Procuradoria abriu procedimento para apurar a legalidade do formulário aplicado no curso de direitos humanos da corporação
O MPF enviou um ofício ao diretor-geral da PRF, inspetor Antônio Fernando Oliveira, pedindo a cópia integral do questionário e documentos que subsidiaram a criação e aplicação do teste. O prazo dado pela procuradoria é de 15 dias.
"O objetivo é apurar a motivação, a legalidade, a necessidade e a utilidade desse ato administrativo por parte da PRF", diz a procuradoria, em nota.
O questionário reacendeu o debate sobre politização na PRF. Entre as questões do formulário, havia duas que provocaram receio nos servidores: uma perguntava sobre “identidade política”, dando como opções de resposta: “extrema esquerda, esquerda, centro-esquerda, centro, centro-direita, direita e extrema direita”.
E a outra indagava sobre “afinidade partidária”, apresentando como alternativas: “Democratas, Partido Democrático Trabalhista, Partido do Movimento Democrático Brasileiro, Partido da Social Democracia Brasileira, Partido Socialismo e Liberdade, Partido dos Trabalhadores, Partido Trabalhista Brasileiro, Partido Verde, Outros”. O caso foi revelado pelo jornal “Folha de S. Paulo”.
A direção da PRF decidiu suspender a aplicação do teste diante da repercussão negativa, mas ressaltou que ele era "facultativo" e "anônimo".
Segundo o órgão, o questionário se chama Teste de Associação Implícita (TAI Raça: Negros-Brancos), foi desenvolvido pela universidade americana de Harvard e tem como objetivo provocar uma “autorreflexão do aluno” em relação ao problema do racismo estrutural.
“Ainda que o formulário seja anônimo e facultativo, não dispondo o órgão de tais informações, a atividade respondida, TAI Raça: Negros-Brancos, foi planejada para que o aluno reflita, de forma autônoma, sobre a influência de vieses cognitivos durante a interação policial com grupos vulnerabilizados”, disse a PRF, em nota.
Como o questionário fazia parte do curso obrigatório de direitos humanos, não ficou claro aos agentes da PRF que se tratava de uma atividade pedagógica à parte e facultativa. Alguns deles ficaram com receio de responderem às perguntas e, depois, serem alvos de constrangimento dentro da instituição.
Em nota, a Federação Nacional dos Policiais Rodoviários afirmou que está “acompanhando as denúncias de uma pesquisa que traria elementos de cunho de ideologia política dos servidores, para ter um real esclarecimento do caso”.
Fonte: O GLOBO
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