Revés recolocará no horizonte a possibilidade de o senador Flávio Bolsonaro colocar a família do ex-presidente numa disputa majoritária novamente?
A dupla Valdemar Costa Neto e Altineu Côrtes, presidente do PL e manda-chuva do partido no Rio, tinha uma convicção: Walter Braga Netto era o melhor nome para impedir o quarto mandato de Eduardo Paes na prefeitura do Rio. A onda de violência recente na cidade dava ainda mais certeza de que o tema segurança pública pautará a campanha eleitoral de 2024.
Após o Tribunal Superior Eleitoral decretar a inelegibilidade do general, candidato a vice na chapa de Jair Bolsonaro (PL) no ano passado, restam nomes no tabuleiro que não animam a cúpula do PL: o deputado federal Alexandre Ramagem, chamuscado pelas denúncias de espionagem clandestina feitas pela Abin durante a sua passagem pela agência; o senador Carlos Portinho, com mandato garantido no Congresso até 2026 não por causa dos seus votos, mas devido ao falecimento do correligionário Arolde de Oliveira; e o ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, um dos responsáveis pela desastrosa estratégia de combate à COVID durante o governo Bolsonaro.
O revés no TSE recolocará no horizonte a possibilidade de o senador Flávio Bolsonaro colocar a família do ex-presidente numa disputa majoritária novamente? Até antes do julgamento não era o interesse de pai e filho, mas cada vez mais as derrotas fazem o mundo da política crer que uma reviravolta pode acontecer na estratégia dos Bolsonaro.
O governador Cláudio Castro — que deveria ser voz relevante no debate interno do PL, mas não é — pensa de outra forma. Acha que a oposição a Paes deveria vir de algum partido da sua própria base aliada. No início do ano, buscou articular a candidatura do deputado federal, Doutor Luizinho (PP). O parlamentar abandonou o plano para virar líder do partido em Brasília, um chamado do presidente da Câmara, Arthur Lira, para substituir André Fufuca, novo ministro do Esporte.
Agora, Castro tenta convencer o próprio vice, Thiago Pampolha (União Brasil), a se lançar a prefeito. Com a popularidade em queda na capital segundo pesquisas internas, dificilmente o governador do Rio terá força para emplacar o seu escolhido.
Sem adversários e com as pesquisas mostrando uma recuperação da popularidade, Paes fica cada vez mais à vontade para cumprir seus objetivos. Vencer a eleição no primeiro turno e emplacar um vice da sua confiança — sem precisar ceder a aliados — para poder sair no meio do mandato e ser candidato a governador em 2026. Até agora, o deputado federal Pedro Paulo Carvalho é o único em quem Paes confia para a missão de completar o seu governo até 2028.
Fonte: O GLOBO
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