Entenda por que Mayra Aguiar, estrela da sua categoria, enfrentou n°1 do ranking e perdeu logo na estreia das Olimpíadas

Entenda por que Mayra Aguiar, estrela da sua categoria, enfrentou n°1 do ranking e perdeu logo na estreia das Olimpíadas

Medalhista nas últimas três edições, a judoca fez uma estratégia específica para os Jogos em Paris, mas perdeu para sua algoz de competições anteriores

Porto Velho, Rondônia - Antes desta Olimpíada, a judoca Mayra Aguiar já tinha uma carreira invejável na modalidade, mas chegou em Paris-2024 com o objetivo de subir ao lugar mais alto do pódio, representando o Brasil. Para isso, ela fez uma preparação específica e abdicou de outras competições ao longo do ano, focada na melhor performance possível nos Jogos, mas a expectativa foi rapidamente encerrada nesta quinta-feira (1), quando italiana Alice Bellandi — número 1 do ranking mundial — aplicou um waza-ari na brasileira durante o golden score e fez a estreia dela se tornar, também, a última vez dentro do tatame olímpico parisiense.

Três vezes medalha de bronze nos Jogos (Tóquio-2021, Rio-2016 e Londres-2012), a brasileira deixou claro que apenas o ouro importava nesta trajetória. Em um ciclo olímpico cheio de competições que pudessem somar pontos no ranking de judô e, consequentemente, deixá-la em uma posição mais favorável para o chaveamento — podendo cair numa disputa contra uma atleta menos condecorada na modalidade — a brasileira competiu somente 7 vezes entre 2022 e 2023. Ainda assim, Mayra ficou com o ouro no Mundial do ano retrasado.

Neste ano, ela focou em se preparar unicamente para a Olimpíada, sem competir em outras disputas, para evitar lesões que a impedissem de atingir sua melhor forma em Paris — assim como ocorreu nas edições anteriores.

— Já passei do meu limite. Já tem um tempo que eu venho mentindo para o meu corpo. Mentindo que está tudo bem. Tenho várias cirurgias e a primeira foi com, sei lá, 16 ou 17 anos. Eu ainda sinto ela, e as próximas — disse a judoca, após a luta. — Aprendi a treinar e a lutar assim, mas nos últimos anos vem sendo mais difícil. Não adianta, é um preço que a gente paga. Não dá pra brigar tanto com nosso corpo, temos nossos limites. Mas eu fui até onde consegui.

Com a estratégia executada, ela chegou para a competição sem dificuldades físicas, mas outro problema recorrente de seu ciclo olímpico voltou: A sua algoz, Alice Bellandi, na estreia.

Mesmo com poucas competições nos últimos anos, a brasileira perdeu as três lutas que fez com a italiana — cabeça da chave de Mayra — que enfrentou hoje: duas em 2022 e outra no ano passado.

Estratégias da luta

Na luta desta quinta-feira, no tempo normal, Mayra e a adversária levaram dois shidos, cada: por falta de combatividade e um por falso ataque para a italiana. A disputa foi para o golden score, e o primeiro golpe foi de Alice Bellandi, que saiu vencedora.

Depois da eliminação, a atleta brasileira disse que a adversária tem um estilo que não conseguiu decifrar.

— Eu já sabia que a luta ia ser dura também e que talvez não tenha aprendido a jogar esse estilo (de luta da italiana). É algo mais estratégico, que talvez eu tenha pecado. Por mais que eu tenha treinado isso, é um estilo de luta difícil. Eu procuro muito ippon e é mais estratégia, com punição — analisou, Mayra.

Como não faz parte da disputa mista, Mayra voltará ao Brasil. Ela tem 32 anos e até as próximas olimpíadas, em Los Angelas, terá 36. Por fazer parte de uma categoria mais pesada, a idade ainda não impacta tão claramente na performance dessas atletas, mas as lesões podem fazê-la repensar um sexto ciclo olímpico.


Fonte: O GLOBO

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