uma exposição que garante segurança. Então, eles têm que comprovar câmeras, segurança e a gente ainda pede um seguro para evitar que esse tipo de coisa aconteça. No entanto, infelizmente, o Brasil é um país que preza pouco pelos seus bens culturais. Apesar disso, temos esperança que essa peça seja devolvida aos acervos da Secretaria de Cultura — afirmou o subsecretário de Patrimônio Cultural do Distrito Federal, Felipe Ramón, em entrevista ao GLOBO.
À época, ao GLOBO, o Gerente de Coleções Arqueológicas do Museu Nacional, Mario Junior Alves Polo, explicou sobre a essência do “valor inestimável” para uma peça arqueológica.
— A princípio, todos os bens arqueológicos possuem valor inestimável. São bens únicos e insubstituíveis, com recursos finitos e que não podem ser reproduzidos (a não ser enquanto réplicas), além de terem sido produzidos por grupos humanos localizados no passado. A ideia de valorar financeiramente um artefato arqueológico é muito capciosa. Em primeiro lugar, no Brasil, o patrimônio arqueológico é bem da União e, portanto, sua comercialização é crime. Valorar um item deste tipo é uma ação que pode facilitar condutas associadas à comercialização ou ao colecionismo — explica o arqueólogo.
* Estagiário sob supervisão de Daniel Biasetto
Fonte: O GLOBO
Polícia identificou autor do furto da fornalha de cachimbo indígena de valor inestimável — Foto: Reprodução
A fornalha de cachimbo estava dentro de uma vitrine de vidro, na exposição “BioOCAnomia Amazônica”, que é monitorada por câmeras. O artefato da etnia Tapajó tem valor inestimável e integrava o acervo da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal (Secec-DF) desde janeiro de 1999.
Nas imagens da câmera daquele dia 25, é possível ver Natanael — que tem duas anotações criminais por furto — abrindo o escaninho de vidro e pegando o artefato. Após o crime, o jovem sai do SESI Lab fumando a própria fornalha de cachimbo da etnia Tapajó, que foi localizada pelo antropólogo Eduardo Galvão há décadas. No entanto, assim como o objeto, o homem ainda não foi localizado.
— Fizemos diligências na casa do investigado, que fica em Santo Antônio do Descoberto, em Goiás, e rodamos na Asa Sul, na Asa Norte e na Central, mas não o achamos. Ele anda pelo Plano Piloto. Por isso, pedimos para quem tiver informações sobre o paradeiro dele que entre em contato com a polícia do Distrito Federal. A gente pretende recuperar o cachimbo — explicou Barros, em entrevista ao GLOBO.
Naquele 25 de julho, o SESI Lab alegou que “o museu estava recebendo um alto volume de público, por conta da gratuidade e período de férias escolares”.
Assim que foi dada a falta do objeto, tanto a Subsecretaria de Patrimônio Cultural, quanto o SESI Lab informaram o caso à Polícia Civil do DF. Em seguida, como de praxe em casos de furto de itens do patrimônio cultural, a Interpol foi acionada. Esta medida visa o acionamento das autoridades aeroportuárias para evitar que a peça saia do país e seja ofertada em leilões ou exposta em outro museu.
Artefato de valor inestimável na exposição
Até então, a peça nunca havia sido emprestada a nenhuma instituição. Por isso, para a fornalha de cachimbo ser cedida à exposição, o SESI Lab foi submetido a um processo de segurança padrão, como pagamento de seguro e exigência de câmera e segurança no local.
Fornalha de cachimbo indígena estava exposta no museu interativo SESI Lab — Foto: Reprodução
— Qualquer bem cultural só é emprestado para uma exposição que garante segurança. Então, eles têm que comprovar câmeras, segurança e a gente ainda pede um seguro para evitar que esse tipo de coisa aconteça. No entanto, infelizmente, o Brasil é um país que preza pouco pelos seus bens culturais. Apesar disso, temos esperança que essa peça seja devolvida aos acervos da Secretaria de Cultura — afirmou o subsecretário de Patrimônio Cultural do Distrito Federal, Felipe Ramón, em entrevista ao GLOBO.
À época, ao GLOBO, o Gerente de Coleções Arqueológicas do Museu Nacional, Mario Junior Alves Polo, explicou sobre a essência do “valor inestimável” para uma peça arqueológica.
— A princípio, todos os bens arqueológicos possuem valor inestimável. São bens únicos e insubstituíveis, com recursos finitos e que não podem ser reproduzidos (a não ser enquanto réplicas), além de terem sido produzidos por grupos humanos localizados no passado. A ideia de valorar financeiramente um artefato arqueológico é muito capciosa. Em primeiro lugar, no Brasil, o patrimônio arqueológico é bem da União e, portanto, sua comercialização é crime. Valorar um item deste tipo é uma ação que pode facilitar condutas associadas à comercialização ou ao colecionismo — explica o arqueólogo.
* Estagiário sob supervisão de Daniel Biasetto
Fonte: O GLOBO
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