Em 25 anos, intoxicação acidental por gás matou ao menos 756 pessoas no Brasil

Em 25 anos, intoxicação acidental por gás matou ao menos 756 pessoas no Brasil

Bilionário José Bezerra de Menezes Neto, de 66 anos, e a mulher Luciana, de 62, foram encontrados mortos em condomínio de luxo no litoral paulista

As necropsias do empresário José Bezerra de Menezes Neto, o Binho Bezerra, de 66 anos, e de sua mulher, Luciana, 62, indicaram que os dois foram intoxicados por monóxido de carbono. O casal bilionário foi encontrado morto no último sábado em um condomínio em Guarujá, no litoral de São Paulo. O caso trágico, porém, não é isolado: entre 1996 e 2021, houve ao menos 756 mortes semelhantes no Brasil.

Os dados são do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), produzidos pelo DATASUS, departamento vinculado ao Ministério da Saúde. O documento acessado pelo GLOBO expõe que, neste período, a maior parte das vítimas (142) tinham entre 20 a 29 anos, seguido da segunda maior taxa de mortalidade (132), que ocorreu no grupo de pessoas entre 40 a 49.

Nesse período, 18 menores de 1 ano também morreram por “causas externas”, categoria em que os óbitos por intoxicação acidental por exposição a gases ou vapores. Já entre crianças de 1 a 4 anos, o número sobe para 49. Entre 5 a 9 anos, os casos diminuem para 13, mas voltam a subir entre 10 a 14 anos, com 19 ocorrências registradas. Na sequência, houve 51 mortes de adolescentes de 15 a 19 anos.

Ainda de acordo com os dados, a maior parte das vítimas fatais (554) eram homens, o que representa cerca de 73% do total. O relatório detalha que, das 756 pessoas mortas, 373 eram brancas, e 62 eram pretas. Além disso, 241 dos mortos se definiam como pardos, enquanto 8 eram descritos como amarelos, e 2 indígenas. A maior parte dos registros (364) ocorreram no Sudeste, e a menor (54), no Norte.

Como ocorre a intoxicação?

O monóxido de carbono é um gás inodoro, incolor e extremamente tóxico. Ele é gerado pela queima de combustíveis fósseis. O escapamento de veículos está entre os principais emissores da substância, que também pode ser emitida por aparelhos como gás de cozinha, aquecedores a combustível, geradores de energia e churrasqueiras.

Se esses equipamentos estiverem localizados em ambiente fechados ou sem janelas, a morte ocorre em minutos. Isso acontece porque quando inaladas, as moléculas de monóxido de carbono rapidamente são absorvidas nos pulmões. Em seguida, elas se ligam à hemoglobina presente no sangue, impedindo o transporte do oxigênio no organismo. As vítimas morrem por asfixia.

Na maioria das vezes, as vítimas não percebem que estão sob efeito do monóxido de carbono justamente porque o gás não tem cheiro nem cor. Caso seja possível perceber a contaminação, a orientação é ir ao local mais próximo onde exista ar fresco, além de abrir portas e janelas para ventilar o ambiente.

Sintomas da intoxicação
  • Dor de cabeça;
  • Tontura;
  • Fraqueza;
  • Dores abdominais e vômitos;
  • Dor no peito;
  • Confusão mental
Mesmo que não seja fatal, a exposição ao composto pode causar danos à saúde, como prejuízos na acuidade visual, no aprendizado, na capacidade de trabalho e ao aumento na mortalidade por infarto cardíaco agudo, principalmente entre idosos.


Fonte: O GLOBO

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