Para analistas, cenário é mais difícil do que foi com Bolsonaro e Fernández
No auge da tensão entre Lula e Milei, houve preocupação na Chancelaria argentina sobre o futuro de Raimondi. O embaixador chegou a Brasília semana passada, mas ainda não tem data para a entrega de credenciais ao presidente brasileiro. Sem isso, Raimondi pode trabalhar no Brasil, mas está impedido de participar de qualquer tipo de atividade na qual Lula esteja.
Nos últimos dias, as conversas sobre o futuro da relação com a Argentina foram intensas, e algumas decisões foram tomadas. A primeira, e talvez a mais importante, é não forçar um encontro ou aproximação entre Lula e Milei. O brasileiro, disseram as fontes, não tem interesse em conversar pessoalmente com o argentino, a menos que exista, como já foi pedido por Lula, um pedido de desculpas pelas ofensas lançadas pelo argentino.
O desafio do momento, admite o embaixador do Brasil em Buenos Aires, Julio Bitelli, “é driblar o ruído no nível presidencial”.
— Temos de tirar o foco da tensão entre os dois presidentes — frisa Bitelli.
Fator Trump
O panorama é delicado e se complicaria ainda mais se o republicano Donald Trump for eleito presidente dos EUA.
— O relacionamento bilateral vai entrar numa fase de congelamento, e essa fase será ainda mais difícil se Trump vencer — aponta Eduardo Viola, professor da Escola de Relações Internacionais da Fundação Getúlio Vargas, apontando que “há grandes diferenças entre Milei e Bolsonaro”. — Milei é muito mais ambicioso em matéria de projeção internacional, e se Trump voltar ao poder, essa ambição será impulsionada — frisa Viola.
Na visão do argentino Juan Tokatlian, vice-reitor da Universidade de San Andrés, em Buenos Aires, “os problemas entre Lula e Milei excedem as ofensas do argentino”.
— A agenda internacional da Argentina mudou, e as diferenças com o Brasil de Lula estão por todos os lados. As posições são diferentes em matéria de mudanças climáticas, Gaza, guerra entre Rússia e Ucrânia. A relação ficará congelada — conclui Tokatlian, que defende a ação da sociedade civil dos dois países.
Fonte: O GLOBO
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