Tarifa média subiu 57% nos EUA, enquanto no Brasil alta foi de 32%, mostra comparativo feito pela Abear
As passagens aéreas no mercado doméstico americano aumentaram 55,88% entre 2019 e o primeiro semestre de 2023, enquanto no mesmo período a alta no Brasil foi de 31,25%, mostra um levantamento feito pela Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) com dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e do Bureau of Transportation Statistics, dos EUA.
O aumento quase 80% maior nos EUA em relação ao que foi praticado no Brasil acontece a despeito das companhias aéreas americanas terem recebido ajuda bilionária na crise provocada pela Covid-19, e do fato de o mercado dos EUA ser mais competitivo do que o brasileiro.
A comparação das tarifas foi feita a partir do yield nominal, que representa o preço pago por quilômetro voado, sem levar em conta a inflação do período. Na conversão para o real, o yield nominal no mercado doméstico americano saiu de R$ 0,34 para R$ 0,53. No mesmo período, o yield no mercado doméstico no Brasil saiu de R$ 0,32 para R$ 0,42.
Já a tarifa média padrão para um trecho de 1000 km nos EUA saiu de R$ 338,42 para R$ 532,56 entre 2019 e o primeiro semestre de 2023 — alta de 57,36%. No Brasil, no mesmo período, a tarifa média para o mesmo trecho saiu de R$ 315,53 para R$ 417,36: alta de 32,27%. Os dados são nominais (sem descontar a inflação).
Além da alta nos custos de combustível e outros insumos, o setor sofre com um descompasso entre oferta de assentos e a demanda por voos. Esta veio forte no pós pandemia, mas os fabricantes de aviões e peças não conseguiram adequar a produção à demanda das companhias aéreas.
No Brasil, a oferta de assentos em novembro no mercado doméstico ficou 3% abaixo da oferta de novembro de 2019, enquanto a demanda ficou 2,5% abaixo no mesmo período de comparação. No mercado internacional, a demanda já superou o período pré-pandemia: está 0,3% acima de 2019, enquanto a oferta de assentos está 0,1% abaixo.
—A alta de preços não afeta só o Brasil. Ela acontece nos EUA, na Europa. Além da alta nos custos como de combustível, vivemos uma combinação de demanda aquecida e oferta de assentos reduzida. Houve atraso na entrega de aeronaves, e de partes e peças de manutenção que comprometeram a cadeia de suprimentos — diz Jurema Monteiro, presidente da Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas).
Levando em conta a inflação, entre outubro de 2019 e outubro de 2023, a tarifa média real no Brasil subiu 26,3% (de R$ 587,26 para R$ 741,47). No mesmo período, o querosene de aviação aumentou 92%, para R$ 4,44 o litro. O preço chegou a subir mais, atingindo R$ 5,06 em outubro de 2022, recuando 12% doze meses depois.
— É do interesse das empresas garantir condições para transportar mais passageiros. Isso depende de um ambiente estável, com custos reduzidos que possibilitem às empresas estabilizarem seu caixa para poder ampliar a frota e aumentar a oferta de assentos — diz Jurema.
Fonte: O GLOBO
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