Dono de restaurante, nome na Interpol e ação na tríplice fronteira: quem é o suspeito de recrutar para o Hezbollah no Brasil

Dono de restaurante, nome na Interpol e ação na tríplice fronteira: quem é o suspeito de recrutar para o Hezbollah no Brasil

Mohamad Khir Abdulmajid tem um mandado de prisão em aberto e é considerado foragido

Um empresário sírio é apontado pela Polícia Federal como o principal recrutador de brasileiros ao grupo extremista Hezbollah. Mohamad Khir Abdulmajid tem um mandado de prisão em aberto e é considerado foragido pela Justiça brasileira. O nome dele foi incluído na lista da difusão vermelha da Interpol.

Segundo as investigações da PF, ele chegou ao Brasil por volta de 2008, quando teve passagens por Ciudad del Este, no Paraguai, e Foz do Iguaçu (PR) — a região da tríplice fronteira foi identificada por autoridades norte-americanas como um centro de financiamento clandestino de grupos terroristas e tráfico de drogas.

Depois de passar um tempo na região de fronteira, Abdulmajid firmou residência em Brasília, onde chegou a participar de um protesto contra os Estados Unidos. Em setembro de 2013, ele foi à embaixada norte-americana em uma manifestação contra a intervenção militar dos Estados Unidos na Síria. Na ocasião, ele empunhava cartazes contra o ex-presidente dos EUA Barack Obama e a favor do presidente sírio Bashar Al Assad, a quem chama de "leão" em suas redes sociais.

O alvo da PF também tinha uma veia empreendedora. Em 2012, ele abriu uma barraca de eletrônicos na Feira dos Importados, em Brasília, mais conhecida como "Feira do Paraguai". Em 2013, entrou no ramo da culinária libanesa e lançou um bar que oferecia narguilé e shwarma, na Asa Norte. As duas empresas, hoje, constam como inaptas na Receita Federal.

Ainda em Brasília, o suspeito teve uma reunião com o ex-embaixador sírio no Brasil Mohamad Khafif, na sede da representação diplomática, em 2018. Na ocasião, ele estava acompanhado de um líder religioso. Dois anos antes, havia ganho a cidadania brasileira da Secretaria Nacional do Ministério da Justiça.

Apesar das andanças pela capital federal, os negócios de Abdulmajid que chamaram a atenção da PF se situavam em Belo Horizonte. Lá, ele mantinha duas lojas de tabaco abertas em 2022 — as duas estão no nome da esposa dele. O nome delas era Tabacaria dos Árabes.

Em 2014, ele foi preso em flagrante pela acusação de vender bebida alcoólica a menores de idade. Foi liberado e só voltou a ser incomodado pela Justiça em 2021, quando virou alvo de um inquérito por contrabando. O processo tramita com sigilo na Justiça Federal de Minas Gerias.

Vasculhando as redes sociais, a PF encontrou fotos em que ele posa com um fuzil em cima de um blindado e mensagens com a insígnia do Hezbollah, cujo significado é o "O Partido de Deus". Segundo os investigadores, ele lutou na guerra contra o Estado Islâmico, que era inimigo do Hezbollah e de Bashar Al Assad.

O nome do sírio foi citado por dois alvos de mandados da PF no âmbito da Operação Trapiche. Preso temporariamente, Michael Messias, pagodeiro no Rio de Janeiro, disse que o conheceu em um casamento de libaneses, onde Abdulmajid o chamou para tocar em Beirute em um "intercâmbio musical".

E um outro depoente, cuja identidade não foi revelada, que disse que viu alguém parecido ao sírio como "um dos mensageiros que encontrou no Líbano".


Fonte: O GLOBO

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