Reforma ministerial pode afetar aprovação do arcabouço fiscal, principal projeto de Haddad

Reforma ministerial pode afetar aprovação do arcabouço fiscal, principal projeto de Haddad

Nova regra para contas públicas precisa ser validada até o fim do mês para nortear a proposta do Orçamento de 2024

Enquanto o governo ainda tenta construir uma base parlamentar sólida, o foco da pauta econômica se voltará para o Congresso, com o retorno dos trabalhos na Câmara e no Senado. O primeiro item de uma pauta extensa é a conclusão da votação do arcabouço fiscal, a nova regra para o controle das contas públicas.

Ele precisa ser validado até o fim do mês para ser usado como base para a proposta orçamentária de 2024. Na fila, neste segundo semestre estão ainda medidas que ampliam a arrecadação e a reforma tributária.

A interlocutores, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), tem sinalizado que votará o novo marco fiscal na próxima semana, mas nos bastidores, como destacou a colunista do GLOBO Vera Magalhães em seu blog, tem demonstrado descontentamento com a demora na reforma ministerial.

O Centrão, grupo comandado por ele, deseja ampliar sua presença no governo e integrar o primeiro escalão. Integrantes do governo e do PT temem que a indefinição política a respeito da composição do governo afete o cronograma da pauta econômica.

Definição de pastas

O arcabouço ainda pode passar por alguns ajustes. O relator da proposta, deputado Claudio Cajado (PP-BA), critica algumas decisões tomadas no Senado e pretende colocar novamente programas como o Fundeb dentro da regra fiscal (leia mais abaixo).

Em outra frente, o governo precisa avançar com medidas para zerar o déficit no próximo ano. Entre elas estão a tributação de fundos exclusivos, a regulamentação e taxação de apostas esportivas e a volta do voto de qualidade — que dá vantagem ao governo em casos de desempate — no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), o tribunal da Receita.

Estas iniciativas precisarão ser aprovadas até o fim do ano para surtirem efeito. Para estes projetos, a avaliação do governo é que a base precisará estar consolidada para serem aprovados com mais facilidade.

A Fazenda precisará negociar com o Congresso uma a uma das medidas para aumentar a arrecadação.

As mudanças nos ministérios que estão sendo avaliadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva serão feitas para trazer o Centrão para o governo. PP e Republicanos indicaram os deputados André Fufuca (PP-MA) e Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) para compor o governo, mas o Planalto ainda não definiu quais pastas eles irão comandar.

— Qualquer votação aqui na Câmara e no Senado vai estar sempre sendo influenciada pelo funcionamento do governo, pela composição do governo e por essa dita minirreforma ministerial — avaliou ontem o líder do PT na Câmara, Zeca Dirceu (PR).

Reunião com Lira

A votação do arcabouço na Câmara será a última antes de o projeto ser encaminhado para a sanção do presidente Lula. A data-limite definida pelo governo é o fim do mês. Os deputados agora vão analisar apenas as alterações feitas pelos senadores. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, quer uma reunião com Lira nesta semana para discutir o assunto.

Zeca Dirceu participou de uma reunião de líderes da Câmara ontem na residência oficial do presidente da Casa. De acordo com pessoas presentes, o líder petista e o líder do PSOL, Guilherme Boulos (SP), perguntaram a Lira sobre o arcabouço e ele respondeu que o assunto vai ser discutido com o relator. Dirceu, porém, está confiante que dará tempo de o projeto ser votado em agosto:

— Pode ser inclusive que isso mude amanhã (hoje), pode ser que isso mude quinta-feira, que tem a posse do Sabino (no Ministério do Turismo, uma indicação do Centrão). É um momento talvez que alguma notícia nova deva escapar na hora da posse, na hora da fala do presidente.


Fonte: O GLOBO

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