Comércio diz que mudar regra de trabalho em feriado cria 'insegurança jurídica'

Comércio diz que mudar regra de trabalho em feriado cria 'insegurança jurídica'

Na véspera do Dia da Proclamação da República, governo revogou norma que reduzia burocracia para lojas abrirem em dias de folga

Entidades empresariais criticaram a revogação, anunciada anteontem, de uma norma do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) que facilitava o trabalho em feriados, na véspera do Dia da Proclamação da República. Para especialistas, a medida cria insegurança jurídica, e, dependendo do caso, empresas que funcionaram ontem poderão receber multas.

Em portaria publicada na terça-feira, o MTE revogou outra portaria, de novembro de 2021, que reduzia a burocracia sobre o trabalho aos domingos e feriados. A nova publicação volta à situação anterior, com menos categorias de estabelecimentos autorizados a funcionar sem a necessidade de convenção coletiva e lei municipal. São afetados supermercados, farmácias e lojas em shoppings e aeroportos.

No Rio, já há a lei municipal sobre o tema e a convenção coletiva já permite o trabalho aos domingos e feriados, informou o Sindicato dos Empregados do Comércio do Rio (SEC-RJ).

Segundo a advogada Maria Lucia Benhame, especialista em direito sindical, uma relação de atividades do comércio tem autorização legal permanente para trabalho nos feriados, em lei de 1946. A lista vinha sendo modificada desde então. Em 2000, nova lei determinou que qualquer atividade comercial poderia abrir aos domingos e feriados, desde que isso fosse previsto em acordos sindicais e lei municipal.

A portaria de 2021 tornava as regras mais flexíveis. Com a revogação, os tipos de comércio em que os funcionários podem trabalhar aos domingos sem a necessidade de convenção coletiva e lei municipal ficou menor.

Entidade teme por empregos

Para a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), a mudança afetará a atividade econômica e, portanto, ameaça a manutenção e a criação de empregos. “A abertura do comércio aos domingos e feriados favorece não somente o consumo e a geração de empregos, mas também e, principalmente, o atendimento dos 28 milhões de consumidores que diariamente frequentam os supermercado”, diz a nota divulgada pela entidade.

Para a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), “a portaria contribui para gerar um clima de insegurança jurídica”.

No entendimento de Maria Lucia, as novas regras passaram a valer no feriado de ontem mesmo.

— A rigor, as empresas deveriam simplesmente não abrir hoje (ontem), já que seria impossível obter autorização sindical. Pela regra, a empresa pode receber uma multa administrativa — disse a advogada, acrescentando que muitos sindicatos exigem contribuições em dia para firmar as convenções.

Ao Jornal Nacional, da TV Globo, o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, afirmou que vai analisar uma transição para a mudança entrar em vigor apenas a partir de janeiro.


Fonte: O GLOBO

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