Presidente chinês virou as costas para encontro com possíveis pautas conflitivas e recebeu um de seus aliados mais isolados internacionalmente
Após virar as costas para os principais líderes mundiais ao ignorar a Cúpula do G20 em Nova Délhi, o presidente da China, Xi Jinping, recebeu o sancionado presidente da Venezuela, Nicolás Maduro nesta sexta-feira em Pequim. Enquanto evita possíveis confrontos no fórum multilateral que conta com os principais representantes do bloco ocidental, Xi optou por um diálogo mais amigável em casa.
A China mantém relações próximas com o governo de Maduro, isolado internacionalmente, e é um dos principais credores da Venezuela, cujo PIB registrou queda de 80% em uma década, consequência da crise. Pequim emprestou 50 bilhões de dólares para Caracas na década de 2010, um valor que deveria ser pago com envios de petróleo. Em 2018, a dívida ainda superava 20 bilhões de dólares.
O regime de Maduro busca na China um aliado para romper o duro bloqueio do Ocidente e superar a crise econômica. A Venezuela era um dos países que pleiteava uma vaga no Brics, cuja cúpula aprovou a entrada de seis novos países no mês passado. Caracas ficou de fora.
As declarações das autoridades venezuelanas dão o tom da viagem oficial. Maduro desembarcou em Shenzhen, sob chuva, classificando a visita como histórica, "para o fortalecimento dos laços de cooperação e a construção de uma nova geopolítica mundial", escreveu na rede social X (antigo Twitter). E acrescentou: "choverá boas notícias para o povo venezuelano".
A delegação venezuelana também inclui a vice-presidente venezuelana, Delcy Rodríguez, que visitou Xangai e Pequim durante a semana, e do deputado (e filho de Maduro), Nicolás Guerra. Cada um deles foi recebido por autoridades chinesas e do Brics, como o ministro chinês das Relações Exteriores, Wang Yi, e a ex-presidente brasileira Dilma Rousseff, que comanda o Novo Banco de Desenvolvimento.
De acordo com o filho de Maduro, a viagem é a oportunidade de ratificar a vontade da Venezuela de aderir ao Brics.
As declarações chinesas também apontam para uma missão oficial sem grandes confrontos. Wang Yi classificou a relação entre os países como "de ferro" e prometeu apoio de Pequim para que a Venezuela defenda sua "independência e dignidade nacional".
— A confiança política mútua entre os dois países está se tornando muito sólida e a cooperação em vários setores está em expansão contínua — destacou Mao Ning, porta-voz do ministério chinês das Relações Exteriores.
Segundo a Bloomberg,m a visita te como objetivo conseguir novos investimentos da China para o setor de petróleo e discutir possíveis ações conjuntas entre empresas dos dois países.
Fonte: O GLOBO
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