Apelo junto a lulistas, entrada com evangélicos e fator TV: entenda como a presença de Datena embola a eleição em SP

Apelo junto a lulistas, entrada com evangélicos e fator TV: entenda como a presença de Datena embola a eleição em SP

Nome do PSDB aparece junto ao prefeito Ricardo Nunes (MDB) e ao deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), em empate triplo na liderança

Porto Velho, Rondônia - A nova rodada da pesquisa Genial/Quaest sobre a eleição de São Paulo mostra que a candidatura do apresentador José Luiz Datena (PSDB), confirmada em convenção no fim de semana, embaralha a disputa pela prefeitura e atrai segmentos do eleitorado mais identificados com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e parte dos evangélicos, grupo mais próximo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O agora tucano aparece colado no prefeito Ricardo Nunes (MDB) e no deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), em empate triplo na liderança — seus eleitores, porém, são menos fiéis que os de seus rivais.

O atual prefeito tinha 22% das menções na pesquisa anterior, em junho, e agora soma 20%. Já Boulos tem 19%, também dois pontos a menos do que o registrado há um mês. Datena, por sua vez, aparecia com 17% e agora tem 19%. As variações ocorreram dentro da margem de erro de três pontos para mais ou menos, mas favorecem o apresentador licenciado e com histórico de desistências em pleitos anteriores.

No cenário com todos os nomes testados, os três são seguidos pelo empresário Pablo Marçal (PRTB), com 12% das intenções de voto (eram 10% em junho), e pela deputada federal Tabata Amaral (PSB), que oscilou de 6% para 5%.

O levantamento ouviu 1.002 eleitores entre 25 e 28 de julho. Datena se destaca entre aqueles com renda mais baixa (tem 28% das intenções de voto entre quem ganha até dois salários mínimos) e que estudaram até o ensino fundamental (36% de apoio). O nome do PSDB marca 22% entre os paulistanos que votaram em Lula nas eleições de 2022, grupo no qual está atrás apenas de Boulos, nome apoiado pelo petista.

O índice de Datena no eleitorado do presidente era de 18% no mês passado. Já o aliado de Lula oscilou de 37% para atuais 36% na fatia que escolheu o petista para o Planalto.

Em contraste com Datena, o psolista tem mais fôlego entre os que chegaram a cursar o ensino superior (com 27% das menções no grupo) e marca 23% das intenções de voto entre quem tem renda familiar de 4 a 7 salários mínimos e 21% na faixa seguinte, mesmos índices de Nunes. O atual prefeito aparece na frente no grupo que parou os estudos no ensino médio (25%) e entre quem votou em Bolsonaro há dois anos (35%).

Embora vá melhor entre lulistas que entre bolsonaristas, Datena se descolou de Nunes entre os evangélicos. Antes um ponto atrás do aliado de Bolsonaro no segmento religioso (21% a 22%), o nome do PSDB tem 24% das intenções de voto, ante 18% de Nunes.

Voto mais volátil

Apresentador de TV há mais de três décadas, Datena é conhecido por 90% dos eleitores entrevistados — 42% afirmam que votariam nele, contra 48% que se recusam a apoiá-lo. Os adversários do tucano têm citado a alta taxa de conhecimento para argumentar que ele tem “teto baixo”, o que significa que há poucos eleitores que ainda não o conhecem e podem vir a apoiá-lo.

Outro ponto de atenção para o candidato do PSDB é o nível de convicção de seu eleitorado. Enquanto no quadro geral 42% dizem que suas escolhas são definitivas, e 56% admitem mudar de ideia, a taxa de indefinição é de 70% entre os que declaram a intenção de votar em Datena — só 29% dizem que a escolha é definitiva. Boulos tem 52% de seus eleitores dizendo-se convictos, índice que é de 48% entre os apoiadores de Nunes.

Para o entorno de Datena, a pesquisa confirma a expectativa de que a candidatura demonstra “força popular”, sobretudo entre os mais pobres. Já Nunes minimiza o desempenho do apresentador e o empate triplo na margem de erro. Ele aposta no índice de rejeição mais alto dos rivais: 36% dos entrevistados pela Quaest disseram que não votariam em Nunes, contra 40% de Boulos e 48% de Datena. A campanha de Boulos, por sua vez, destacou na terça-feira a “estabilidade” no desempenho do psolista e avaliou que o eleitorado quer mudança, o que favoreceria sua candidatura.

Padrinho desconhecido

Os resultados reforçam que ainda não está claro para a maioria dos paulistanos quem é o candidato apoiado por Lula, Bolsonaro, e pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). São 42% os que acertam ao dizer que Boulos será a escolha de Lula na cidade, enquanto os que associam Nunes a Bolsonaro são apenas 25% — para 6%, o ex-presidente apoiará Marçal.

Além da dificuldade em ser identificado com Bolsonaro na cidade, Nunes enfrenta o apoio a Marçal de uma fatia expressiva do eleitorado que simpatiza com o ex-presidente. O ex-coach avançou sete pontos percentuais em um mês entre quem votou em Bolsonaro em 2022 e tem 27% de preferência no grupo.

A maioria dos eleitores da cidade (51%), porém, diz preferir que o próximo prefeito seja “independente”, enquanto 28% têm predileção por um “aliado do Lula”, e 16% gostariam de ver um “aliado do Bolsonaro” na prefeitura.

A preferência por um “lulista” a um “bolsonarista” sinaliza que o quadro de afinidades na cidade permanece estável em relação à eleição de dois anos atrás. Em 2022, Lula venceu Bolsonaro com quase 500 mil votos a mais que seu adversário no segundo turno (foram 53,54% dos votos válidos no petista).

Os números indicam que as intenções de voto em Boulos, quando associado a Lula, passam de 23% para 28% em um cenário sem Datena. Já o apoio de Bolsonaro faz Nunes oscilar de 26% para 25%.

Ainda segundo a Quaest, a gestão de Nunes é positiva para 33% dos moradores da cidade, enquanto 22% consideram ruim o desempenho do candidato. A administração é “regular” para 36%.

(Colaborou Samuel Lima)


Fonte: O GLOBO

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