'Às vezes não vai ter unanimidade. Esse ruído tem de diminuir com o tempo', diz Campos Neto sobre divergências no Copom

'Às vezes não vai ter unanimidade. Esse ruído tem de diminuir com o tempo', diz Campos Neto sobre divergências no Copom

Em almoço com empresários em São Paulo, presidente do Banco Central afirmou que 'ruídos' contribuíram para as mudanças nas expectativas de inflação

Porto Velho, Rondônia - O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que as expectativas de inflação subiram e estão desancoradas , o que justificou a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de reduzir o ritmo do ciclo de corte de juros.

Ele também mencionou o que classificou como “ruídos” recentes, como a reação do mercado à discordância entre os membros do Copom na última reunião, como um fator que alterou as expectativas.

Em maio, a magnitude do corte na taxa de juros colocou em lados opostos os diretores indicados pelo presidente Lula, que votaram por uma queda de 0,50 ponto percentual na Selic, e os integrantes remanescentes do governo Jair Bolsonaro. Campos Neto desempatou a votação a favor de um corte mais modesto, de apenas 0,25 ponto percentual.

Outros pontos que motivaram a desancoragem das expectativas foram o cenário externo, a iminente troca de comando da autarquia e a mudança da meta fiscal. No entanto, Campos Neto sugere que as expectativas de inflação devem convergir à meta (que é de 3% atualmente), com avanços do governo em relação à política fiscal e ao entendimento de que o Banco Central atua de forma técnica, mesmo diante da mudança no comando da autoridade monetária, prevista para o final do ano, com o fim do mandato dele.

Durante um almoço com empresários organizado pelo Grupo Lide nesta segunda-feira, Campos Neto destacou como um avanço a possibilidade de desvinculação dos gastos com saúde e educação, defendida pela equipe econômica, comandada pelo ministro Fernando Haddad.

Pelas regras atuais, os gastos com Saúde representam 15% da receita corrente líquida do governo, enquanto as despesas com Educação devem ser de 18% da receita líquida de impostos, o que estaria pressionando os gastos públicos.

— Tínhamos reconhecido de forma unânime que a inflação estava desancorada. São vários fatores ao mesmo tempo: o tema fiscal, da mudança da meta, você tem um tema na mudança do comando do Banco Central, você tem a especulação sobre a mudança de metas de inflação, né? O tempo vai fazer com que as pessoas entendam que a decisão (do Copom) é técnica, que o colegiado vai discutir com base técnica. Às vezes vai ser unanimidade, às vezes não vai ter unanimidade. Então esse ruído acho que tem que diminuir com o tempo — disse o presidente do Banco Central.

Campos Neto concluiu dizendo que, quanto ao ruído fiscal, tem lido “boas notícias”:

— Eu li recentemente sobre a desvinculação do piso, educação e saúde. Acho que isso é um fato positivo grande. A parte de mudança de comando (do Banco Central), eu acho que isso o tempo vai tratar de endereçar, porque no final das contas o Banco Central é técnico, as instruções são técnicas.


Fonte: O GLOBO

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