'Rodovia da morte': entenda a obra de duplicação da BR-381, que une Lula, Zema e Pacheco

'Rodovia da morte': entenda a obra de duplicação da BR-381, que une Lula, Zema e Pacheco

Entre janeiro de 2021 e outubro de 2023, a PRF foi notificada de 440 mortes e sete mil acidentes na estrada federal; presidente anunciou edital para licitação de 31,4km localizados na saída de Belo Horizonte

O governador Romeu Zema (Novo) apontou nesta quinta-feira ao presidente Luiz Inácio Lula da Sivla (PT) a duplicação da BR-381, rodovia federal que liga o Espírito Santo a São Paulo, como uma das prioridades para o estado. Conhecida como “rodovia da morte”, a obra é um consenso entre os políticos, desde Lula e Zema até o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

O motivo desta emergência reconhecida pelos mandatários pode ser identificado em dados de ocorrências registradas no trajeto. Segundo a Polícia Rodoviária Federal, entre janeiro de 2021 e outubro de 2023, foram registradas 440 mortes e 7 mil acidentes.

Nesta quinta-feira, no evento em que o governo federal anunciou R$ 121,4 bilhões provenientes do novo Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), Lula indicou que uma nova estratégia será adotada para a estrada. Dois lotes localizados na entrada de Belo Horizonte serão licitados via edital que será lançado até abril deste ano, com a participação de empresas privadas. O investimento federal estimado é de R$ 10 bilhões.

Também no evento, o ministro dos Transportes, Renan Filho, sinalizou que está será a “cartada final” do governo:

— O risco não pode ser assumido inteiramente pelo setor privado porque depois vem uma chuva e como uma empresa vai refazer o trecho sozinha? O investimento privado tem uma lógica de retorno. (...) Conversei com o presidente e ele me disse: “Se a iniciativa privada não quiser assumir, eu vou assumir a responsabilidade e vou determinar o Exército que enverede todos os esforços para duplicar a rodovia.

Ao GLOBO, o vice-governador Mateus Simões (Novo) viu com preocupação o possível acionamento do Exército caso não haja interesse da iniciativa privada.

— Ficamos felizes com a fala do presidente porque mostra que ao menos há a preocupação com a rodovia, imagina se falasse outra BR qualquer. Mas Lula falou em chamar o Exército e é uma obra muito grande, muito maior que qualquer uma que o exército tenha conduzido. Então estamos receosos que a BR-381 acabe não saindo do papel — disse.

Investimentos em MG

Além da BR-381, Zema solicitou prioridade na relicitação das BRs 040 e 262, além de agilidade no Acordo de Mariana e da renegociação da dívida pública do estado, hoje avaliada em R$ 165 bilhões. Entre os investimentos já anunciados na agenda, R$ 36,7 bilhões serão aplicados em obras dentro do território mineiro e o resto do montante perpassa outras unidades da federação.

As áreas que receberão mais recursos são as de transição e segurança energética (R$ 47 bilhões), ferrovias (R$ 28,3 bilhões), inclusão digital (R$ 3,2 bilhões) e sustentabilidade (R$ 1,5 bilhão).

O governo ainda divulgou a criação do PAC Seleções, programa que destinará outros recursos públicos para obras selecionadas que serão divulgadas após o feriado de Carnaval. Nesta primeira fase, em âmbito nacional, o programa contará com R$ 65,4 bilhões. No caso de Minas, 4225 propostas foram enviadas e, no caso de não serem escolhidas, poderão ser apadrinhadas por parlamentares em suas emendas impositivas.

Saia-justa

Durante a solenidade, o governador foi vaiado pelos presentes, que entoaram gritos de "Vacina, sim" e "Fora, Zema". Antes do início, a recomendação da Presidência era de que a plateia não se manifestasse, mas haviam até mesmo cartazes com o personagem "Zé Gotinha", de incentivo a imunização.

A situação rendeu uma saia-justa para o governador que deixou o evento às 12h55, exatamente dez minutos antes das demais autoridades, como o próprio chefe do Executivo, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), o da Assembleia Legislativa, Tadeu Martins Leite (MDB), e o prefeito Fuad Noman (PSD).

Em dado momento, Zema deixou a mesa, na qual estava sentado ao lado de Lula, e disse que iria ao banheiro. No entanto, ele passou minutos fora da sala, caminhando, e logo retornou ao seu lugar. O encontro privado que havia sido pleiteado pelo governador também não ocorreu: os dois conversaram entre cochichos ao longo do evento.


Fonte: O GLOBO

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