UE pede fim da 'intimidação judicial' contra opositores na Venezuela

UE pede fim da 'intimidação judicial' contra opositores na Venezuela

Declaração ocorre após autoridades de Caracas abrirem uma investigação penal contra dois líderes da oposição em meio a denúncias de fraude nas eleições presidenciais

Porto Velho, Rondônia - A União Europeia (UE) pediu nesta terça-feira ao governo da Venezuela que pare com a “campanha de intimidação judicial” contra opositores no país. A declaração foi feita após autoridades venezuelanas abrirem uma investigação penal contra dois líderes da oposição – que, por sua vez, denunciam fraude nas eleições presidenciais. Ao todo, segundo a ONG Foro Penal, pelo menos 1.010 pessoas foram presas por protestar contra o governo até a manhã desta segunda-feira.

— Pedimos às autoridades que acabem com esta campanha de intimidação — declarou Peter Stano, porta-voz do chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, insistindo que o bloco está “muito preocupado” com a evolução da situação na Venezuela.

O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, mencionou em discurso feito no fim de semana que havia mais de 2 mil pessoas presas – classificadas por ele como “fascistas” – e que elas seriam enviadas para prisões de segurança máxima como as de Tocuyito e Tocorón, duas das mais perigosas do país. Em nota, o Foro Penal disse ter verificado e identificado pouco mais de mil detidos. Desses, 91 seriam adolescentes. Os números são atualizados diariamente pela ONG.

A região com pessoas mais presas, segundo a ONG, é o Distrito Capital, onde o Fórum Penal registra 176 detenções. Na sequência há o estado de Carabobo, onde 140 pessoas foram presas, e Anzoátegui, com 112. Depois vem Miranda (76), Zulia (57), Barinas (52), Nueva Esparta (47), Táchira (44), Portuguesa (41), Monagas (31), Lara (30), Vargas (28), Yaracuy (28), Aragua (26), Trujillo (21), Mérida (20), Apure (19), Guárico (18), Bolívar (13), Cojedes (12), Amazonas (9), Falcón (8) e Sucre (2).

Até esta segunda-feira, a única região do território nacional onde não se registraram detenções foi Dalta Amacuro, no extremo leste da Venezuela.

Ainda segundo o Foro Penal, entre as últimas prisões ocorridas no fim de semana há Kennedy Tejeda, advogado da organização em Carabobo. A mesma ONG afirmou que ele não teve permissão para receber uma defesa privada, e que desconhecia os crimes de que era acusado, embora seu caso esteja sendo tratado por um tribunal antiterrorismo.

O Vem Venezuela, partido da líder da oposição, María Corina Machado, denunciou a detenção do presidente da Câmara de Tinaquillo, Fernando Feo, bem como do coordenador da organização política de María Corina no município de Maneiro, Andrés Ruiz. Somado a isso, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) instou o governo venezuelano a interromper as prisões, libertar os presos e “cessar a perseguição contra aqueles que defendem os direitos humanos”.

A ONG Anistia Internacional também alertou sobre as detenções. No fim de semana, a organização disse no X que, “com o desaparecimento e a presumível detenção de Kennedy Tejeda”, a “lista de defensores dos direitos humanos e líderes políticos detidos arbitrariamente continua a crescer”. Nesta segunda-feira, também denunciaram o sumiço da trabalhadora humanitária e professora Edni López.

Prisões ‘preparadas’ após protestos

Na última quinta-feira, pouco antes de María Corina afirmar que estava escondida porque foi “ameaçada de prisão pelo regime” de Maduro – e convocar novas manifestações para o sábado –, o presidente disse que as prisões de segurança máxima deverão estar prontas para receber os manifestantes dentro de 15 dias. Referindo-se a eles como “terroristas”, “delinquentes” e membros de “quadrilhas de nova geração”, o líder chavista também os comparou às gangues do Haiti.

— Todos os manifestantes vão para Tocorón e Tocuyito, presídios de segurança máxima — disse Maduro em ato transmitido pelo canal estatal VTV. — Querem transformar a Venezuela em um novo Haiti.

Na quarta, Maduro afirmou que os líderes opositores que denunciam fraude nas eleições presidenciais “devem estar atrás das grades” e que eles têm “as mãos manchadas de sangue” após protestos nas ruas motivados por sua questionada reeleição. María Corina e seu candidato presidencial, o diplomata Edmundo González, afirmam que a oposição venceu o pleito por ampla margem e denunciam uma escalada da repressão – que já deixou ao menos 11 mortos e dezenas de feridos.

(Com AFP)


Fonte: O GLOBO

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