Os oficiais respondem por diversos crimes, dentre eles abolição violenta do Estado de Direito e golpe de Estado
Porto Velho, RO - Os sete integrantes da cúpula da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), atualmente réus no Supremo Tribunal Federal (STF) por suspeita de omissão e outros cinco crimes, continuam suas vidas fora da prisão, relata reportagem do Metrópoles. Beneficiados por altos salários, ajuda de "patriotas" e aposentadorias milionárias, eles aguardam o desenrolar do processo.
Os oficiais foram presos preventivamente em agosto de 2023 pela Polícia Federal, mas receberam liberdade provisória em janeiro de 2024, conforme decisão do ministro Alexandre de Moraes. Os dois últimos a serem liberados, o major Flávio Silvestre de Alencar e o tenente Rafael Pereira Martins, deixaram a prisão em 29 de maio de 2024.
Em fevereiro de 2024, a Primeira Turma do STF aceitou por unanimidade a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra os sete policiais, tornando-os réus na Ação Penal nº 2.417. As acusações incluem abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado, ameaça com emprego de substância inflamável, deterioração de patrimônio tombado e violação de dever contratual.
Os coronéis Fábio Augusto Vieira e Klepter Rosa Gonçalves, dois dos principais réus, aposentaram-se em abril de 2024, após serem presos. Juntos, receberam R$ 1,3 milhão líquido em aposentadorias, valores que incluem licenças-prêmio e férias indenizadas. Klepter recebeu R$ 824,7 mil, enquanto Fábio obteve R$ 534,9 mil.
Além dos valores recebidos por suas aposentadorias, Jorge Eduardo Naime, outro réu, chamou atenção ao receber ajuda financeira de bolsonaristas. Residente em uma casa de alto padrão em Vicente Pires, sua residência passa por reformas financiadas por esses depósitos.
Naime, que chefiava o Departamento de Operações da PMDF, não estava no cargo durante a invasão da Praça dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023, mas é acusado de omissão. Ele foi o primeiro oficial da alta cúpula da PMDF a ser preso nas investigações.
A transformação de Naime em um símbolo da direita política aconteceu após mobilizações de parlamentares e figuras públicas, que passaram a apoiar o militar. Detido por ordem de Alexandre de Moraes, Naime enviou mensagens pelo celular nas quais se referia a homens do Exército como "melancias".
A PMDF informou, em nota, que aguarda o trânsito em julgado do processo no STF para tomar futuras providências administrativas. Os advogados dos réus preferiram não se pronunciar, aguardando a continuidade do processo e a juntada de provas.
Os defensores de Klepter Rosa destacaram que a instrução processual foi longa, com depoimentos que se estenderam por sete dias. Eles também ressaltaram que parte do salário de Klepter foi liberada desde outubro de 2023, permitindo a manutenção de sua família. A defesa acredita que o julgamento será técnico e justo, resultando na devolução do salário retido.
Fonte: Brasil247