País asiático atravessa momento de instabilidade após protestos populares derrubarem governo de Sheikh Hasina, que ocupava o poder há 15 anos
Porto Velho, Rondônia - O presidente de Bangladesh, Mohamed Shahabuddin, dissolveu o Parlamento do país nesta terça-feira, cumprindo uma das principais exigências do movimento estudantil que se alastrou nos últimos dias e provocou a queda da primeira-ministra Sheikh Hasina, que há 15 anos governava o país do sudoeste da Ásia. Um dia após a fuga de Hasina, militares se preparam para uma reunião com líderes populares para definir a transição do governo.
O comandante do Exército de Bangladesh, general Waker-Uz-Zaman, tem uma reunião marcada com os líderes estudantis das manifestações nesta terça-feira. Em um anúncio breve, o general prometeu a formação do governo provisório, com objetivo de reparar "todas as injustiças". Também afirmou que vai decretar a suspensão do toque de recolher no país.
— O país sofreu muito, a economia foi afetada, muitas pessoas morreram – é hora de parar a violência — afirmou Zaman na segunda-feira, pouco depois de uma multidão invadir a residência oficial de Hasina e saquear o local.
O líder do movimento estudantil que iniciou os protestos, Nahid Islam, afirmou que o governo interino deve ser liderado por Mohammad Yunus, economista e empreendedor social que venceu o Nobel da Paz em 2006. Islam afirmou que Yunus é um nome "amplamente aceito" no país.
O economista de 84 anos não comentou o pedido. Entretanto, se mostrou crítico ao governo de Hasina. Em uma entrevista ao jornal indiano The Print, ele disse que com a ex-premier no poder, Bangladesh era "um país ocupado". Ele afirmou na entrevista: "Hoje, toda a população de Bangladesh se sente libertada".
Outro nome forte que volta a integrar a cena política do país é o da ex-primeira-ministra e líder opositora Khaleda Zia. Inimiga política de Hasina, a opositora foi condenado em 2018 a 17 anos de prisão por corrupção. Seu partido anunciou que ela foi libertada nesta terça-feira.
— Ela já está livre — declarou o porta-voz do Partido Nacional Bangladesh, A.K.M. Wahiduzzaman.
Violência preocupante
Milhões de bengaleses lotaram as ruas de Daca após o anúncio da fuga da primeira-ministra. Alguns manifestantes compararam o momento à declaração de independência do país, em 1971. Entretanto, também foram registradas cenas de caos e fúria. A polícia anunciou que pelo menos 109 pessoas morreram na segunda-feira, quando a multidão atacou aliados de Hasina.
O dia mais violento dos protestos, que começaram em 1º de julho, inflaram o número de mortos durante as manifestações. Ao menos 409 pessoas morreram, ao todo, segundo um balanço da AFP baseado em informações divulgadas pela polícia, autoridades e fontes médicas.
Manifestantes incendeiam loja de roupas em Bangladesh — Foto: Abu SUFIAN JEWEL / AFP
As manifestações começaram após a reintrodução de um sistema de cotas que reservava mais da metade dos empregos públicos para determinados grupos. A iniciativa motivou pedidos de renúncia de Hasina, acusada de usar o aparato estatal para permanecer no poder, inclusive com o assassinato de seus opositores.
O paradeiro de Hasina não foi confirmado. A imprensa indiana informou que seu helicóptero pousou em uma base militar perto de Nova Délhi. (Com AFP)
Fonte: O GLOBO
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