Diante do impasse sobre os rumos da CPI da Braskem no Senado, lideranças do MDB ligadas ao senador buscam nova frente para investigar contratos da empresa
O movimento representa mais um capítulo da rivalidade entre Renan e o presidente da Câmara, que estará no palanque do prefeito no pleito deste ano.
Com sete assinaturas, o pedido para criar uma comissão para apurar eventuais irregularidades em contratos firmados pela empresa com a prefeitura de Maceió não teve adesão de cinco dos oito vereadores do MDB — a maior bancada do Legislativo municipal, que tem 25 parlamentares. São necessárias ao menos nove assinaturas para que o colegiado seja instaurado. Nesse caso, cabe ao presidente da Casa apenas publicar a criação da comissão.
Diante de insatisfação da ala de Renan Calheiros com a posição dos correligionários, o diretório municipal anunciou a perda de espaço do grupo divergente na executiva local da sigla.
— Os vereadores que não cumpriram o que ficou decidido pela executiva estão com as atividades partidárias suspensas. Não representam mais o MDB — afirmou o deputado federal Rafael Brito, presidente municipal da sigla.
O deputado acusa JHC de ter usado a aplicação de recursos de emendas parlamentares e nomeações a cargos na gestão municipal para atrair emedebistas para a base. Entre eles, está Chico Filho, que indicou o irmão Felipe Holanda para a secretaria adjunta de Gestão de Pessoas de JHC. Já o presidente da Casa, Galba Neto (MDB), indicou o secretário municipal de Meio Ambiente, Marcos Cavalcante.
Próximo a Renan Calheiros, Rafael Brito é tido como potencial pré-candidato do MDB em Maceió, e deve enfrentar JHC, que vai tentar a reeleição em outubro.
Rivais nas urnas
Interlocutores do prefeito afirmam que a movimentação do MDB pela comissão especial mostra a ingerência da sigla com a sua própria bancada. Na Câmara Municipal, parlamentares de oposição apontam que houve acordo entre integrantes da base, encampado por aliados do prefeito, para não assinar o pedido. JHC nega ter tratado do assunto com qualquer vereador.
— A maioria dos vereadores é da base. Nós, da oposição expressa, somos entre sete e oito — afirma Teca Nelma (PSD), autora do requerimento.
A vereadora diz buscar uma atuação coordenada com a CPI da Braskem, instaurada no Senado em dezembro, caso o colegiado saia do papel.
Ao GLOBO, JHC afirmou que a discussão de uma comissão especial neste momento se volta para interesses de olho no pleito de outubro:
— A grande motivação é que estamos em ano eleitoral, e esses factoides acabam sendo criados. O acontecimento foi em 2018. Por que levantar só agora? Eles tinham mandato ou ocupavam cargos públicos, e não tinha nenhuma manifestação.
A disputa em Maceió se nacionalizou diante do incômodo de aliados de Renan Calheiros no Congresso, mirando a redução de influência de Lira em Alagoas.
As desavenças históricas entre as famílias voltaram à tona no ano passado, quando o governo federal agiu para botar panos quentes na troca de farpas. Os atritos devem agora se intensificar com a disputa por prefeituras pelo estado. A estratégia de expandir a influência no território mira a campanha para uma cadeira no Senado em 2026, visada tanto por Lira quanto por Renan.
Fonte: O GLOBO
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