Congressistas se articulam para prorrogar por mais quatro anos as diretrizes traçadas há uma década, que valeriam até junho de 2024
Aprovado na Conferência Nacional de Educação (Conae) no dia 30, o novo Plano Nacional de Educação (PNE) deve se mais uma derrota para o ministro Camilo Santana no Congresso. O texto que o titular do Ministério da Educação pretende enviar ao Legislativo até a primeira quinzena de abril será recebido com resistência e expectativa de tramitação lenta. Parlamentares se articulam para prorrogar por mais quatro anos as diretrizes traçadas há dez anos e que valeriam até junho de 2024.
O revés para Camilo se juntaria às dificuldades de votação do projeto de lei de mudança do Novo Ensino Médio. No ano passado, o governo retirou a urgência da matéria na Câmara, diante de alterações feitas pelo relator, Mendonça Filho (União-PE).
Mas ela foi restabelecida pelos deputados. A análise ficou para este ano, após uma reunião entre o ministro e o deputado no último dia para a votação do texto em 2023. Com isso, ficou para depois a mudança no Enem, outro tema que exigirá diálogo com o Congresso Nacional.
A proposta de prorrogação do atual PNE foi apresentada na Comissão de Educação no Senado no fim de dezembro e começou a ser defendida também por profissionais da educação.
— A tramitação deve ser extensa, por isso defendemos que o plano nacional deste ano tenha o prazo de vigência estendido — disse o professor da Faculdade de Educação da USP Daniel Cara, que participou da Conae.
O PNE determina estratégias para a política educacional do país por uma década. O novo plano estipula as orientações que vão valer de 2024 a 2034. Entre as propostas aprovadas pela Conae estão a revogação da Reforma do Ensino Médio e da Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
A preocupação entre os parlamentares da Comissão de Educação da Câmara é que a análise do texto demore o mesmo (ou mais) tempo que o plano de 2014 — aprovado após quatro anos de tramitação.
— Há pontos de difícil convergência, como o Novo Ensino Médio, militarização de escolas, educação à distância, que dificultarão uma aprovação célere, o que forçará a prorrogação do atual — afirma a vice-presidente da comissão, deputada Socorro Neri (PP-AC).
‘Viés ideológico’
No texto que serviu de base para a Conae, foi pedida a “contraposição efetiva do Estado” a políticas chamadas de “ultraconservadoras” e a “desmilitarização das escolas, o freio ao avanço de processos e tentativas de descriminalização da educação domiciliar (homeschooling); às intervenções do movimento Escola Sem Partido e dos diversos grupos que desejam promover o agronegócio por meio da educação”. Capitaneadas pelas bancadas ruralista e evangélica, mais de dez frentes parlamentares assinaram nota conjunta dizendo que o texto de referência para a conferência tinha “viés ideológico” e “postura autoritária”.
Novo presidente da Frente Parlamentar Mista da Educação, o deputado Rafael Brito (MDB-AL) acha improvável que o plano seja aprovado na Casa este ano e defende a prorrogação do atual para evitar um período sem a legislação, como houve entre 2010 e 2014.
— (O texto) não vai ser aprovado se vier com qualquer conteúdo de viés ideológico, para um lado ou para outro. A prorrogação é a decisão mais factível no momento. Acho difícil aprovar nas duas Casas em um ano eleitoral — disse Brito.
A proposta de prorrogação do atual PNE foi apresentada na Comissão de Educação no Senado no fim de dezembro e começou a ser defendida também por profissionais da educação.
— A tramitação deve ser extensa, por isso defendemos que o plano nacional deste ano tenha o prazo de vigência estendido — disse o professor da Faculdade de Educação da USP Daniel Cara, que participou da Conae.
O PNE determina estratégias para a política educacional do país por uma década. O novo plano estipula as orientações que vão valer de 2024 a 2034. Entre as propostas aprovadas pela Conae estão a revogação da Reforma do Ensino Médio e da Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
A preocupação entre os parlamentares da Comissão de Educação da Câmara é que a análise do texto demore o mesmo (ou mais) tempo que o plano de 2014 — aprovado após quatro anos de tramitação.
— Há pontos de difícil convergência, como o Novo Ensino Médio, militarização de escolas, educação à distância, que dificultarão uma aprovação célere, o que forçará a prorrogação do atual — afirma a vice-presidente da comissão, deputada Socorro Neri (PP-AC).
‘Viés ideológico’
No texto que serviu de base para a Conae, foi pedida a “contraposição efetiva do Estado” a políticas chamadas de “ultraconservadoras” e a “desmilitarização das escolas, o freio ao avanço de processos e tentativas de descriminalização da educação domiciliar (homeschooling); às intervenções do movimento Escola Sem Partido e dos diversos grupos que desejam promover o agronegócio por meio da educação”. Capitaneadas pelas bancadas ruralista e evangélica, mais de dez frentes parlamentares assinaram nota conjunta dizendo que o texto de referência para a conferência tinha “viés ideológico” e “postura autoritária”.
Novo presidente da Frente Parlamentar Mista da Educação, o deputado Rafael Brito (MDB-AL) acha improvável que o plano seja aprovado na Casa este ano e defende a prorrogação do atual para evitar um período sem a legislação, como houve entre 2010 e 2014.
— (O texto) não vai ser aprovado se vier com qualquer conteúdo de viés ideológico, para um lado ou para outro. A prorrogação é a decisão mais factível no momento. Acho difícil aprovar nas duas Casas em um ano eleitoral — disse Brito.
Contrário à prorrogação, o deputado Pedro Uczai (PT-SC), argumenta que o último plano precisa ser ajustado para acompanhar o cenário educacional no Brasil. Mas reconhece que o debate “não será fácil” e demandará costuras do governo com a oposição.
— Teremos que dialogar muito. Pode ser que não ganhemos todos os pleitos. Mas os parlamentares que querem atrapalhar a tramitação são minoria.
Integrantes do alto escalão do MEC afirmam que a articulação entre a pasta e a Frente da Educação no Congresso começou ainda no ano passado e, se necessário, o governo fará uma força-tarefa pela aprovação.
No ano passado, Santana foi criticado por parlamentares por manter pouca interlocução com o Congresso. À época, o ministro afirmou cumprir seu papel na articulação da política educacional, além de ter feito mais de mil audiências com políticos de todos os partidos.
Fonte: O GLOBO
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