Domingo, 16 de março de 2025

Filha de policial envenenado em Goiânia compartilha áudio do pai em última vez que se viram: 'conversa tão louca'

Filha de policial envenenado em Goiânia compartilha áudio do pai em última vez que se viram: 'conversa tão louca'

Na gravação encaminhada a uma tia de Maria Paula Alves, a vítima, feliz, conta que saiu para tomar sorvete em um momento pai e filha, em Goiânia

A filha do policial civil Leonardo Pereira Alves, de 58 anos, morto por envenenamento em Goiânia (GO), compartilhou um áudio do pai relatando como havia sido a última vez que eles se encontraram pessoalmente. Na gravação encaminhada a uma tia de Maria Paula Alves, a vítima, feliz, conta que saiu para tomar sorvete em um momento pai e filha. Os dois só deixaram o local quando os donos do estabelecimento afirmaram que estavam encerrando as atividades do dia.

— Ela (Maria Paula) chegou lá (na sorveteria) 17h15 mais ou menos. Cara, nós ficamos lá até agora, porque o povo começou a recolher as cadeiras e falou "eu tô fechando". Entramos numa conversa tão louca, eu peguei um sorvete, e começamos a conversar e falar e falar e falar. E ela falou: "pai, vamos repetir?". Aí nós fomos conversar de milhões de coisas. Parece que assim, quando ela veio aqui para chácara, a gente tem que conversar com as outras pessoas, já não pode ficar só a gente conversando. Não temos um tempo nosso mesmo, nós éramos acostumados a fazer isso direto — contou Leonardo.

No áudio, o policial explica que esses momentos mais descontraídos com a filha passaram a ser escassos depois que ela se mudou para Brasília. Na ocasião em que foram tomar sorvete, Maria Paula estava a passeio em Goiânia para visitar a família.

— Agora ela veio para Goiânia e vai ficar esse mês aqui. Foi bom, cara... Só saímos de lá porque o povo queria fechar, se não, nós tínhamos conversa para meia hora, uma hora para frente ainda. Ela rio, falou "desculpa". (Os atendentes responderam) "não, vocês estavam num papo tão bom que nem queria interromper vocês" — finalizou Leonardo.

Suspeita levou café da manhã para vítimas

A Polícia Civil de Goiás descarta as chances das mortes do policial civil Leonardo Pereira Alves, de 58 anos, e sua mãe, Luzia Tereza Alves, de 86, estarem relacionadas com intoxicações alimentares ou qualquer causa natural. Segundo as autoridades, os dois morreram após serem envenenados por Amanda Partata Mortoza, de 31 anos. Segundo a Delegacia Estadual de Investigações de Homicídios, o inquérito policial tem "mais de 150 páginas de uma investigação minuciosa".

Leonardo, de 58 anos, e a mãe dele, de 86, morreram após comerem doces de um estabelecimento em Goiânia (GO) — Foto: Reprodução

Agora, a polícia enfrenta o desafio de comprovar as mortes por envenenamento. Inicialmente, havia sido apontada a possibilidade de doces comprados em uma confeitaria de Goiânia terem sido envenenados. No decorrer da investigação, surgiu outra hipótese, a de um suco com veneno ter sido o instrumento do crime.

Amanda passou três horas na residência após oferecer as comidas às vítimas. A Polícia aponta que ela pode ter limpado os utensilios de cozinha ou, até mesmo, ter levado eles quando deixou a residência. Isso dificultaria o trabalho da investigação em determinar como teria se dado o envenenamento.

Ainda assim, segundo o delegado Carlos Alfama, a certeza dos homicídios está mantida.Durante a coletiva de imprensa realizada nesta quinta-feira, a perícia afirmou que seria "impossível duas pessoas sadias morrerem de causas naturais dessa maneira".

A possibilidade do suco ter sido o meio utilizado foi levantada após a reação de Amanda durante o interrogatório, segundo Alfama.

Possível envenenamento com suco

Outro indício que aponta que o suco foi envenenado é que Amanda teria comido os doces e o bolo, mas não ingeriu a bebida, diferentemente das vítimas.

— Ainda que a polícia não encontre veneno algum, a certeza da morte por envenenamento se mantém. Ela esteve por três horas na residência antes de ir embora, sabemos que ela comeu, mas não bebeu o suco. No interrogatório, quando falamos que os bolos foram apreendidos, Amanda não esboçou reação, mas "travou" quando falamos sobre o suco — detalhou o delegado.

Existe ainda a possibilidade do envenenamento ter ocorrido por um alimento que não foi recolhido pela perícia

— Em relação ao envenenamento, doenças transmitidas por alimentos têm percursos diferentes. Está descartado intoxicação alimentar, e vamos buscar as substâncias que causaram as duas mortes. Embora tenham sido coletados os alimentos e o suco, existe a possibilidade de envenenamento por um alimento que não foi coletado. Mais de 300 pesticidas são analisados procurando compatibilidade — explicou o perito Olegario Augusto da Costa Oliveira.

Durante o interrogatório, Amanda se recusou a fornecer a senha de seu celular e forjou um vômito, segundo os investigadores.

Histórico de crimes

Segundo a polícia, Amanda Partata Mortoza já forjou gravidez anteriormente. Ela também é suspeita de aliciar crianças de 10 a 16 anos durante um estágio de psicologia em uma escola. Apesar de se apresentar como 'terapeuta comportamental' em seu Instagram, o nome de Amanda não consta no Cadastro Nacional de profissionais inscritos. Na OAB, aparece como 'regular'.

Além disso, durante a coletiva, o delegado Carlos Alfama divulgou uma acusação de um estelionato que teria sido praticado por Amanda no Rio de Janeiro.

Entenda o caso de envenenamento em Goiânia

Léozão, como era conhecido, e sua mãe passaram mal, na última segunda-feira, após comerem doces. A doceria fabricante dos alimentos, famosa em Goiânia, chegou a ficar em evidência, mas sua responsabilização foi descartada ainda nesta terça-feira, após a abertura do inquérito

O caso veio à tona após uma publicação feita pela filha de Leonardo, a médica Maria Paula Pereira Alves, de 26 anos. Era uma homenagem emocionada ao pai, escrita ainda na madrugada após sua morte, mas que chamou atenção também por revelar que, antes de morrer, ele havia comido doces da famosa lanchonete goiana. Ela dizia que o pai "acordou, comeu um alimento comprado em um estabelecimento famoso e com credibilidade, mas acabou passando mal."


Fonte: O GLOBO

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