Dissidente morreu na prisão, diz serviço penitenciário da Rússia; Em janeiro, ele relatou a tribunal de Moscou duras condições de sobrevivência em colônia penal no Ártico e reclamou do limite de 10 minutos para se alimentar
Antes de chegar à colônia penal em Kharp, no Ártico russo, onde cumpria pena de 19 anos de prisão por "extremismo", Navalny foi alvo de diversos ataques que levantaram suspeitas contra o Kremlin. Em 2017, o opositor afirmou ter sido atacado por um homem desconhecido com um líquido verde, fazendo com que perdesse 80% da visão de um olho e sofresse queimaduras químicas.
Em 2019, Navalny afirmou ter sido envenenado com uma substância que lhe causou uma grave reação alérgica durante uma de suas 13 passagens pela prisão. Um ano depois, o opositor ganhou as manchetes mais uma vez quando foi envenenado mais uma vez.
Ele passou mal no avião ao retornar para Moscou após alguns dias na Sibéria, onde participava da campanha para as eleições locais e regionais do dia 13 de setembro. Acredita-se que seu chá, a única coisa que ingeriu naquele dia, tenha sido contaminado no aeroporto.
O hospital alemão onde Navalny foi internado afirmou ter encontrado “sinais de envenenamento” em seu corpo, confirmando as suspeitas de seus aliados. O dissidente foi contaminado com Novichok — uma toxina da era soviética. Uma investigação independente da CNN e do grupo Bellingcat acusa o Serviço de Segurança Russo (FSB) de estar por trás da tentativa de assassinato. Putin negou a acusação e afirmou que, se fosse o caso, os agentes teriam "terminado o serviço"
O ativista anticorrupção de 47 anos era um dos poucos nomes de uma oposição real a Putin na Rússia. Ele foi preso logo que chegou ao país após passar pelo tratamento médico na Alemanha. Na época, apoiadores e a equipe do político insistiam que tanto o envenenamento quanto a prisão tiveram motivações políticas.
Em janeiro, Navalny havia aparecido em imagens pela primeira vez desde que foi transferido para uma colônia penal em Kharp, no Ártico russo, em dezembro. Na época, a equipe dele tinha ficado três semanas sem receber notícias, e pouco se sabia sobre seu estado de saúde. Há pouco mais de um mês, ele participou de uma audiência da Suprema Corte que avaliava suas queixas sobre as condições de sua detenção na Sibéria. Ele afirmou, na ocasião, que era submetido a temperaturas “congelantes”, que chegavam a 32 graus negativos.
Cadeia para 'penas perpétuas'
De acordo com o veredito de "extremismo" pronunciado contra ele, o opositor tem de cumprir a pena em uma colônia de "regime especial". Nessa categoria, a mais gravosa na Rússia e normalmente destinada aos condenados à prisão perpétua ou aos detentos mais perigosos, as condições de detenção são mais duras.
"Desde o início, ficou claro que as autoridades queriam isolar Alexei, especialmente antes da eleição presidencial", prevista para março de 2024, acrescentou Zhdanov.
De acordo com a agência Reuters, a nova prisão de Navalny é conhecida como colônia "Polar Wolf" (“Lobo Polar") e considerada uma das prisões mais difíceis de se ficar na Rússia. Os invernos são rigorosos, e a previsão é que as temperaturas caiam a cerca de 28 graus Celsius negativos na próxima semana.
Fonte: O GLOBO
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