Erdogan diz que lei antiterrorismo da Suécia não é suficiente para adesão do país à Otan

Erdogan diz que lei antiterrorismo da Suécia não é suficiente para adesão do país à Otan

Partido dos Trabalhadores do Curdistão é classificado como organização terrorista por Ancara, última barreira para entrada do país nórdico na aliança militar

Porto Velho, RO -
A Suécia pode não conseguir o apoio da Turquia para ingressar na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) no mês que vem, mesmo após aprovar uma nova lei antiterrorismo no país. Nesta quarta-feira, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, a última barreira para ratificar o ingresso do país na aliança militar ocidental, disse que a nova legislação não consegue reprimir militantes curdos.

— As expectativas da Suécia não significam que iremos atendê-las — disse Erdogan, que acusa o país escandinavo de ser um refúgio para separatistas do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK). — A Suécia deve, antes de tudo, erradicar o que esta organização terrorista está fazendo. Neste cenário, não podemos ter uma aproximação positiva.

A Suécia, que apresentou sua intenção de fazer parte da Otan após a invasão russa à Ucrânia, rompendo décadas de neutralidade, vem tomando uma série de medidas para tentar reverter o veto turco. Além da lei antiterrorismo, na semana passada, a Suprema Corte do país autorizou a extradição para a Turquia de um membro do PKK, atendendo a uma das principais reivindicações de Erdogan.

Mas os novos comentários do presidente turco sugerem que sua relutância continuará na próxima cúpula da aliança em Vilnius, na Lituânia, que acontece em junho.

— Existem direitos já garantidos às forças de segurança por leis, pela Constituição. Usem esses direitos — disse Erdogan. — Se não usar esses direitos, onde está a luta da Otan contra o terrorismo? A Otan deve resolver isso. Caso contrário, não daríamos nosso ok em Vilnius.

A Suécia, por sua vez, argumenta que, com a entrada da nova lei em vigor, cumpriu todas as suas obrigações e diz que tem um interesse mútuo com a Turquia em coordenar mais estreitamente os esforços contra o terrorismo e o crime organizado.

Os aliados da Otan veem a adesão da Suécia como uma conquista do controle da Otan sobre o Mar Báltico, e uma vantagem na região do Ártico — ambos pontos estratégicos para a Rússia. A aliança militar, liderada pelos EUA, se beneficiaria não apenas das aeronaves de combate, proezas navais e outros recursos militares da Suécia, mas também seria capaz de transportar facilmente tropas ou equipamentos pelo território nórdico.

Além da Turquia, a Hungria também não ratificou a adesão da Suécia, mas espera-se que o país apoie a entrada assim que Ancara sinalizar que planeja fazê-lo — a entrada de um novo Estado no grupo deve ser ratificada por todos os seus 31 membros.

Suécia e Finlândia, último país a aderir à aliança, em abril, solicitaram formalmente a adesão depois que a Rússia invadiu a Ucrânia, em fevereiro de 2022. A Ucrânia também solicitou uma entrada expressa no bloco, mas sua adesão tem ainda um caminho longo pela frente.

O presidente americano, Joe Biden, tem sido cauteloso em colocar a Otan em uma luta direta contra Moscou, e mantém uma vaga promessa de que a Ucrânia, agora indiscutivelmente a força militar mais poderosa da Europa, se unirá à aliança, mas sem um cronograma definido.

Mas países aliados vêm pressionando a Casa Branca a apoiar um caminho mais rápido e seguro para a adesão. Muitos dos aliados, especialmente países que fazem fronteira com a Rússia, querem dar à Ucrânia um compromisso político de adesão antes da cúpula da Otan em Vilnius.

Nesta quarta, Krisjanis Karins, o primeiro-ministro da Letônia — nascido nos Estados Unidos —, argumentou que “a única chance de paz na Europa é quando a Ucrânia estiver na Otan”. (Com New York Times)


Fonte: O GLOBO

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