Iniciativa prevê a compensação de emissões dos fornecedores até o portão da fábrica
Depois de alcançar 95% de neutralidade de carbono nas suas próprias operações, a Rhodia está lançando uma linha de produtos de poliamida para a indústria têxtil que atua também na redução da pegada dos fornecedores, da origem da matéria-prima até o portão da fábrica.
A linha carbono neutro vai compensar as emissões com um investimento em um projeto de reflorestamento no bioma amazônico — conta a ser parcialmente dividida com os compradores das poliamidas.
Com a iniciativa, a empresa que atuava no chamado escopo 1 e 2 dos compromissos com a agenda climática, passa a interferir no escopo 3, dos fornecedores.
— Queremos estimular a cadeia têxtil para que eles possam dar sequência na neutralização, levando um produto neutro para o consumidor final — diz Daniela Manique, CEO do Grupo Solvay, dono da Rhodia, na América Latina. — Se você não começar nas transações entre fornecedores, fica difícil você completar a cadeia.
A linha netzero começa com dois produtos: o ácido adípico Rhodiacid, usado na produção de solados de calçados, e o fio têxtil de poliamida Amni. Haverá um prêmio de 10% a 15%, que é o quanto a empresa identificou como o máximo que os clientes estariam dispostos a desembolsar por um produto sustentável.
O adicional representa menos da metade do custo total da compensação com a compra dos créditos de carbono. A diferença será bancada pela própria Rhodia. — Vamos pagar a maior parte, mas queremos estimular o mercado e estamos chamando o cliente para colaborar com uma parte — diz Daniela. A empresa não revela o quanto espera investir no projeto de reflorestamento.
— Pode ser dezenas de milhões de reais. Vamos comprar quantos créditos forem necessários para compensar o que conseguirmos vender do produto — diz a executiva.
Para cada tonelada de ácido adípico vendido, a empresa precisará compensar 4,5 toneladas de CO2 com a compra de créditos de carbono.
Hoje os dois produtos representam 5% da produção da Rhodia em Paulínia.
Os créditos de carbono vão financiar um projeto na Fazenda São Nicolau, no Mato Grosso, que tenta conter o avanço da pecuária e da soja sobre a floresta nativa da Amazônia. O projeto é mantido pelo Office National des Forêts (ONF Brasil).
Para chegar a essa fazenda, a empresa analisou 10 mil projetos de compensação de carbono que tivessem também um impacto na geração de emprego local.
Fonte: O GLOBO
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