Contingente de 120 jovens vai passar por quatro meses de curso antes de ser integrado à tropa, tida como a linha de frente da força naval em combates
Aos 20 anos, Ana Paula Silva Flor percorreu no fim de semana os 3 mil quilômetros que separavam Belém do Rio de Janeiro, acompanhada de seu pai, para concretizar o sonho de ingressar nas Forças Armadas. Ana Paula era ontem a “01” da fila formada pela primeira turma de fuzileiras navais da História da Marinha. O contingente de 120 jovens vai passar por quatro meses de curso antes de ser integrado à tropa, tida como a linha de frente da força naval em combates.
Com as fuzileiras, a Marinha passa a ser a primeira Arma a permitir o acesso de mulheres a todos os seus cursos de formação. Foram 7 mil inscritas para o processo seletivo. Atualmente, a Força tem 8,5 mil mulheres no efetivo de 76 mil militares.
Primeira colocada no concurso de ingresso, Ana Paula estudou por mais de um ano. Até a aprovação, foram nove meses de avaliações, que envolveram provas teóricas, teste de saúde e de aptidão física. A admiração pela carreira militar veio do pai, da Aeronáutica, que a incentivou desde a infância. A meta agora é completar o curso de formação e continuar com boas notas, para se tornar também um exemplo para as jovens das próximas turmas.
— As Forças Armadas eram tidas como um ambiente do patriarcado, mas aos poucos estamos quebrando essas barreiras. Estou pronta para qualquer desafio, depois que você entra na carreira militar, você passa a pertencer à nação — comemorou.
Soldadas farão treinamento por quatro meses antes de serem integradas ao contingente — Foto: Hermes de Paula
Mais tomadas
As adaptações no Centro de Instrução Almirante Milcíades Portela Alves, o Ciampa, em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio, para receber a nova turma, incluíram o reconhecimento facial na porta dos alojamentos e câmeras de segurança no entorno, para garantir apenas o acesso das jovens às instalações.
O número de tomadas nos quartos foi ampliado, já que as futuras fuzileiras têm de fazer coque militar, com o uso de secadores de cabelo, para as atividades diárias. A enfermaria da unidade passou a adotar normas voltadas para a saúde da mulher. Os equipamentos de combate foram ajustados para as novas integrantes. Coletes e mochilas foram adaptados para corpos femininos.
Comandante de Pessoal dos fuzileiros, o vice-almirante Pedro Luiz Gueiros Taulois contou que o trabalho para receber as jovens começou há três anos. Foram feitos estudos inclusive fora do Brasil para as adaptações.
— A Marinha foi pioneira com o acesso das mulheres em seus quadros, desde a década de 1980, e a data de hoje (ontem) marca uma nova era — avaliou o vice-almirante.
A enfermeira Rosângela Costa, de 49 anos, moradora de Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio, chegou às 5h na porta do Ciampa para se despedir da filha, Nicole, de 19 anos. A mãe revelou que estava duplamente emocionada, já que o sonho de integrar as Forças Armadas, que a jovem realizava nesta segunda-feira, tinha sido o dela na infância.
— Na minha época era mais difícil de entrar. Mas acabei passando isso para ela — contou Rosângela, acompanhada da mãe, Zilda Dias da Costa, de 81 anos, que veio da Paraíba.
Comandante de Pessoal dos fuzileiros, o vice-almirante Pedro Luiz Gueiros Taulois contou que o trabalho para receber as jovens começou há três anos. Foram feitos estudos inclusive fora do Brasil para as adaptações.
— A Marinha foi pioneira com o acesso das mulheres em seus quadros, desde a década de 1980, e a data de hoje (ontem) marca uma nova era — avaliou o vice-almirante.
A enfermeira Rosângela Costa, de 49 anos, moradora de Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio, chegou às 5h na porta do Ciampa para se despedir da filha, Nicole, de 19 anos. A mãe revelou que estava duplamente emocionada, já que o sonho de integrar as Forças Armadas, que a jovem realizava nesta segunda-feira, tinha sido o dela na infância.
— Na minha época era mais difícil de entrar. Mas acabei passando isso para ela — contou Rosângela, acompanhada da mãe, Zilda Dias da Costa, de 81 anos, que veio da Paraíba.
Soldadas farão treinamento por quatro meses antes de serem integradas ao contingente — Foto: Hermes de Paula
Fabiana Damasceno, de 20 anos, estava sozinha na fila. A família ficou em Itabuna, no Sul da Bahia, de onde celebrou a aprovação da jovem, que passou cinco meses se preparando. Para conquistar a vaga, além das matérias teóricas, ela também se dedicou à corrida, treinou flexões e fez incontáveis abdominais.
— Eu tinha o desejo de servir ao meu país e de poder ajudar as pessoas, mesmo sem muito contato com a vida militar na minha cidade. Passei a gostar porque via filmes relacionados ao tema da segurança, de guerras, policiais — lembrou.
No primeiro dia de cursos, as aspirantes receberam uniformes, conheceram o centro de treinamento, fizeram exames de saúde, assistiram demonstrações das habilidades que irão desenvolver para a função, como natação e infantaria, e tiveram contatos com equipamentos da Marinha, como armas e tanques blindados.
Fonte: O GLOBO
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