Principal alvo da ação é Maciel Carvalho, que era instrutor de tiro do filho do ex-presidente
A Polícia Civil do Distrito Federal deflagrou, na manhã desta quinta-feira, uma operação contra um grupo suspeito de estelionato, falsificação de documentos, sonegação fiscal e lavagem de dinheiro. Um dos alvos de busca e apreensão é Jair Renan Bolsonaro, o filho "04" do ex-presidente Jair Bolsonaro. Além disso, os agentes cumprem mandados em Brasília e em Balneário Camboriú, em Santa Catarina.
Em março, Jair Renan, de 25 anos, foi nomeado para um cargo no Senado Federal, no gabinete do ex-secretário de Pesca do governo do pai, o senador Jorge Seif (PL). Na ocasião, foi divulgado que ele receberia um salário de aproximadamente R$ 9,5 mil (o valor líquido da remuneração para o posto é de R$ 7,7 mil). O quarto filho de Bolsonaro também atua como influenciador nas redes sociais e, desde o início do ano, viajou por diversos estados do país.
Jair Renan costuma movimentar as redes sociais por falas polêmicas. Em julho, ele voltou a viralizar após uma entrevista de 2022 ter repercutido. Durante participação no podcast "Social Pro", ele confessou não ter cumprido as medidas de segurança durante a pandemia da Covid-19, e classificou o período como "top", já que foi a época em que, segundo ele, "pegou mais mulheres".
— O Covid é uma gripe, e prefiro morrer transando que tossindo. Ele [Bolsonaro] falou assim: 'não tem problema você falar qualquer coisa, só não fala do Covid' — disse o filho do ex-presidente. Mas logo depois, um dos apresentadores afirmou que, durante a pandemia, divulgava festas que aconteceriam em sua cobertura. Jair Renan, então, continuou: — Pra mim também foi top. Foi a época que eu mais peguei gente.
Em dezembro de 2021, o "04" foi intimado pela Polícia Federal a prestar depoimento em inquérito que apura o pagamento de suposta propina por empresários com interesse na administração pública. Jair Renan, no entanto, só compareceu à Superintendência da PF no Distrito Federal em abril de 2022, acompanhado do advogado Frederick Wassef, que na última semana também foi alvo de busca pela Polícia Federal.
Aos investigadores, no entanto, Jair Renan negou ter cometido irregularidades ou ter intermediado contatos de empresários com o governo federal. O documento do inquérito apontava a suspeita de que houve associação de Jair Renan com outras pessoas no "recebimento de vantagens de empresários com interesses, vínculos e contratos com a Administração Pública Federal e Distrital sem a aparente contraprestação justificável dos atos de graciosidade".
Na época, o então presidente Jair Bolsonaro criticou a investigação envolvendo o filho. Ao comentar o assunto, ele indicou ter pouco contato com o caçula, que vivia com a mãe, Ana Cristina Valle. As suspeitas sobre ele envolviam a utilização de sua empresa, a Bolsonaro Jr Eventos e Mídia, para promover articulações entre a Gramazini Granitos e Mármores Thomazini, grupo empresarial que atua nos setores de mineração e construção, e o ex-ministro Rogério Marinho.
— A última agora é do meu filho 04, lavando dinheiro e tendo recebido um carro de uma empresa. Se recebeu um carro, é fácil de provar, está registrado no Detran. A questão de lavar dinheiro, também é conta bancária. [...] O moleque tem 24 anos agora, acho que ninguém conhece ele, vive com a mãe, há muito tempo está longe de mim, mas recebo ele de vez em quando aqui, tem a vida dele, não vou dizer está certo ou se está errado, mas peço a Deus que o proteja — afirmou Bolsonaro.
Fonte: O GLOBO
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