Investidores ainda ponderam os possíveis desdobramentos econômicos provocados pela tragédia das enchentes no Rio Grande do Sul
Porto Velho,RO.
Em pregão marcado por instabilidade e trocas de sinais, o dólar à vista
encerrou cotado a R$ 5,0741, em alta de 0,08%. Segundo operadores, o
dia foi de acomodação e ajustes moderados de posições, depois de a moeda
ter recuado 2,36% nos dois últimos pregões, diante da perspectiva de
corte de juros nos EUA neste ano. Apesar da queda firme do dólar em
relação a divisas pares do real, em especial as latino-americanas, a
moeda brasileira exibiu fôlego reduzido em razão do aumento das
incertezas do quadro doméstico.
Investidores ainda ponderam os
possíveis desdobramentos econômicos provocados pela tragédia das
enchentes no Rio Grande do Sul, como aumento de gastos públicos e
pressões adicionais sobre a inflação no curto prazo. Há também pouco
apetite por apostas mais contundentes em meio à espera pela decisão do
Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central nesta
quarta-feira, 8.
O ambiente de cautela se traduz em liquidez
reduzida e oscilações modestas. Houve variação de pouco mais de três
centavos entre a máxima (R$ 5,0918), pela manhã, e a mínima (R$ 5,0608),
à tarde. Principal termômetro do apetite por negócios, o contrato de
dólar futuro para junho teve giro fraco mesmo para uma segunda-feira,
abaixo de US$ 10 bilhões.
"Já existe a preocupação nas mesas de
operação com o impacto da catástrofe do Rio Grande do Sul na economia,
especialmente no agronegócio. Estão discutindo no Congresso a liberação
de recursos para ajudar na recuperação do Estado", afirma o gerente de
câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo. "A questão é que não se
sabe qual será o impacto nas contas públicas e por, consequência, no
equilíbrio fiscal. Isso tende a deixar o mercado na defensiva".
Fontes
ouvidas pelo Broadcast afirmam que o governo quer socorrer o Rio Grande
do Sul, mas sem ter de colocar em risco a área fiscal. Ao que tudo
indica, o que deve ocorrer é a permissão de créditos extraordinários que
serão controlados na partida e fiscalizados posteriormente. A ministra
do Planejamento, Simone Tebet, afirmou em suas redes sociais que não
será necessário mudar a Constituição ou leis para que a União socorra o
Rio Grande do Sul.
À tarde, o presidente do Senado, Rodrigo
Pacheco (PSD-MG), sugeriu a aprovação de uma Proposta de Emenda à
Constituição (PEC) no formato adotado durante a pandemia da Covid-19
para liberar recursos ao Rio Grande do Sul. Na mesma linha, a Executiva
Nacional do PT publicou uma nota em que manifesta apoio à aprovação de
PEC nos moldes da pandemia, quando houve o chamado "orçamento de
guerra".
O presidente Lua anunciou no fim da tarde que vai editar
um Projeto de Decreto Legislativo (PDL) prevendo recursos para ajudar
na recuperação do Rio Grande do Sul. O mecanismo dá respaldo para que a
liberação posterior dos créditos extraordinários seja feita fora da meta
de resultado primário.
No exterior, o índice DXY - que mede o
desempenho do dólar em relação a uma cesta de seis divisas fortes -
operou em ligeira alta, em razão das perdas do iene. Euro e libra
apresentaram leves ganhos na comparação com a moeda americana. Com a
valorização das commodities, em especial do minério de ferro, e o sinal
predominante de baixa das taxas das Treasuries, a maioria das divisas
emergentes se valorizou, mas reduziu os ganhos no fim do dia.
"O
payroll de sexta animou o mercado e se somou a melhora da perspectiva
do rating do Brasil. Isso trouxe o dólar para baixo e deve fazer a taxa
flutuar entre R$ 5,05 e R$ 5,10", afirma o economista-chefe da Frente
Corretora, Fabrizio Velloni, em referência ao relatório de emprego nos
EUA e ao fato de a agência de classificação de risco Moody's ter
alterado a perspectiva do rating do Brasil (Ba2) de estável para
positiva. "Temos um cenário doméstico ainda nebuloso, mas houve uma
melhora externa na semana passada que pode ajudar o real".
Fonte: Estadao Conteudo