Ministro da Justiça se reúne pela primeira vez com titular da Defesa, que defende expansão das operações de Garantia da Lei e da Ordem também para portos do Nordeste
A GLO em vigor vence em maio, e o governo deverá tomar uma decisão até lá. Da parte do Ministério da Defesa, há um desejo em ampliar as operações para portos do Nordeste, como Salvador, Pernambuco e Fortaleza. A avaliação é que, com o aperto da fiscalização nos portos do Rio e São Paulo, as facções criminosas estejam migrando para os terminais do Nordeste, que ficam mais próximos da Europa. O continente é um dos principais destinatários da droga produzida nos países andinos.
Lewandowski assumiu oficialmente o Ministério da Justiça na semana passada, após o ex-ministro Flávio Dino deixar a Esplanada para assumir uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF). Na ocasião, estabeleceu como prioridade da gestão a segurança pública e afirmou que o combate ao crime demanda mais do que "enérgica repressão policial".
Em novembro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva autorizou a GLO em portos e aeroportos do Rio e em São Paulo, em meio a uma crise na segurança pública. O governo tem investido no combate às organizações criminosas em frentes variadas, entre elas a descapitalização. As ações são coordenadas pelos ministérios da Justiça e da Defesa.
Na semana passada, o agora ex-ministro Flávio Dino apresentou um balanço da operação. Na ocasião, defendeu a ampliação da GLO para outros estados e afirmou que a decisão foi "acertada".
Caberá, agora, ao ministro Lewandowski dar continuidade ao assunto com Múcio. O tema deve começar a ser tratado nesta terça-feira e pode ter resistência pelo novo ministro da Justiça, segundo interlocutores. A previsão é que os comandantes das três Forças — Exército, Marinha e Aeronáutica — também estejam no encontro.
— Quero agradecer ao senhor (presidente Lula) e ao ministro Múcio, porque eu vou mostrar resultados aqui que mostram o acerto da sua decisão de fazer uma GLO limitada, não é uma GLO ampla. Fizemos uma reunião de avaliação em que estávamos eu próprio, o ministro Múcio, os comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica, direção da PF e da PRF e da Senasp e resolvemos propor ao senhor que o ministro Lewandowski possa continuar os estudos, conversava com ele há pouco, inclusive de outras rotas — afirmou Dino na ocasião.
Mais armas a PMs
A reunião também ocorrerá em meio à decisão do Exército de suspender a portaria que dava aval para que policiais militares tivessem até cinco fuzis em casa. A decisão foi tomada para que o Exército tivesse mais tempo de "tratativa" junto à nova equipe da Justiça. A portaria também trata sobre armas que podem ser adquiridas para acervos pessoais de policiais e bombeiros militares.
Há, ainda, um tema delicado deixado por Dino na mesa de Lewandowski. Múcio tenta desde o ano passado ter acesso aos nomes dos integrantes das Forças que se encontraram com o hacker Walter Delgatti supostamente em uma tentativa de atacar a credibilidade das urnas eletrônicas, segundo a apuração da PF. O assunto ainda está em aberto.
Fonte: O GLOBO
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