Empresa de Eike Batista pede recuperação judicial pela segunda vez após cobrança de R$ 400 milhões

Empresa de Eike Batista pede recuperação judicial pela segunda vez após cobrança de R$ 400 milhões

Controladora do Porto de Açu pôs fim a acordo que suspendia dívidas e OSX teme efeito dominó entre credores

A empresa de estaleiros criada por Eike Batista no auge do grupo X, a OSX, entrou com um pedido de recuperação judicial na última segunda-feira (30). Se confirmada pela Justiça, será a segunda RJ da empresa.

A companhia do ex-bilionário acionou a 3ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro depois de receber uma cobrança no valor de R$ 400 milhões da Prumo, controladora do Porto de Açu e antiga LLX, no litoral norte do Rio, no último dia 19.

A OSX é a única empresa do grupo X que continua sob o controle de Eike, após sucessivas crises que o levaram a vender os negócios ou entrar em recuperação judicial.

Formada para construir sondas e plataformas para as petroleiras brasileiras, especialmente a OGX, também de Eike Batista, a companhia iniciou seu primeiro processo de recuperação judicial em 2013, quando tinha dívidas de R$ 5,3 bilhões. Um mês antes, a própria OGX já tinha entrado em RJ.

A recuperação judicial da OSX previa um cronograma de pagamentos de parcelas aos credores que tinha como única fonte de receitas o aluguel de um terreno no Açu.

Após divergências na gestão do porto, as duas companhias celebraram em 2018 um acordo que suspendeu as cobranças entre as partes.

Por esse trato, a Prumo concordou em não solicitar a falência da OSX e nem o pagamento antecipado das debêntures devidas, bem como outras obrigações pecuniárias como o aluguel das áreas ocupadas pela empresa de Eike no Porto de Açu.

Mas o contrato venceu no último dia 19 e a Prumo decidiu não renová-lo.

Nos bastidores, os credores têm manifestado preocupação com o crescimento das despesas da companhia para além das receitas.

Em 2020, quando a OSX saiu da primeira recuperação judicial, as receitas eram de R$ 11 milhões e as despesas administrativas, de R$ 26 milhões. No primeiro trimestre deste ano, de acordo com as demonstrações financeiras da própria OSX, as receitas anualizadas estavam em R$ 40 milhões e as despesas, R$ 52 milhões. Desse valor, uma parte considerável é gasta com remuneração de pessoal e advogados, o que desperta ainda mais suspeitas entre os credores com os quais a equipe do blog conversou.

"Em que pode estar gastando tanto uma empresa que não faz nada além de alugar um terreno? Esse dinheiro deveria estar indo para os credores", afirma o executivo de uma das empresas que estão na fila dos recebimentos da OSX. "A única conclusão possível é que o Eike está sangrando o caixa da empresa".

No entanto, ao requerer mais uma recuperação judicial, a OSX se diz “surpreendida” com a decisão da Prumo. Sustenta, ainda, que o fim do acordo pode criar um efeito dominó, com os outros credores da RJ tomando a mesma atitude. Entre eles estão a Caixa Econômica Federal, o Santander, o Banco Votorantim e a Porto de Açu Operações S.A.

E alega que, caso a Justiça não reverta a decisão, a Prumo será a única beneficiada entre os credores, o que “fulminaria” o objetivo da própria RJ. A OSX afirma ainda ter feito duas propostas de renegociação com a controladora do Porto de Açu, no dia 19 e no dia 25, ambas sem êxito.

No pedido, assinado por sete advogados, a companhia de Eike Batista também pede que sejam suspensas eventuais cobrança de dívidas, bem como o antecipamento de vencimentos pelos credores, a amortização acelerada de obrigações já negociadas e a rescisão de contratos por inadimplência de dívidas afetadas pelo rompimento do acordo standstill.

A OSX pede que a disputa com a Prumo seja levada à Câmara de Mediação e Arbitragem da Fundação Getulio Vargas (FGV) “com a intimação dos respectivos credores para atenderem àquele ato negocial, a fim de viabilizar a renegociação das obrigações a serem equalizadas”.


Fonte: O GLOBO

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