Autor da liminar que impediu indicação de Filipe Mello à Casa Civil, João Marcos Buch tem uma cicatriz no rosto
O governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL), comentou nesta quarta-feira a desistência de seu filho, Filipe Mello, em assumir a Casa Civil. Em coletiva de imprensa, o bolsonarista afirmou que seu parente não precisa de "boquinha" e usou o espaço para alfinetar o desembargador João Marcos Buch, do Tribunal de Justiça (TJSC). Em sua fala, o governador disse chamou a oposição de "boca torta", em alusão a uma cicatriz no rosto do magistrado que, na semana passada, concedeu uma liminar que impedia a nomeação de Filipe por nepotismo.
— Primeiro, o Filipe não precisa de emprego. Ele sempre me ajudou e vai continuar ajudando (...) Para que criar polêmica? O governo está voando. Para que dar margem para alguma oposição boca torta, que talvez encoste um filho para ganhar uma boquinha. A gente não precisa disso, graças a Deus – disse Jorginho Mello.
A cicatriz no rosto de Buch data de um acidente com uma arma de fogo que ocorreu quando o desembargador tinha apenas dez anos. Na ocasião, durante uma brincadeira, levou um tiro de raspão de seu irmão, que achava que a arma estava descarregada.
A referência sutil logo foi percebida por professores e políticos da região, que comentaram a fala do governador nas redes sociais. "Além de defensor de nepotismo, Jorginho desrespeita não apenas um desembargador, mas todo judiciário catarinense", disse Leonel Camasão, do PSOL.
A nomeação de Filipe havia sido questionada pelo partido de esquerda no TJSC e acatada por decisão do desembargador. Na segunda-feira, contudo, a liminar terminou derrubada. No dia seguinte, Filipe afirmou que havia desistido de ocupar o cargo.
O advogado confirmou sua decisão em suas redes sociais, que são privadas para o grande público. No texto, o filho do governador afirmou que ele e seu pai decidiram que seria melhor que ele continuasse a auxiliar o governo do lado de fora. "Quem nos conhece sabe da relação que temos e sabe que não preciso de emprego. Minha vida está solidificada na advocacia, profissão pela qual sou apaixonado e exerço na sua plenitude. Transparência e confiança sempre nos pautaram", escreveu.
Ele também agradeceu pelas pessoas que reconheceram sua capacidade técnica e ironizou as críticas afirmando que seu defeito seria "biológico": “Ser filho".
Postagem de Filipe Mello — Foto: Reprodução
Desde 2008, a súmula vinculante nº 13 do Supremo Tribunal Federal (STF) caracteriza como nepotismo a nomeação de cônjuge, companheiro ou parente até terceiro grau ou por afinidade. Mas a legislação não tem efeito sobre os chamados cargos políticos, ou seja, é permitido a nomeação no primeiro escalão de governo.
Sem nunca ter concorrido a um cargo eletivo, Filipe Mello já passou por alguns cargos no estado antes de sua nomeação. Entre 2011 e 2012, na gestão do ex-governador Raimundo Colombo (PSD), foi secretário de Planejamento, e, em 2013, foi nomeado na Secretaria de Estado de Turismo, Cultura e Esporte.
O currículo de Filipe Mello
Filipe Mello é advogado militante com atuação destacada em Direito Público. Além da atuação como advogado, possui vasta experiência na gestão pública. Na Prefeitura de Florianópolis, exerceu os cargos de Secretário de Administração (2005-2006) e de Secretário da Casa Civil (2017-2018). Também atuou como Secretário de Estado do Planejamento (2011-2012), Secretário Executivo de Assuntos Internacionais (2013-2014) e Secretário de Estado de Turismo, Cultura e Esporte (2014-2016).
Fonte: O GLOBO
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