Caciques do PT entram em rota de colisão para tentar emplacar vice de Paes em 2024

Caciques do PT entram em rota de colisão para tentar emplacar vice de Paes em 2024

Dirigente da sigla e integrante do governo Lula batem de frente pelo posto; diretório do partido na capital chama Freixo para conversar

Enquanto articula para indicar o candidato a vice do prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), na disputa municipal de 2024, o PT inaugurou uma batalha interna entre caciques partidários em torno do melhor nome para integrar a chapa à reeleição. 

Vice-presidente nacional da legenda, o deputado federal Washington Quaquá lançou o próprio filho, Diego Zeidan, ao páreo, em reação a um movimento de correligionários para emplacar o atual secretário de Assuntos Federativos do governo Lula, o ex-deputado André Ceciliano. Em paralelo aos atritos entre Quaquá e Ceciliano, o PT fluminense convocou o ex-deputado e atual presidente da Embratur, Marcelo Freixo, a uma reunião na próxima segunda-feira para tratar do cenário eleitoral e político na capital fluminense.

Interlocutores de Paes, inclusive do próprio PT, avaliam que o prefeito prioriza a indicação de um aliado de seu círculo mais próximo como vice, buscando uma salvaguarda para renunciar à prefeitura após dois anos, caso seja reeleito, e concorrer ao governo do estado em 2026. 

O deputado federal Pedro Paulo e o presidente da Câmara de Vereadores do Rio, Carlo Caiado, ambos do PSD, são os mais cotados. No entanto, o PT pressiona Paes sob o argumento de que, a depender dos níveis de aprovação do atual prefeito e da movimentação da família Bolsonaro na eleição carioca, a presença petista na chapa pode ser necessária para aglutinar o eleitorado de Lula já no primeiro turno.
De pai para filho

Quaquá divulgou ontem um texto que frisa o interesse do PT em compor a chapa e afirma que “o melhor nome para vice de Paes é o vice-prefeito de Maricá”, cargo do qual seu filho, Diego, se licenciou para assumir a secretaria municipal de Desenvolvimento Econômico Solidário na capital fluminense, no início deste ano. O anúncio veio em reação à notícia, divulgada ontem pelo portal Metrópoles, de que Ceciliano passou a ser um nome cotado por integrantes do partido no Rio.

Quaquá, que concorrerá à prefeitura de Maricá em 2024, planeja lançar o filho como postulante à chapa de Paes em um evento no Rio, em setembro, com a presença de correligionários, movimentos sociais e lideranças comunitárias.

— Diante da movimentação que está ocorrendo, decidi apresentar o nome do Diego. Defendo que Paes tem que dar a vaga de vice para o PT, já que terá o apoio do Lula, e hoje não há consenso no partido pelo nome. André (Ceciliano) representa uma minoria do partido no Rio — declarou Quaquá ao GLOBO.

Ceciliano e Quaquá tiveram um racha no início do ano. À época, Ceciliano tentou esvaziar a candidatura de Rodrigo Bacellar (PL), aliado do governador Cláudio Castro, à presidência da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), mas foi rechaçado por Quaquá, gerando uma cisão na bancada petista na Casa.

Procurado, Ceciliano não retornou os contatos da reportagem. O presidente do diretório petista na capital, Tiago Santana, aliado próximo à deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ), afirmou que a discussão sobre composição da chapa é precoce:

— Cabe ao PT da capital fazer o debate interno que definirá este nome. Não vai ter cacique nenhum indicando ninguém. Coisa imposta de fora é algo que não vai acontecer.

Santana organizou uma reunião prevista para a próxima segunda-feira, junto com o presidente do diretório estadual do PT, João Maurício, e a bancada de vereadores da capital, para avaliar as contribuições de petistas ao programa da gestão Paes e o panorama eleitoral e político da cidade. Apoiado pelo PT na eleição ao governo no ano passado, e recém-filiado ao partido, o ex-deputado Marcelo Freixo, participará do encontro.

Segundo o presidente do PT carioca, a presença de Freixo, atual presidente da Embratur, se deve ao fato de ser uma “figura expressiva, que conhece bem a cidade”, em um momento no qual o partido busca mostrar a Paes seu peso eleitoral na capital. Freixo já sinalizou a integrantes do PT que não deseja ser candidato à prefeitura nem à Câmara de Vereadores, mas o partido evita descartá-lo como opção para uma chapa com Paes. A composição, no entanto, é considerada difícil, devido ao histórico de ambos em lados opostos em disputas eleitorais na capital e no estado.

Em 2022, Freixo concorreu ao governo em dobradinha com Ceciliano, postulante ao Senado, e também com o ex-deputado Alessandro Molon (PSB). Embora Freixo e Ceciliano tenham ficado próximos na eleição, a divisão na chapa ao Senado incomodou petistas, já que havia apenas uma cadeira em disputa.


Fonte: O GLOBO

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