Rússia expande ordem de retirada para segunda área de fronteira, e Putin promete 'resposta digna' à Ucrânia

Rússia expande ordem de retirada para segunda área de fronteira, e Putin promete 'resposta digna' à Ucrânia

 Segundo governador de Kursk, mais de 121 mil pessoas precisaram ser retiradas da região, e 12 civis morreram nos confrontos com o Exército ucraniano


O presidente da Rússia, Vladimir Putin, lidera reunião sobre a situação na região russa de Kursk; encontro foi feito após Exército ucraniano lançar incursão no território e forçar a retirada de mais de 121 mil pessoas do local — Foto: Gavriil GRIGOROV/AFP

Porto Velho, Rondônia - A Rússia ordenou nesta segunda-feira a saída de mais civis das regiões de Belgorod e Kursk, na fronteira com a Ucrânia. A declaração ocorreu quase uma semana depois do início de uma ofensiva sem precedentes das tropas de Kiev no território russo. Em reunião com o presidente Vladimir Putin, o governador de Kursk, Alexei Smirnov, disse que 121 mil pessoas precisaram ser retiradas da região – e que mais 59 mil ainda precisam sair. Ele afirmou que 12 civis morreram nos confrontos, incluindo dez crianças, e que 121 pessoas ficaram feridas.

De acordo com a BBC, Putin pareceu incomodado durante o encontro com Smirnov, que foi transmitido pela televisão estatal. Quando o governador falou sobre os avanços das forças ucranianas, foi interrompido pelo mandatário, que pediu que ele se concentrasse em “como as pessoas estavam sendo ajudadas”. Smirnov disse que a Ucrânia controla 28 vilarejos na região, e que “a situação continua difícil”. Ele informou que as forças de Kiev estão a 12 km de profundidade no território, e que a linha de frente tem 40 km de largura.

Putin, então, interrompeu Smirnov e disse que o Ministério da Defesa “informará a profundidade” da presença ucraniana no local. O governador disse que cerca de dois mil cidadãos russos permanecem nas áreas ocupadas pelo Exército da Ucrânia – e pontuou não saber “nada sobre o destino deles”. Putin, por sua vez, disse que as “perdas estão aumentando dramaticamente” para as forças ucranianas, especialmente entre as unidades mais capacitadas. Nesta segunda, a Rússia disse ter destruído 18 drones ucranianos.

— O inimigo receberá, sem dúvida, uma resposta digna, e não haverá dúvida de que alcançaremos todos os nossos objetivos. A principal tarefa do Ministério da Defesa é pressionar e expulsar o inimigo do nosso território — disse Putin, que também afirmou que a motivação da Ucrânia na ofensiva é melhorar sua posição de negociação.

Dois anos e meio após a invasão russa no território ucraniano, a Ucrânia iniciou na semana passada uma operação em larga escala na província de Kursk. A ofensiva, que já havia provocado a fuga de dezenas de milhares de pessoas nos últimos dias, é o maior ataque de um Exército estrangeiro na Rússia desde a Segunda Guerra Mundial. À AFP, uma fonte de alto escalão do Serviço de Segurança ucraniano disse que o objetivo do ataque é “deslocar as posições do inimigo” e “desestabilizar” a região.

Neste domingo, Moscou reconheceu que as tropas ucranianas avançaram dentro do território russo, embora também tenha dito que conseguiu impedir “tentativas” de invasão em Tolpino, Zhurayli e Obshchi Kolodez, cidades localizadas a cerca de 30 km da fronteira com a antiga república soviética. No sábado, segundo autoridades russas, mais de 76 mil pessoas que moravam na região de Kursk deixaram o local. Nesta segunda, Smirnov afirmou que a retirada também afetará Belovski, onde vivem quase 15 mil.

“Há atividades inimigas na fronteira do distrito de Krasnaya Yaruga”, escreveu o governador Vyacheslav Gladkov no Telegram. “Pela segurança de vida e da saúde da nossa população, estamos começando a transferir os habitantes do distrito”.

Recepção dos deslocados

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, admitiu pela primeira vez no sábado o envolvimento de seu país na incursão na Rússia, afirmando que a operação visa “deslocar a guerra para o território do agressor”. O ataque à região de Kursk é a maior e mais bem-sucedida ofensiva de Kiev até agora, e autoridades ucranianas também recomendaram que pelo menos 20 mil civis deixem a região de Sumy. Um aposentado que precisou deixar sua casa afirmou, no domingo, que a ofensiva lhe deu uma dose de ânimo.

— Deixemos que [os russos] descubram o que é [a guerra]. Eles não entendem o que é a guerra. Deixemos que provem dela — disse o homem de 70 anos.

No domingo à noite, Kiev e Moscou trocaram acusações sobre um incêndio na central nuclear de Zaporíjia, no sul ucraniano, que foi controlado. A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), que tem uma equipe de especialistas no local, afirmou que “não foi relatado nenhum impacto para a segurança nuclear”.

A Rússia invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022 e, desde então, mantém uma ofensiva na região, ocupando áreas do leste e do sul do país, com ataques diários de artilharia, mísseis e drones contra cidades ucranianas. Segundo analistas, Kiev provavelmente iniciou o ataque para aliviar a pressão sobre suas tropas em outras partes do front, superadas em número e escassez de armas.

Por enquanto, porém, a incursão não fragilizou de forma significativa a ofensiva russa no leste da Ucrânia, onde Moscou ganha terreno há meses, informou um alto funcionário de segurança ucraniano. Ele admitiu que eventualmente a Rússia irá deter as tropas ucranianas em Kursk, mas que o ataque “pegou os russos desprevenidos” e “aumentou a moral” das forças de Kiev. Disse, ainda, que a Rússia prepara um ataque maciço com mísseis contra os “centros de comando” na Ucrânia, e assegurou que Kiev informou seus aliados ocidentais sobre a operação. (Com AFP)


Fonte: O GLOBO

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