Ensino superior está autorizado pelo poder público a atender a um número muito maior de alunos em relação à demanda real
Em 15 anos, o Brasil conseguiu mais que dobrar o percentual de adultos de 25 a 34 anos com superior completo. Saímos de 10% em 1997 para 23,2% em 2022. Não deixa de ser um salto significativo, mas, quando comparado com outros países, o cenário é preocupante. A análise da série histórica do relatório Education at a Glance, cuja edição de 2023 foi divulgada pela OCDE na semana passada, comprova isso.
Os 23,2% conquistados pelo Brasil em 2022 representam um atraso de mais de duas décadas em relação ao conjunto da OCDE (organização formada majoritariamente por países ricos). Em 1998, na média dessas nações mais desenvolvidas, o percentual já era de 23,6%. Acontece que, como era de se esperar, eles também avançaram, chegando a 47,4% no ano passado. Ou seja, ao final do século 20, a média da OCDE era mais que o dobro da registrada no Brasil. Em 2022, com números diferentes, a constatação é a mesma.
O principal gargalo para expansão da população com diploma universitário não é falta de vagas. De acordo com o Censo da Educação Superior de 2021, a taxa de ocupação de novas vagas ofertadas é de 70% na rede pública e de apenas 18% na rede privada. É importante aqui a ressalva de que, especialmente nas particulares, esse percentual baixíssimo de preenchimento não significa que quatro em cada cinco cadeiras fiquem vazias, gerando prejuízos.
O mais correto é concluir que o setor está autorizado pelo poder público a atender a um número muito maior de alunos em relação à demanda real, quadro que é ainda mais acentuado na modalidade a distância.
O fato é que o Brasil ainda colhe os prejuízos do descaso histórico com a educação básica, pois, apesar de avanços nas matrículas, segue insuficiente o número de alunos que concluem o ensino médio com condições de ingresso no superior. Entre 1985 e 2022, saltamos de 15% para 77% no índice de jovens de 15 a 17 anos matriculados no médio, feito que não deve ser menosprezado. Mesmo assim, são 23% os que estão atrasados ou evadidos, e poucos terminam com aprendizagem adequada.
Para reduzir a distância que nos separa das nações desenvolvidas, portanto, é fundamental avançar para que todos consigam completar o médio, com mais qualidade. Como é irrealista prever no curto prazo que todos chegarão à universidade — nenhum país do mundo tem 100% de matriculados nesta etapa —, é importante expandir ao mesmo tempo a educação profissional, modalidade em que o atraso do Brasil é também destacado na publicação da OCDE.
Neste caso, a escolha pela trajetória profissionalizante não precisa, como no passado, ser encarada como um caminho sem volta longe da universidade. É possível conciliar o técnico sem prejuízo da formação acadêmica, o que pode facilitar, em algum momento da trajetória profissional, o ingresso numa graduação. Aliás, na rede pública, estudos mostram que alunos que cursam o profissionalizante de nível médio chegam a ter, em média, desempenho melhor do que os demais no Enem ou no Saeb. O desafio, como sempre, é replicar isso em larga escala.
Fonte: O GLOBO
O fato é que o Brasil ainda colhe os prejuízos do descaso histórico com a educação básica, pois, apesar de avanços nas matrículas, segue insuficiente o número de alunos que concluem o ensino médio com condições de ingresso no superior. Entre 1985 e 2022, saltamos de 15% para 77% no índice de jovens de 15 a 17 anos matriculados no médio, feito que não deve ser menosprezado. Mesmo assim, são 23% os que estão atrasados ou evadidos, e poucos terminam com aprendizagem adequada.
Para reduzir a distância que nos separa das nações desenvolvidas, portanto, é fundamental avançar para que todos consigam completar o médio, com mais qualidade. Como é irrealista prever no curto prazo que todos chegarão à universidade — nenhum país do mundo tem 100% de matriculados nesta etapa —, é importante expandir ao mesmo tempo a educação profissional, modalidade em que o atraso do Brasil é também destacado na publicação da OCDE.
Neste caso, a escolha pela trajetória profissionalizante não precisa, como no passado, ser encarada como um caminho sem volta longe da universidade. É possível conciliar o técnico sem prejuízo da formação acadêmica, o que pode facilitar, em algum momento da trajetória profissional, o ingresso numa graduação. Aliás, na rede pública, estudos mostram que alunos que cursam o profissionalizante de nível médio chegam a ter, em média, desempenho melhor do que os demais no Enem ou no Saeb. O desafio, como sempre, é replicar isso em larga escala.
Fonte: O GLOBO
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