Segmento de serviços prestados a famílias, como hotéis e restaurantes, fica acima do nível pré-pandemia pela primeira vez
O setor de serviços fechou o ano de 2023 com alta de 2,3%, segundo dados da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) divulgados nesta sexta-feira. Foi o terceiro ano consecutivo de alta, num processo de recuperação de perdas da pandemia. O setor foi o mais atingido com as medidas de isolamento social.
- Em dezembro, houve avanço de 0,3% sobre o mês anterior, com forte crescimento dos serviços prestados às famílias (como hotéis e restaurantes).
- Foi a primeira vez que o segmento de serviços prestados a famílias ultrapassou o patamar pré-pandemia (fevereiro de 2020).
- Era a única atividade da pesquisa que ainda não havia ultrapassado esse nível desde a reabertura.
Ainda assim, a expansão em 2023 é significativa, já que nos dois anos anteriores o crescimento pós-pandemia foi forte, com avanço dos serviços digitais e transporte de carga, ressalta Rodrigo Lobo, gerente da pesquisa. Isso mostra a resiliência do setor.
— Apresentar expansão sobre dois anos que cresceram substancialmente é algo relevante — diz Lobo.
Setores de transportes e de informação, que inclui TI, puxam alta no ano
Quatro das cinco atividades da PMS tiveram taxas positivas em 2023. Os principais destaques foram os serviços de informação e comunicação (que engloba serviços de TI), com alta de 3,4% na receita das empresas, e os serviços profissionais, administrativos e complementares, com expansão de 3,7%.
Segundo o IBGE, as empresas do setor de informação, que atuam em segmentos como o de telecomunicações e desenvolvimento de softwares, foram mais demandadas nos últimos anos em função do avanço da digitalização.
Já nos serviços profissionais, administrativos e complementares, o resultado foi impulsionado pela locação de automóveis; serviços de engenharia e atividades de intermediação de negócios em geral. Os serviços de transportes, por sua vez, tiveram alta de 1,5% em 2023, com ênfase no segmento de transporte rodoviário de carga.
— É um segmento que cresceu, num primeiro momento, na esteira do aumento do comércio eletrônico e que ganhou novos impulsos com a expansão da produção agrícola, na medida em que se cria a necessidade de transporte de insumos, como adubos e fertilizantes, além de operar o próprio escoamento da colheita — afirma Lobo.
A atividade de serviços prestados às famílias, registrou expansão de 4,7% no ano. Só o setor de outros serviços teve resultado negativo, com queda de 1,8%. O segmento foi impactado pela menor receita oriunda de serviços financeiros auxiliares e administração de bolsas e mercados de balcão.
Serviços prestados à família no maior nível desde 2016
O mês de dezembro marcou a volta dos serviços prestados às famílias ao nível pré-pandemia pela primeira vez. O setor teve alta de 3,5% em dezembro e foi o último a se recuperar das perdas observadas durante a Covid-19. Agora, está no maior nível desde fevereiro de 2016.
— É um setor que veio, pouco a pouco, eliminando as perdas da pandemia. Houve uma mudança na configuração das atividades. Os serviços de aplicativos de entrega, por exemplo, acabaram se apropriando de uma parte das receitas dos restaurantes, havendo, assim, uma transferência de receita entre dois setores do setor de serviços — exemplifica Lobo.
Outra explicação para o ritmo mais lento de retomada do setor é o retorno ainda gradativo ao trabalho presencial, ou híbrido, explica o gerente da pesquisa:
— Ainda há um grande contingente de pessoas trabalhando de maneira remota, o que ajuda a transferir receita dos serviços (restaurantes) para o comércio (supermercado), por exemplo”, completa o pesquisador. Por outro lado, a retomada em bom ritmo da atividade turística ajuda ao setor de alojamento e alimentação, fundamental para a atividade de serviços prestados às famílias.
Outro destaque em dezembro foi o crescimento dos setores de transportes, de 1,3%, que interrompeu uma sequência de quatro resultados negativos seguidos. Já a atividade de serviços de informação e comunicação variou 0,2% e emplacou a terceira taxa positiva seguida. Por outro lado, tiveram recuos os serviços profissionais, administrativos e complementares (-1,7%) e os outros serviços (-1,2%).
O que esperar de 2024?
O setor de serviços foi um dos principais protagonistas do crescimento do PIB em 2023, embora tenha mostrado perda de fôlego no final do ano. Para analistas, a expectativa é de que a atividade encontre um cenário um pouco melhor do que o esperado anteriormente, apesar do desempenho deixar uma perspectiva de crescimento moderado em 2024.
O Índice de Confiança de Serviços (ICS) do FGV IBRE subiu 1,9 ponto em janeiro, para 95,7 pontos, cravando o maior nível desde outubro de 2022 (97,6 pontos).
Segundo Stéfano Pacini, economista do FGV IBRE, 2024 se inicia com melhora na confiança. Melhores avaliações na demanda para o primeiro trimestre do ano e redução do pessimismo sobre o ambiente de negócios, podem refletir na volta do crescimento do setor:
“A melhora difusa das expectativas pode ter relação com a esperança do empresário de encontrar um ambiente macroeconômico de manutenção da queda na taxa de juros e de redução do endividamento das famílias e da melhora da confiança dos consumidores e do mercado de trabalho.”, avaliou Stéfano Pacini, economista do FGV IBRE.
Fonte: O GLOBO
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