Bianca Moreira Carneiro, 43 anos, pediu ajuda à Interpol para reencontrar as duas crianças, que foram levadas pelo seu ex-marido para o país do Oriente Médio, na páscoa de 2022; entenda o caso
Já são quase dois anos que a professora do Distrito Federal Bianca Moreira Carneiro, 43 anos, tenta trazer suas duas filhas gêmeas do Líbano de volta para o Brasil. As meninas, com 4 anos à época, foram passar a Páscoa com o pai, que as levou para o seu país de origem. Uma decisão do Tribunal de Justiça do DF e Territórios (TJDFT), determinou a busca e apreensão das menores. No entanto, a execução da decisão é inviabilizada porque o Líbano não faz parte da Convenção de Haia.
Ao GLOBO, Bianca contou que a Justiça pediu ajuda à Interpol para intermediar e trazer as crianças para casa.
— Houve uma publicação no Diário de Justiça (agosto/22), em que o juiz solicita à Polícia Federal a inclusão dos nomes no alerta da Interpol. — contou a professora.
Segundo ela, desde que as filhas passaram a morar no país do Oriente Médio, o contato passou a ser esporádico com as gêmeas, que têm apenas 5 anos. Bianca disse ainda que elas não conseguem mais se comunicar em português e foram privadas de conversar com a mãe.
— Consegui me comunicar com elas no início de janeiro, mas é um contato muito mais “emocional”, pois há a barreira da língua. Eu não as entendo nem elas a mim, mas o amor e a saudade são perceptíveis — disse a mãe das meninas, que acrescentou ser "angustiante" a ausência de contato.
—A ausência de contato é sempre angustiante. Ele me bloqueou nos telefones da família, então não temos contato; com exceção da irmã dele, que sempre foi cordial comigo, porém se manifestou contrária à minha manifestação pública em busca de solução, visto que eu estaria prejudicando a vida dele — afirmou.
Ida ao Líbano
As meninas foram levadas pelo pai, que é ex-marido de Bianca e cidadão libanês, para o país do Oriente Médio na Páscoa de 2022. Já se passaram quase dois anos e a educadora não sabe quando vai poder reencontrar as filhas. Sobre uma possível ida para o Líbano para tentar reencontrar as filhas, Bianca afirmou "não ter segurança, nem garantias".
— Não posso viajar para o Líbano. Soube que o casamento lá é indissolúvel, portanto ele teria poderes sobre mim. Não tenho segurança nem garantias.— ressaltou.
Apoio nas redes sociais
Bianca criou um perfil nas redes sociais falando sobre sua situação. Na conta, a educadora conta as atualizações de seu caso e também compartilha o apoio que recebe dos internautas, o que a faz se sentir acolhida.
No perfil @maternidade_roubada, no Instagram, Bianca Carneiro conta toda a história de como as filhas foram parar no Líbano para os seguidores. “Um pedido de socorro”, descreve a bio da página.
O caso
Bianca e o libanês assinaram a união estável em 2017. No ano seguinte, nasceram as gêmeas. Em 2021, a professora do ensino privado do DF decidiu se casar no civil. Segundo a docente, o casamento era preciso para ele registrar as meninas no Líbano. Depois de uma relação conturbada, o divórcio foi pedido em fevereiro de 2022, poucos meses antes de as meninas irem para o Líbano. "Nunca imaginei que ele faria isso", lamenta a mãe.
Bianca conta que em 2021 eles assinaram uma procuração que permitia que apenas um dos genitores emitisse os passaportes das gêmeas. No documento também constaria uma observação permitindo que as meninas viajassem para fora do país com apenas um dos responsáveis. Essa procuração foi sugerida na época com o adoecimento do avô paterno das gêmeas, que ficou em estado grave após contrair Covid-19. De acordo com a professora, o ex-sogro teve uma melhora e os passaportes não foram emitidos na ocasião.
"Nessa ocasião, decidimos viajar para o Líbano, então fomos ao cartório e fizemos uma procuração mútua para que um de nós pudesse emitir os passaportes das meninas com a observação de que elas poderiam viajar desacompanhadas de um dos pais. No fim, houve uma melhora no quadro do meu ex-sogro e não saímos do Brasil".
Depois de deixar as filhas passarem a Páscoa com o pai, Bianca recebeu o telefonema do ex-marido que mudou sua vida.
"Na noite do dia 17, recebi uma ligação e ouvi as seguintes palavras: “eu e as meninas estamos no Líbano”. A palavra desespero não é suficiente para descrever o que senti naquele momento. Um mês depois de completarem quatro anos, minhas duas filhas estavam do outro lado do mundo sem mim, sem meu conhecimento, sem meu consentimento", escreveu em uma de suas postagens.
Segundo Bianca, o genitor havia emitido os passaportes em um outro momento e por isso deixou o país com as filhas "legalmente". Porém, o documento dava a condição de que houvesse uma data prevista de retorno, que seria junho de 2022. Desde então, ela não viu mais as filhas.
"Quando as meninas foram levadas, descobri que ele não só havia emitido os passaportes delas sem o meu conhecimento, mas havia revogado a minha procuração. Ele só não se atentou a um detalhe: a observação no passaporte determinava que as crianças saíssem do país com passagem de retorno ao Brasil emitida. Seguindo a regra, minhas filhas deveriam ter retornado em 21/06/22 e, como isso não aconteceu, configurou-se a ilegalidade", detalha a professora.
Fonte: O GLOBO
Tags:
Brasil