Meta de Zema no semestre, privatizações enfrentam resistência histórica na Assembleia de Minas

Meta de Zema no semestre, privatizações enfrentam resistência histórica na Assembleia de Minas

Governador de Minas tem como prioridade vender as estatais Copasa, Cemig e Codemig; parlamentares da Assembleia se esquivam da pauta, já que pesquisas apontam que a medida não agrada a população

Prioridades do governador Romeu Zema (Novo) no segundo semestre, as privatizações das estatais mineiras de água e saneamento (Copasa), energia (Cemig) e desenvolvimento econômico (Codemig) enfrentam entraves dentro e fora do parlamento. Às vésperas das eleições municipais de 2024, as pautas podem ter impacto eleitoral para os deputados, uma vez que o tema sofre resistência da população, e são questionadas até mesmo por parlamentares da base.

Atualmente, pela Constituição Estadual, as privatizações de empresas de energia, gás e saneamento precisam ter o apoio de 48 dos 77 deputados. Apesar de afirmar ter 57 parlamentares do quadro da Casa, o governador tem tido dificuldade. Além da votação interna, há ainda a exigência de que a proposta passe por referendo popular — o que o governo tem cogitado alterar por meio de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC).

Neste contexto, os deputados da base teriam não só que dar aval às privatizações, mas tirar o direito anteriormente concedido à população de opinar neste tipo de decisão. A hipótese de por fim ao referendo já havia sido proposta em discussões na legislatura passada pela Comissão Extraordinária de Privatizações, mas não avançou.

— A população de Minas é historicamente contra a venda de estatais, por isso nenhum parlamentar quer se comprometer com o tema. Além de que passar privatização exige uma transformação na legislação, e Zema já percebeu que não tem a quantidade de deputados para isso — afirma o cientista político Cristiano Rodrigues, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) — Falavam em 57 deputados, mas as votações recentes mostram que não há fidelidade.

As discussões sobre privatizações apareceram no parlamento mineiro pela primeira vez durante a gestão de Eduardo Azeredo (1995-1999). À época, o tucano privatizou bancos do estado e vendeu 33% das ações da Cemig. Após esses movimentos, o seu sucessor, Itamar Franco, reverteu a medida judicialmente e mudou a constituição estadual em 2001, incluindo a necessidade de referendo.

Venda arquivada

Durante alguns anos, o tema perdeu destaque na ALMG até ser colocado no foco por Zema. Apesar de criticar com frequência o serviço das estatais, Zema só chegou a enviar à Assembleia uma proposta de venda, da Codemig, que terminou arquivada pela Casa. Sem ter nominalmente enviado projetos de lei sobre a Cemig e Copasa, o governador tem como principal entrave a tramitação do Regime de Recuperação Fiscal. Caso esta proposta passe, o texto abre brechas para que as estatais sejam vendidas.

No mandato passado, o mineiro viu uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) atrapalhar seus planos de dentro dos Palácio das Mangabeiras. A CPI da Cemig trouxe em relatório final a conclusão de que a gestão de Zema contribuiu para o desmonte da companhia no intuito de, segundo a comissão, facilitar a privatização. O documento, no entanto, encontra-se parado no Ministério Público (MPMG).

Recentemente, em junho deste ano, o ex-vereador de Belo Horizonte Bernardo Ramos (Novo) foi nomeado pelo governador como diretor adjunto de Projeto Especiais da empresa.

Alinhado a isso, Zema sempre manteve a postura crítica aos serviços prestados pelas companhias. Em agenda em Belo Horizonte nesta quarta-feira afirmou que "é na mão privada" que o estado terá desenvolvimento. A estratégia foi replicada por parlamentares da base e pelo vice-governador Matheus Simões em entrevistas.


Fonte: O GLOBO

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