Israel diz que encontrou segundo corpo de refém perto de Hospital al-Shifa

Israel diz que encontrou segundo corpo de refém perto de Hospital al-Shifa

Judith Weiss foi sequestrada no kibbutz Be'eri, no dia 7 de outubro, e seu corpo foi achado dentro do complexo do Hospital al-Shifa, invadido pelos militares na terça-feira

As Forças Armadas de Israel disseram ter encontrado, nesta sexta-feira, o corpo de dois reféns na contraofensiva ao Hospital al-Shifa, na Faixa de Gaza, e não apenas um, como foi divulgado nesta quinta-feira. 

O segundo corpo seria da jovem Noa Marciano, de 16 anos, que veio a óbito na terça-feira. Nesta semana, as forças israelenses já haviam divulgado que o corpo de Judith Weiss estava dentro do complexo, local invadido pelo Exército na terça-feira, alegando que seria usado como base operacional do Hamas. Segundo representantes do governo, Weiss foi "assassinada por terroristas".

“O corpo de Noa Marciano foi retirado pelas tropas do Exército israelense de uma estrutura anexa ao hospital al-Shifa, na Faixa de Gaza, e foi levado para o território israelense", afirma um comunicado militar, cita.

O corpo de Judith Weiss, de 65 anos, também teria sido recuperado próximo ao al-Shifa, segundo o Exército israelense em uma publicação no X (antigo Twitter).

Weiss foi capturada no dia 7 de outubro no kibutz Be'eri, perto da divisa com Gaza. Segundo o jornal Haaretz, ela trabalhava no jardim de infância do local, coordenava as atividades no refeitório e atuava como enfermeira. Por vários dias, acreditou-se que o marido dela, Shmulik, estava entre os reféns, mas pouco depois o corpo dele foi identificado. O casal tinha cinco filhos.

Segundo os militares israelenses, não foram encontrados combatentes do Hamas na sala onde estava o corpo.

Disputa narrativa no al-Shifa

O corpo da cabo Marciano é o segundo que o Exército israelense diz ter encontrado próximo ao al-Shifa, o maior e mais importante hospital do enclave palestino. O primeiro foi de Judith Weiss, de 65 anos. No comunicado da sua morte, feito através de uma publicação no X (antigo Twitter), as forças israelenses alegam que, no mesmo edifício que os restos mortais de Weiss foram encontrados, também foram apreendidos “equipamentos militares e armas do tipo Kalashnikov e um míssil RPG [granada lançada por foguete."

Israel tem acusado o complexo hospitalar de ser uma “base militar” do Hamas, que se utilizaria da proteção garantida a instalações médicas pelas leis internacionais que regem conflitos armados. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, em entrevista ao CBS Evening News, disse que havia ainda “fortes indícios” de que o grupo terrorista mantinha os reféns na unidade, o que justificaria a invasão de terça-feira: “[foi] uma das razões pelas quais entramos.”

As imediações do Hospital al-Shifa vinham sendo alvo de intensos combates urbanos, e soldados israelenses “cercaram totalmente” a unidade no último sábado. O último gerador em funcionamento do local foi destruído em um intenso bombardeio no mesmo dia, levando dezenas de pacientes a óbito, entre eles, um bebê prematuro. Na terça-feira, o Exército entrou no local, rendeu cerca de mil homens de 16 anos ou mais do lado de fora do hospital e, apesar de afirmarem que não houve confronto dentro do complexo, o Ministério da Saúde de Gaza fala em até 40 mortes. A operação durou até quarta-feira.

À CBS Evening News, o premier disse que não foram localizados reféns durante a invasão, alegando que “se haviam [sequestrados], foram retirados”. Netanyahu também afirmou ter mais informações sobre os detidos ao sugerir que o al-Shifa seria feito como cativeiro, mas não disse quais. As declarações somam-se aos vídeos e imagens divulgados pelo Exército de apreensões de armas, granadas, notebook e insígnias na unidade de saúde, o que foi negado pelo grupo e pelo diretor-geral do Ministério da Saúde, Munir al-Bursh.

A operação repercutiu de maneira negativa entre algumas partes da comunidade internacional. Organizações de ajuda humanitária, como a ONU e o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), mostraram preocupação com as ações, já que pelo menos 2.300 pessoas — entre pacientes, médicos e pessoas deslocadas — estão abrigadas no complexo. Países como a Jordânia e o Catar condenaram a operação.


Fonte: O GLOBO

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