Contratos de investimento em startups no Brasil são um caos — e a Latitud propõe uma alternativa inspirada no Vale do Silício

Contratos de investimento em startups no Brasil são um caos — e a Latitud propõe uma alternativa inspirada no Vale do Silício


Depois de ter uma ideia original e largar tudo para empreender em um Brasil pouco amigável para negócios, o fundador de startup esbarra em um obstáculo que pouco tem a ver com inovação na hora de captar investimento: contratos em linguagem esotérica, chicanas no formato de juros e pouca clareza sobre quanto o “founder” terá do seu próprio negócio lá na frente.

Quem conta é alguém que já viu isso de perto: Brian Requarth, cofundador do portal imobiliário Viva Real e um dos criadores da Latitud — rede latino-americana que fomenta startups na região e tem como cofundadores Gina Gotthilf (ex-Duolingo) e Yuri Danilchenko (ex-Escale).

— Quando eu fui levantar meu primeiro cheque, tive que pesquisar no Wikipedia! (risos) É muito “juridiquês”, você não sabe o que está assinando, na realidade — conta Requarth, um americano que estudou na Argentina, empreendeu no Brasil e está baseado hoje em São Francisco.

MISTO

Para aliviar esse problema, a Latitud está propondo uma alternativa ao status quo, o tradicional “mútuo conversível”, contrato pelo qual as startups locais costumam captar seus primeiros aportes hoje.

Ao lado de um grupo de advogados, a plataforma criou o que chamou de MISTO (sigla para Mútuo para Investimento Simplificado com Termos Otimizados). Ele é inspirados nos contratos mais correntes no Vale — os Simple Agreements for Future Equity (SAFE), criados há dez anos pela badalada aceleradora Y Combinator .

— O mútuo conversível não costuma ser claro e funciona como uma espécie de empréstimo que, lá na frente, é convertido em participação. Você tem que pagar juros e, mesmo assim, não sabe ao certo como será essa conversão. Quando quer adaptar os termos para a legislação de estruturas “offshores”, como grandes fundos exigem, o fundador tem que arcar com custos pesados. Já vi gente pagando US$ 50 mil por isso! — explica Requarth.

Cinco vezes mais barato

O MISTO ainda é feito no formato de dívida, mas não tem juros e se propõe como algo mais amigável para a conversão para estruturas internacionais, reduzindo custos advocatícios.

— A ideia é simplificar a linguagem, eliminar pontos que acabam prejudicando as startups e facilitar as adaptações. Calculo que fique cinco vezes mais barato esse processo. E, no fundo, fica melhor para todas as partes, já que o investidor também quer aumentar as chances de sucesso da startup — conta.

O documento do MISTO foi elaborado junto aos escritórios de advocacia Gunderson Dettmer, Pinheiro Neto e Bronstein Zilberberg Chueiri & Potenza Advogados (BZCP), além de ter tido apoio de Arnobio Morelix (Sirius Education), ABStartups, ACE Ventures, Emerging VC Fellows, Sebrae Startups e Veirano Advogados.

A Latitud fará um webinar em 31 de agosto para promover o MISTO.


Fonte: O GLOBO

Postar um comentário

Please Select Embedded Mode To Show The Comment System.*

Postagem Anterior Próxima Postagem