Asma e DPOC precisam de melhor tratamento

Asma e DPOC precisam de melhor tratamento

Temos no Brasil cerca de 20 milhões de pessoas asmáticas, das quais apenas 12,5% estariam com a doença controlada

Estamos no Brasil em recuperação, ou melhor dizendo, em reconstituição do nosso SUS, com o objetivo de tornar mais racionais e acessíveis a prevenção e o tratamento, sobretudo das doenças crônicas não transmissíveis, já tão prevalentes em uma população que envelhece como a nossa. 

Duas condições respiratórias são hoje motivo de preocupação e de prioridade para uma linha de cuidados integral, evitando maior morbidade e até mortalidade, que vai desde o diagnóstico precoce, uso de vacinas para prevenção de pneumonias, até o acesso aos medicamentos de controle e uso regular, facilitado pela incorporação ao SUS.

Temos no Brasil cerca de 20 milhões de pessoas asmáticas, das quais, segundo levantamento realizado em 2021, apenas 12,5% estariam com a doença controlada. Os avanços na extensão dos cuidados e acesso a medicações, como a disponibilização da associação de formoterol/budesonida para asma moderada e grave (Portaria nº 1.318, de 23 de julho de 2002) e a inclusão de beclometasona, salbutamol e ipratrópio na farmácia popular (Portaria nº 3.219, de 20 de outubro de 2010), levaram a uma significativa queda nas internações por asma, de acordo com a Comissão Científica de Asma da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT). 

No entanto, o Datasus de 2022 registra 83.155 internações hospitalares pela doença e 524 mortes. Isso sem considerar o que a asma gera de absenteísmo escolar e ao trabalho a cada ano, revelando sua grande magnitude em termos de saúde pública.

Os grandes desafios no cenário da asma no Brasil seriam assim, de par com a educação continuada para especialistas e profissionais da saúde da atenção básica e o diagnóstico precoce da doença, a disponibilização das medicações citadas no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT), quais sejam, o formoterol e a budesonida, nas farmácias populares e nas farmácias do SUS, atingindo assim, virtualmente 90% da população, e aumentando a adesão ao tratamento.

O outro grande grupo de pessoas é o de portadoras de doenças pulmonares obstrutivas crônicas (DPOC), na maior parte das vezes enfisema pulmonar, caracterizado pela redução do fluxo de ar para os pulmões, e que tem evolução progressiva, com idade média de 60 anos, comprometendo substantivamente a autonomia da pessoa. 

Segundo o acurado estudo populacional conduzido pela FIRJAN/SESI, são 13 milhões de portadores e que entre janeiro de 2017 a dezembro de 2021, foram perdidos 68 milhões de dias de trabalho devido à DPOC. Sabedores de que a grande causa é o tabagismo, será estratégico manter as campanhas já vitoriosas no controle do tabagismo, bem como, assunto na ordem do dia, a proibição de comercializar cigarros eletrônicos no país, já que a nicotina é a responsável pela adição.

A prevalência estimada de DPOC no Brasil é de 17% da população de adultos maiores de 40 anos e a região de maior prevalência de DPOC é o Centro-Oeste (25%), seguida pela região Sudeste (23%). É sabido que para a identificação precoce, está indicado o exame de espirometria com teste pré e pós-broncodilatador (BD) para pacientes fumantes ou ex-fumantes, com mais de 40 anos, que apresentem sintomas respiratórios crônicos. 

Nesse sentido vemos como promissora a iniciativa da Sociedade Brasileira de Pneumologia de elaborar um projeto de cooperação técnica a ser apresentado à Secretaria de Atenção Básica do Ministério da Saúde, visando prover equipamentos, com a participação da iniciativa privada, e capacitação para técnicos em municípios entre 50 e 100 mil habitantes, com o objetivo de estabelecer o diagnóstico precoce dessas doenças e prover o tratamento adequado, disponibilizado na rede de farmácias do SUS, com isso desburocratizando o acesso e retirando da lista de alto custo, pelo impacto positivo esperado. Estamos certos que o impacto sobre a morbidade, necessidade de atendimentos emergenciais e sobretudo de hospitalizações causadas por exacerbações agudas seria muito grande.


Fonte: O GLOBO

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