Os Bibas são um dos rostos mais emblemáticos entre os reféns, devido a Kfir, sequestrado quando tinha nove meses de idade; segundo o porta-voz, o bebê, sua mãe e seu irmão foram levados para Khan Younis
As Forças Armadas de Israel divulgaram, na segunda-feira, vídeos e imagens de câmeras de segurança que mostram membros da família Bibas alguns dias após terem sido sequestrados durante o ataque do Hamas em 7 de outubro. Segundo o porta-voz das forças israelenses, Daniel Hagari, eles teriam sido transferidos para um ponto na cidade de Khan Younis, no sul de Gaza, dominado por outro grupo palestino, não o Hamas. A região tem sido o foco da operação terrestre israelense, que invadiu o mais hospital da cidade, o Complexo Médico Nasser, e prendeu cerca de 100 pessoas.
Os Bibas tornaram-se um dos rostos mais conhecidos entre os cerca de 250 reféns: Kfir teria sido sequestrado quando tinha ainda 9 meses de idade, segundo as autoridades. Em novembro, o Hamas chegou a anunciar que o bebê, seu irmão, Ariel, e sua mãe, Shiri, teriam sido mortos em um bombardeio israelense em Gaza, o que estaria sendo averiguado pelo Exército de Israel.
O conteúdo foi revelado em entrevista coletiva pelo porta-voz das forças israelenses. Em um dos vídeos, Shiri Bibas aparece cercada por cinco homens armados. Ela é envolta em uma espécie de manto por eles para "escondê-los", segundo Hagari. Em outras imagens, é possível ver a mulher sendo conduzida até um veículo, onde foi obrigada a entrar. Não é possível ver Kfir e Ariel nas gravações, e o porta-voz sugere que eles estejam sendo segurados junto ao corpo da mãe.
O porta-voz explica que, segundo as imagens e a inteligência israelense, a família Bibas foi sequestrada por volta de 10h da manhã durante o ataque em outubro e colocada em um carro com os terroristas. Ainda segundo Hagari, eles teriam sido transferidos para outro veículo e levados para um local que pertence a outro grupo, o Kataeb Mujahideen, no leste de Khan Younis. Ele pontua ainda que Shiri e as crianças chegaram com alguns terroristas e se juntaram a mais oito nesse local. Yarden, pai dos meninos, ainda estaria em poder do Hamas.
— Estamos preocupados com o bem-estar de Shiri, Ariel e Kfir. Ver essa jovem mãe, segundo seus bebês, cercada por um grupo de terroristas armados, é horrível e de partir o coração. — disse o porta-voz, em um vídeo divulgado no X (antigo Twitter).
Na época do ataque terrorista contra o Estado judeu, vídeos e imagens de Shiri segurando as duas crianças circularam na internet. Eles estavam envoltos em um cobertor branco, enquanto homens armados o cercavam. Em novembro, Hagari já havia afirmado que a família não havia sido sequestrada diretamente pelo Hamas, mas por outro grupo palestino em Gaza, embora destacasse que "a responsabilidade pelo seu destino [da família Bibas] recaia igualmente” sobre o grupo.
Momento em que os dois irmãos foram capturados — Foto: Reprodução
Após a divulgação do material, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, citado pelo jornal israelense Haaretz, disse que o vídeo é "de cortar o coração" e o lembra que estão lidando "com cruéis sequestrados de bebês". Em inglês, ele acrescentou: "Levaremos esses sequestrados de bebês e mães à Justiça. Eles não vão se salvar dessa."
Os irmãos Kfir e Ariel Bibas foram sequestrados junto dos pais, Yarden e Shiri, no kibutz Nir Oz durante o ataque sem precedentes de 7 de outubro, que deixou 1,2 mil mortos e fez cerca de 240 reféns, segundo as autoridades israelenses. Kfir é o refém mais novo de quase 30 crianças sequestradas e passou mais de um quinto da vida em cativeiro.
Uma declaração em nome da família Bibas, que segundo Hagari teria sido consultada e autorizou a divulgação do material, diz que "é insuportável e desumano" ver seus parentes nessas condições. "Estamos fazendo um apelo desesperado a todos os tomadores de decisão em Israel e no mundo que estão envolvidos com as negociações: Tragam-nos para casa agora. Deixem claro para o Hamas que o sequestro de crianças é inaceitável. Façam com que essas crianças sejam a primeira condição em qualquer acordo."
No dia 29 de novembro, o braço armados do Hamas, as Brigadas Ezzedine al-Qassam, anunciou que Kfir, Ariel e Shiri foram mortos em bombardeios israelenses em Gaza, após mostrar Yarden em cativeiro, em um vídeo, segundo o Haaretz. O Exército de Israel disse, na época, que estava checando a confiabilidade da informação. Não foram divulgadas mais informações sobre Yarden.
O Hamas e outros grupos terroristas aliados, como a Jihad Islâmica, sequestraram cerca de 250 pessoas durante o ataque de 7 de outubro do ano passado, segundo o balanço de autoridades de Israel. Desse total, Hagari afirmou que ainda há 134 pessoas em cativeiros do movimento palestino que governa a Faixa de Gaza e de outros extremistas. Em novembro, no último acordo entre as partes, mediado pelos EUA, Egito e Catar, 110 cativos — mulheres e menores de idade — foram libertados em troca de 240 palestinos detidos em prisões israelenses. Os Bibas não foram incluídos na lista.
Na quinta-feira passada, Israel invadiu o maior hospital de Khan Younis, o Complexo Médico Nasser, sob a alegação de que o Hamas já havia mantido sequestrados no hospital, e que os corpos poderiam estar no local. Uma pessoa morreu na operação. Os militares, no entanto, não divulgaram as evidências. A ação continuou nos dias seguintes, e cerca de 100 pessoas foram presas no sábado por suspeita de ‘atividade terrorista’, segundo as forças israelenses. No dia seguinte, a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que o complexo “não é mais funcional”.
Fonte: O GLOBO
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