Prime Day: adesões ao programa da Amazon crescem mais rápido no Brasil do que em qualquer outro país

Prime Day: adesões ao programa da Amazon crescem mais rápido no Brasil do que em qualquer outro país

Gigante americana contrata mais 4 mil temporários para atender demanda por aqui e amplia parcerias de logística com pequenas empresas, diz executiva

Com 8 mil funcionários no Brasil, a Amazon adiciona outros 4 mil temporários no período do Prime Day, megapromoção que acontece hoje e amanhã, voltada para o serviço de assinatura da companhia. São trabalhadores que atuam por um período que varia de duas a quatro semanas, após passarem por treinamento, reforçando a operação.

O Brasil é hoje o país que avança mais rápido em adesões ao Amazon Prime, programa que garante frete grátis e rápido, além de outros benefícios especiais. O país está ainda entre os mercados emergentes para a companhia de maior crescimento, ao lado do México, num grupo em que figuram ainda Austrália e Canadá, destaca Rena Lunak, líder de Comunicação de Operações Globais e Workplace da Amazon.

São efeitos impulsionados pela alta propensão do brasileiro de usar meios digitais, mas também pelos anos de recessão, pandemia e agora inflação, que ampliaram o uso do e-commerce em meio à busca pelos melhores preços.

Em visita ao Brasil, ela conversou com O GLOBO, na última semana, sobre como a Amazon conduz a expansão de suas operações e a importância do mercado brasileiro.

— A Amazon Brasil está prosperando e é uma grande parte do negócio (como um todo). É extremamente importante garantir que consigamos entregar nossos produtos ao cliente brasileiro, mas baseados aqui. É um grande diferencial — diz a executiva. — Ter um marketplace ou qualquer outro dos serviços que oferecemos pode, de início, ter oferta vinda de outras áreas. Mas, quando se quer ganhar escala, crescer, é preciso avaliar como construir essa infraestrutura local.

Taxação do e-commerce

Diferente de sua primeira vinda ao Brasil, em 2011, preparando a chegada da Amazon ao país, o momento atual é de mostrar a companhia com a oferta de serviços consolidada, podendo ser usada como o endereço para todas as compras, "para a pasta de dente, para assistir a seu programa de TV preferido, comprar seu livro favorito", resume ela.

A Amazon, que comercializa produtos diretamente, comprando mercadorias da indústria, ou via marketplace, afirma ter a maioria dos produtos que vende produzidos no país.

O comentário não é à toa. O governo brasileiro lançou, no último dia de junho, o Remessa Conforme, programa que permite que compras no comércio eletrônico internacional no valor de até US$ 50 tenham alíquota do imposto de importação zerada a partir de agosto. A medida mira sobretudo nas plataformas asiáticas, com o objetivo de coibir fraudes e evitar a evasão de divisas.

Pela regra atual, mercadorias desse preço e enviadas por uma pessoa física no exterior a um consumidor brasileiro ficavam isentas da tributação. Acontece que essa brecha estava sendo usada para simular vendas entre pessoas físicas, evitando a taxação.

— Seguimos sempre toda a legislação local — reforça Rena.

O foco do Prime Day, é oferecer “o menor preço do ano”. Para fazer isso, a empresa amplia a infraestrutura e o portfólio de serviços, dispositivos e produtos. Na comparação com 2022, a Amazon dobrou o número de produtos regularmente disponíveis para cem milhões, distribuídos em 50 diferentes categorias.

Logística local em favelas

Outra frente importante é a operação logística. Na última semana, Rena esteve em Paraisópolis, uma das maiores favelas de São Paulo e onde a Amazon faz entregas por meio do parceiro Favela Llog, empresa de logística da Favela Holding, com apoio da Central Única das Favelas (Cufa).

A Amazon conta hoje com três operações em comunidades periféricas em São Paulo e está avaliando quando fará a extensão desse serviço ao Rio de Janeiro. Rena explica que entendeu que há empresas que não querem fazer entregas ou não sabem como atuar nessas áreas. Daí a opção por usar parceiros locais.

— A Amazon é uma empresa de tecnologia. Com o uso ferramentas de machine learning, vamos ajudando esse serviço de entrega. O algoritmo ajuda a compor um mapeamento das comunidades, criando novos “CEPs” para aquela localidade. Mostra que, numa localidade em que as ruas não têm numeração ordenada, o número 2 fica ao lado do 8. O parceiro faz o serviço, mas usa a nossa tecnologia para aprimorá-lo — destaca ela.

Nessas áreas onde o serviço está disponível, o prazo de entrega recuou de até sete para até dois dias.

Rede de pequenas empresas de entrega

Na prática, ensina a executiva americana, a Amazon aprendeu que “um tamanho único não veste todo mundo”. E que as operações têm de ser adaptadas a cada localidade. Parte do aprendizado da companhia na Índia, por exemplo, tem sido usado para avançar no Brasil.

Vem da operação indiana, por exemplo, o modelo de parceria oferecido a pequenas e médias empresas no Brasil. As vendedoras podem usar o sistema de serviço completo de logística da Amazon e vender, inclusive, para o exterior.

Há também o programa Delivery Service Partner. A companhia ajuda empreendedores a iniciarem um pequeno negócio de logística de entrega local, passando a trabalhar para a plataforma.

Em pouco mais de dois anos, a empresa — que conta hoje com uma dezena de centros de distribuição no país — já conta com 24 estações de entrega dentro das cidades. São as bases para a última ponta do serviço de entrega, de onde parte essa rede de pequenos negócios voltados para o delivery local.

A meta é buscar parceiros que ofereçam serviços demandados pela Amazon, construindo essa rede de fornecedores, como é feito via Favela Llog ou com a Azul, para levar entregas à Região Norte do país.

— Nos Estados Unidos, lançamos a Amazon Air em 2017. Na Europa, em 2020. Há seis meses, chegamos na Índia. Então é tudo ainda muito recente, vamos avaliar onde chegará depois — diz Rena.


Fonte: O GLOBO

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