Vítimas eram levadas de olhos vendados para fábricas da organização criminosa, em Divinópolis (MG); Justiça determinou bloqueio de R$ 20 milhões em bens dos investigados
A corporação cumpre, ao todo, 11 mandados de prisão preventiva, 13 mandados de prisão temporária e 35 mandados de busca e apreensão expedidos pelo Juízo da Justiça Federal em Belo Horizonte. O judiciário também determinou o sequestro de bens e valores pertencentes a 38 pessoas físicas e 28 pessoas jurídicas, em um total que chega a R$ 20 milhões. As ordens judiciais são cumpridas em 19 municípios de cinco estados.
Após serem cooptados no Paraguai, as vítimas eram levadas às fábricas da quadrilha de olhos vendados e sequer sabiam o local onde se encontravam. De acordo com a PF, os paraguaios tinham a liberdade tolhida e permaneciam "reclusos, sob vigília, e incomunicáveis, por vários meses, no interior dos estabelecimentos".
As vítimas ainda tiveram seus celulares confiscados e foram impedidos de ter qualquer acesso ou contato com o mundo exterior.
Cigarros de marcas paraguaias
A organização criminosa é investigada por falsificação, contrabando, descaminho de maquinário utilizado na fabricação de cigarros, tráfico de pessoas, trabalho análogo à escravidão, falsificação e uso de documentos falsos, lavagem de dinheiro, crime contra as relações de consumo e contra os registros de marcas.
A PF apurou que os cigarros falsificados produzidos pelos trabalhadores escravizados eram de marcas paraguaias. Os produtos eram comercializados como se fossem contrabandeados do Paraguai.
"A distribuição dos cigarros falsos era feita em caminhões com a ocultação destes produtos atrás de cargas de calçados produzidos na região de Nova Serrana/MG", informou a Polícia Federal.
Os mandados foram cumpridos em residências, galpões e empresas pertencentes ou ligadas aos envolvidos. Os endereços ficam nas cidades de Manaus/AM, Capim Grosso/BA, Belo Horizonte/MG, Divinópolis/MG, Itaúna/MG, Nova Lima/MG, Nova Serrana/MG, Pará de Minas/MG, Pitangui/MG, São Gonçalo do Pará/MG, Barueri/SP, Carapicuíba/SP, Indaiatuba/SP, Osasco/SP, Santana de Parnaíba/SP, São Caetano do Sul/SP, São Paulo/SP, Taiuva/SP e Nova Ipixuna/PA.
A operação da PF, denominada "Illusio", é realizada em conjunto com a Receita Federal e com a cooperação do Ministério do Trabalho. Mais de 165 policiais federais participam da ação.
Fonte: O GLOBO
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