Em meio a epidemia de dengue, saúde se torna a principal preocupação dos brasileiros, aponta pesquisa Ipsos

Em meio a epidemia de dengue, saúde se torna a principal preocupação dos brasileiros, aponta pesquisa Ipsos

Menções ao tema subiram ao maior nível desde o fim da pandemia da Covid-19. Percentual de pessoas que veem o país na direção errada supera numericamente os que enxergam um rumo certo

Porto Velho, Rondônia - A saúde pública voltou a ser a preocupação número 1 da população, conforme mostra nova pesquisa do instituto Ipsos divulgada nesta quinta-feira com exclusividade pelo GLOBO. Hoje, são 42% dos brasileiros os que indicam o tema como principal desafio do país, índice que era de 37% em março. O atual percentual de menções ao assunto é o maior registrado pelo levantamento “What Worries the World” desde o fim da pandemia, em 2021.

Em meio a um surto de dengue que já resultou na morte de 1.792 pessoas somente neste ano segundo os dados do Ministério da Saúde, a preocupação com o tema escalou nos últimos meses. A taxa de menções à saúde como principal problema do país é praticamente o dobro da observada globalmente (23%) — de acordo com a Ipsos, que realiza a pesquisa mensalmente em 29 países.

Dados de outro levantamento divulgado nesta semana, pelo Ipec, mostram que o governo Lula tem seu desempenho na área da saúde mal avaliado. Para 42%, as ações do governo são “ruins” ou “péssimas”, contra 29% que as consideram “boas” ou “ótimas”. Só os esforços em relação à segurança pública e ao combate à inflação têm avaliações tão negativas.

O CEO da Ipsos, Marcos Calliari, destaca que, pela segunda vez desde o início do governo Lula 3, há maioria numérica que vê o Brasil indo na direção errada (53%), enquanto 47% acreditam que o país está no rumo certo — estatisticamente, trata-se de um empate técnico entre os dois grupos.

— Isso só havia acontecido em dezembro de 2023, quando o rumo errado atingiu 51% e depois voltou a cair — diz Calliari, chamando atenção para o recuo de quatro pontos percentuais, em relação a março, na taxa dos que veem o Brasil na direção correta: — Isso reflete um momento nada favorável da visão da população sobre o governo federal.

Desde novembro, a preocupação com crimes e segurança vinha liderando o ranking de maiores angústias dos brasileiros. A insegurança foi agora mencionada por 41% dos entrevistados, uma oscilação negativa em relação aos 44% que haviam apontado esse tema na pesquisa do mês passado. Com essa variação, o Brasil caiu da sexta para a oitava posição no ranking de nações que mais se preocupam com a violência, sendo ultrapassado por Argentina (45%) e Colômbia (42%).

O terceiro tema mais reclamado pelos brasileiros foi a pobreza e desigualdade social, citado por 37% das pessoas que participaram do levantamento. O país que hoje mais manifesta essa preocupação é a Indonésia, onde 48% da população elege o tema como vilão número 1.

Globalmente, o tema com maior percentual de menções é a inflação, lembrada por 34% dos entrevistados. Esse é o maior problema para argentinos (63%) e americanos (45%), enquanto no Brasil são 24% os que consideram essa uma questão crucial na atualidade. Em todos os países pesquisados, só Hungria e Canadá apresentaram proporções maiores que o Brasil em relação às menções à saúde como principal problema: 65% dos húngaros têm essa preocupação, taxa que entre os canadenses é de 46%.

A pesquisa “What Worries the World” foi realizada por meio de um painel on-line aplicado a 25.302 pessoas de 29 países, no período de 22 de março a 5 de abril. No Brasil, foram cerca de mil respondentes entre 16 e 74 anos. O Ipsos pondera que, no país, a amostra não corresponde necessariamente a um retrato da população geral, mas sim a uma parcela “mais conectada” dos brasileiros: mais concentrada em centros urbanos, com maior poder aquisitivo e nível educacional mais elevado que a média nacional. A margem de erro é estimada em 3,a pontos percentuais para mais ou menos.


Fonte: O GLOBO

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