Governo nomeia em órgão da Previdência economista réu por gestão temerária de recursos de fundo de pensão

Governo nomeia em órgão da Previdência economista réu por gestão temerária de recursos de fundo de pensão

Diretor de normas da Previc, que responde a um processo envolvendo dinheiro de aposentadoria de funcionários da Petrobras, nega qualquer irregularidade e diz confiar na absolvição

O governo Lula nomeou para diretor de Normas da Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc) um economista que é réu em uma ação penal na Justiça Federal sob acusação de gestão temerária de recursos da Petros, o fundo de pensão de funcionários da Petrobras. 

Alcinei Cardoso Rodrigues, hoje encarregado de propor aprimoramentos para as normas do setor previdenciário, também responde a um procedimento na própria Previc que apura suspeitas de irregularidades na Funcef, o fundo de pensão de funcionários da Caixa Econômica Federal. Ele nega envolvimento nos casos, destaca que os processos aos quais responde ainda não foram concluídos e diz confiar em sua absolvição.

A nomeação foi publicada no Diário Oficial da União em 12 de abril pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa. A Previc é vinculada ao Ministério da Previdência Social e é responsável por fiscalizar as atividades das entidades fechadas de previdência complementar.

A Previc afirmou, em nota, que Rodrigues preenche os requisitos de reputação ilibada e formação compatível com o cargo. “Registre-se que não houve o trânsito em julgado no Poder Judiciário de nenhum dos processos mencionados de forma a afastar a reputação ilibada e a presunção de inocência garantida constitucionalmente”, disse o órgão. Procurada, a Casa Civil não se manifestou.

Em janeiro de 2019, Rodrigues e outras seis pessoas foram denunciados pelos procuradores da extinta Operação Greenfield, um desdobramento da Lava-Jato em Brasília, sob a acusação de gerir de forma temerária a Petros. A acusação se baseia na aprovação dada por diretores da Petros para um aporte de R$ 85 milhões em um fundo de participações.

Segundo a denúncia, o investimento gerou “flagrante prejuízo para a Petros”. A suposta gestão fraudulenta, na visão do Ministério Público Federal (MPF), ocorreu de 2008, quando foi feito o primeiro aporte, até 2014.

O envolvimento de Rodrigues, de acordo com a acusação, se deu quando ele era assessor de Diretoria da Petros, com um voto favorável à “aprovação irregular da proposta de investimento temerário” dos recursos do fundo de pensão. Tal proposta, segundo o MPF, “não observou os devidos ditames legais” nem foi precedida de “avaliações aprofundadas de risco”.

Ao GLOBO, Rodrigues afirmou que ele não era assessor de diretoria quando a proposta de investimento foi aprovada, em 2008, mas membro de um conselho meramente consultivo. O atual diretor da Previc também disse que, à época, realizou os estudos de risco antes de se manifestar.

— Não tinha óbice, não tinha nenhum motivo para ter oposição (à proposta de investimento). Estou tranquilo quanto a isso — afirmou.

Segundo Rodrigues, o MPF denunciou todas as pessoas que, de algum modo, participaram do processo de aprovação, mas ele acredita que a Justiça deverá fazer uma “depuração” no decorrer da ação penal.

Já no âmbito interno da Previc, órgão do qual se tornou diretor, Rodrigues responde a procedimento que apura sua atuação como coordenador de Acompanhamento dos Fundos de Investimentos em Participações da Funcef. Ele trabalhou no fundo de pensão da Caixa depois de deixar a Petros, em 2011.

Impedimento

Em dezembro passado, a Previc aplicou uma multa de R$ 40.339 a Rodrigues e outros gestores da Funcef em um processo relativo a investimentos da entidade no Fundo de Investimentos em Participações (FIP) Sondas, que também causou perdas para os investidores. O caso na Previc é analisado pela Diretoria Colegiada, da qual Rodrigues passou a fazer parte.

Rodrigues disse que, também nesse caso, não cometeu nenhuma irregularidade e informou que está recorrendo da multa aplicada. Ele ainda afirmou que não participará das reuniões da Diretoria Colegiada da Previc quando seu processo estiver em pauta.

A esse respeito, a Previc afirmou que “não existe possibilidade” de Rodrigues participar “de qualquer julgamento que envolva seu interesse direto ou indireto”.


Fonte: O GLOBO

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