Vice-presidente parte para o ataque e consegue se vender melhor como a candidata da mudança; ex-presidente, confuso, pouco oferece a eleitores indecisos
Porto Velho, Rondônia - Kamala Harris venceu o debate contra Donald Trump. Em todos os temas propostos pelos moderadores. Inclusive ao evitar as cascas de banana mais óbvias, entre elas imigração, economia e a retirada dos EUA do Afeganistão. E foi melhor para a audiência que interessava, os eleitores indecisos nos estados decisivos.
Por mérito próprio, ao executar de forma quase perfeita as tarefas que precisava cumprir: mostrar-se presidenciável e tomar para si, com vontade, o manto de novidade. Por contar com dois moderadores — David Muir e Linsey Davis, da rede ABC — decididos a não deixar passar como fatos teorias da conspiração e mentiras, mais uma vez repetidas pelo ex-presidente Donald Trump, como no duelo contra o presidente Joe Biden na CNN em junho. Desta vez, elas não passaram em branco. A mais absurda da noite foi a de que imigrantes haitianos estariam comendo animais domésticos de cidadãos americanos no estado de Ohio. Kamala, olhos arregalados, representava no púlpito a incredulidade de quem estava em casa.
Ela também foi ajudada por um adversário lento, perdido, confuso e esquecido de suas próprias tarefas para a noite — centrar-se na economia, na imigração e grudar a adversária no impopular Joe Biden. Somente no fecho do duelo Trump a questionou: “Se você vai fazer isso e aquilo, se é o novo, por que não o fez nos últimos três anos e meio, quando estava na Casa Branca?”. Too little, too late.
Estrategistas dos dois lados concordam que essa é uma eleição pautada pelo desejo de mudança dos eleitores, que buscam o “novo”. Especialmente, mostram pesquisas para consumo interno das campanhas, para os ainda indecisos, um universo estimado em 11% nos estados decisivos. Que podem, aliás devem, decidir a disputa.
Kamala, de 59 anos, afirmou que “claramente não é o presidente Joe Biden, e muito menos Trump”. O primeiro tem 81 anos, o segundo 78. Casmurro, o republicano pareceu ainda mais velho. Menos “presidencial” do que o habitual, fez uma apresentação para a base trumpista. Público errado. Senha de que campanha saiu mais feliz da noite, os democratas imediatamente anunciaram querer novo debate em outubro.
Após uma hora e meia de duelo, os eleitores indecisos provavelmente não ficaram mais seguros sobre o que a vice fará se for por eles promovida a presidente. Foram oferecidos poucos detalhes, especialmente em economia. Mas eles receberam, olho no olho, um convite para "virar a página do caos, do ataque à democracia, da fraqueza americana no tabuleiro global”. Resta saber se será aceito.
Fonte: O GLOBO
Candidata democrata à Presidência dos EUA, Kamala Harris, e candidato republicano à Casa Branca, Donald Trump, durante debate transmitido pela rede ABC — Foto: MATTHEW HATCHER / AFP
Porto Velho, Rondônia - Kamala Harris venceu o debate contra Donald Trump. Em todos os temas propostos pelos moderadores. Inclusive ao evitar as cascas de banana mais óbvias, entre elas imigração, economia e a retirada dos EUA do Afeganistão. E foi melhor para a audiência que interessava, os eleitores indecisos nos estados decisivos.
Por mérito próprio, ao executar de forma quase perfeita as tarefas que precisava cumprir: mostrar-se presidenciável e tomar para si, com vontade, o manto de novidade. Por contar com dois moderadores — David Muir e Linsey Davis, da rede ABC — decididos a não deixar passar como fatos teorias da conspiração e mentiras, mais uma vez repetidas pelo ex-presidente Donald Trump, como no duelo contra o presidente Joe Biden na CNN em junho. Desta vez, elas não passaram em branco. A mais absurda da noite foi a de que imigrantes haitianos estariam comendo animais domésticos de cidadãos americanos no estado de Ohio. Kamala, olhos arregalados, representava no púlpito a incredulidade de quem estava em casa.
Ela também foi ajudada por um adversário lento, perdido, confuso e esquecido de suas próprias tarefas para a noite — centrar-se na economia, na imigração e grudar a adversária no impopular Joe Biden. Somente no fecho do duelo Trump a questionou: “Se você vai fazer isso e aquilo, se é o novo, por que não o fez nos últimos três anos e meio, quando estava na Casa Branca?”. Too little, too late.
Estrategistas dos dois lados concordam que essa é uma eleição pautada pelo desejo de mudança dos eleitores, que buscam o “novo”. Especialmente, mostram pesquisas para consumo interno das campanhas, para os ainda indecisos, um universo estimado em 11% nos estados decisivos. Que podem, aliás devem, decidir a disputa.
Kamala, de 59 anos, afirmou que “claramente não é o presidente Joe Biden, e muito menos Trump”. O primeiro tem 81 anos, o segundo 78. Casmurro, o republicano pareceu ainda mais velho. Menos “presidencial” do que o habitual, fez uma apresentação para a base trumpista. Público errado. Senha de que campanha saiu mais feliz da noite, os democratas imediatamente anunciaram querer novo debate em outubro.
Após uma hora e meia de duelo, os eleitores indecisos provavelmente não ficaram mais seguros sobre o que a vice fará se for por eles promovida a presidente. Foram oferecidos poucos detalhes, especialmente em economia. Mas eles receberam, olho no olho, um convite para "virar a página do caos, do ataque à democracia, da fraqueza americana no tabuleiro global”. Resta saber se será aceito.
Fonte: O GLOBO
Tags:
Mundo