Sonaira Fernandes também se opõe às cotas raciais; na chapa rival, Salles é aconselhado a buscar Wajngarten
Favorita para ser indicada pelo PL a vice na chapa à reeleição do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), a secretária de Políticas para a Mulher do governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos), Sonaira Fernandes, já atacou o feminismo e se posiciona o aborto, mesmo nos casos já previstos em lei, e as cotas raciais.
Nos últimos dias, o nome dela se tornou consenso entre o ex-presidente Jair Bolsonaro e o presidente nacional da legenda, Valdemar Costa Neto. Sonaira assumiu a pasta de Políticas para a Mulher com a promessa de ser a principal representante bolsonarista da gestão Tarcísio. No dia em que foi nomeada, a vereadora licenciada escreveu no “X” (antigo Twitter) que o feminismo “mata mais do que guerras e doenças”, é “o grande genocida do nosso tempo” e representa a “sucursal do inferno”.
Durante seu mandato na Câmara Municipal de São Paulo, Sonaira esteve à frente de projetos para proibir cotas raciais, banheiros unissex e ideologia de gênero nas escolas. A publicação fixada no “X” de Sonaira diz que ela é uma “humilde serva de Jesus Cristo”, defensora da família e da vida, frase amplamente repetida pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, de quem é próxima. “Acredito no mérito e no trabalho. Jamais precisei de cotas ou do feminismo. Estou na Câmara de SP para defender minhas crenças”, afirma a publicação.
Procurada em relação às antigas declarações, Sonaira não se manifestou.
Para rivalizar com a entrada de uma bolsonarista na chapa de Nunes, o deputado Ricardo Salles, que ainda aguarda a liberação do PL para se candidatar por outra legenda, tem sido aconselhado a procurar Fabio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação de Bolsonaro — a relação é vista como um trunfo para se contrapor à chapa rival. Wajngarten, no entanto, só deve aceitar o desafio de ser vice de Salles, caso tenha o aval direto do ex-presidente.
Outro nome que ainda tenta se viabilizar como vice de Nunes é o deputado estadual Tomé Abduch (Republicanos), mas só deve ter chance caso o PL abra mão da indicação garantida na aliança.
Foco na violência contra a mulher
Na administração estadual, Sonaira teve uma atuação mais discreta e restringiu as pautas ideológicas às redes sociais. O primeiro ano de gestão foi marcado por uma estrutura enxuta, como revelado pelo GLOBO, e foco em projetos de combate à violência contra a mulher, pauta que une a direita e a esquerda. Seu carro-chefe foi o chamado protocolo Não Se Cale, que combate a violência em bares, baladas e similares. Este mês, a pasta também aderiu à campanha “21 dias de ativismo pelo fim da violência contra as mulheres”.
Em agosto, quando chamada para prestar contas na Comissão dos Direitos das Mulheres da Assembleia Legislativa de São Paulo, a vereadora adotou um tom conciliador e institucional quando ficou cara a cara com deputadas da oposição. Ela reforçou que a pasta trabalha em três eixos: dignidade e saúde da mulher; autonomia financeira e empreendedorismo feminino; e combate à violência. Todos são pontos de consenso.
O momento de maior tensão se deu quando a secretária foi chamada de “token” (quando há uma falsa inclusão racial) pela deputada Monica Seixas (PSOL), que, em razão da fala, responde a um processo de quebra de decoro no Conselho de Ética. A deputada do PSOL diz que a declaração foi direcionada ao governador, e não a Sonaira. Desde que assumiu o cargo na gestão Tarcísio, Sonaira tem procurado enfatizar que governa para todos, sem distinção.
Fonte: O GLOBO
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