Modalidade que ganhou medalhas em Copa do Mundo e foi quarta colocada no Mundial quer fechar 2023 com chave de ouro; após cinco anos no alto do pódio no geral, Brasil foi bronze em Lima-2019
A ginástica rítmica do Brasil vive o seu melhor momento em âmbito internacional e por isso a seleção brasileira de conjunto e as atletas do individual pensam grande nos Jogos Pan-americanos de Santiago-2023. Após cinco ouros seguidos na prova olímpica (soma das séries do conjunto), da edição de Winnipeg-1999 até Toronto-2015, o Brasil foi bronze em Lima-2019 (atrás de México e EUA). Agora, a meta é recuperar a coroa e finalizar o ano histórico de 2023 com chave de ouro.
— Desde Winnipeg-1999, quando eu era ginasta e conquistamos a primeira medalha de ouro no conjunto, o Brasil sempre foi campeão pan-americano. Mas na edição passada, a gente tinha um grupo muito jovem, com meninas com 16 anos mal completados. Agora, esse mesmo grupo está aqui, no segundo ciclo olímpico, e entrará na competição para recuperar o ouro. Independentemente da mescla das atletas, elas estão preparadas — declara a técnica Camila Ferezin.
Camila Ferezin é a treinadora da seleção feminina de ginástica rítmica desde 2011 — Foto: Ricardo Bufolin/Divulgação CBG
A treinadora explica que, o caso do conjunto, a seleção brasileira sofreu algumas mudanças, se comparado ao time que foi ao Mundial de Valência, em agosto. Na ocasião, o Brasil conquistou vaga olímpica de forma inédita e o quarto lugar na série dos cinco arcos (ao som de “I wanna dance with somebody”, de Whitney Houston).
Segundo Camila, a seleção permanente que treina em Aracaju é composta por dois grupos, com 12 ginastas. O grupo principal disputou o Mundial e o grupo dois, o Sul-americano.
— Para o Pan, mesclamos esses dois grupos. Tivemos dez dias intensos de treinamento, antes de vir ao Chile. Esse será um grande desafio, em um ano maravilhoso para a ginástica rítmica. Queremos finalizar o ano com nova medalha de ouro.
Duda Arakaki, Deborah Medrado e Sofia Madeira foram poupadas e não vieram ao Chile. A seleção conta com Bárbara Galvão (no Mundial competiu apenas na série mista), Gabriela Coradine, Giovanna Silva (no Mundial competiu apenas na série dos cinco arcos), Nicole Pircio e Victoria Borges (reserva no Mundial).
Nicole à frente: atleta da ginástica rítmica, titular durante todo o ciclo olímpico — Foto: Ricardo Bufolin/Divulgação CBG
— Queríamos muito ter vindo com o time completo mas temos de pensar em Paris. Elas precisavam se recuperar — declara a treinadora.
Nicole, que se apresentou nas duas coreografias no Mundial, é titular do Brasil em todas as competições do ciclo, incluindo Tóquio-2020. Capitã do grupo, é a única que competiu em Jogos Pan-americanos.
— Lima ficou engasgado e estamos focadas na medalha de ouro. Fizemos um ano muito lindo e desde lá foi só foguete, para cima. A gente trabalha incansavelmente e com muita disciplina — fala a atleta, que lembra que o lado artístico do Brasil é valorizado.
Neste ano, o Brasil teve conquistas importantes em etapas de Copa do Mundo como na Romênia, quando ganhou o bronze no geral, ouro na prova mista e prata nos cinco arcos.
Nova coreografia
Camila explica que, logo após o Pan, a seleção começa a focar em Paris, inclusive com montagem de coreografia nova. Camila adiantou que o Brasil terá coreografia nova mista (fita e bola, neste ciclo). Mas não deverá mexer na coreografia dos cinco arcos, que é nova, apresentada no final do ano passado.
As meninas começarão a nova montagem ainda em novembro. Será uma espécie de período de recuperação física, com treinos leves e estudos e preparação da parte artística.
Ginastica rítmica do Brasil, em treino de pódio em Santiago-2023: favoritas — Foto: Ricardo Bufolin/Divulgação CBG
— A gente também tem de chegar com novidade na Olimpíada, né? E queremos ir com uma coreografia com música brasileira — adiantou Camila.
A ideia, segundo Camila, é que o Brasil tenha chances de estrear essa nova coreografia nas primeiras etapas da Copas do Mundo do ano que vem, a partir de março.
— Até as atletas pedem para mudar. Traz motivação e elas ficam curiosas com a troca dos collants. Escutamos as músicas de cada série pelo menos 20 vezes ao dia. E elas estão há dois anos com essa musica na série mista — declara Camila, que comenta como esse trabalho será feito: —Usaremos os mesmos elementos, mesmas trocas, colaborações e dificuldades corporais e mudaremos os enlaces, passos de dança, a ordem dos exercícios. Como fizemos com os arcos, que logo de cara foi bronze na Grécia (Copa do Mundo).
A grande virada da ginástica rítmica começou, na verdade, em 2011, quando Camila, que foi assistente da treinadora Bárbara Laffranchi no ciclo de Atenas-2004, formou uma comissão técnica multidisciplinar. A modalidade não tinha. Além disso, as atletas do conjunto estão juntas há dois ciclos olímpicos. Nunca o grupo se repetira integralmente. As meninas formam uma seleção permanente e moram no mesmo prédio das treinadoras (há seleções de outras categorias de idade, cada uma em um andar).
— A gente trabalha incansavelmente e com muita disciplina. Me sinto feliz de fazer parte deste processo, desta fase tão especial da ginástica rítmica — comenta Nicole.
*A repórter viaja a convite da Panam Sports
Fonte: O GLOBO
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